Adesão à higienização das mãos na prevenção de infecções hospitalares: uma revisão sistemática

V Mouajou ; K Adams ; G DeLisle ; C Quach
Título original:
Hand hygiene compliance in the prevention of hospital-acquired infections: a systematic review
Resumo:

Resumo
Contexto: As mãos dos profissionais da saúde são uma importante fonte de transmissão de infecções adquiridas em hospitais (IAHs). Por isso, espera-se que a prática da higienização das mãos (HM) e a adesão às diretrizes de HM reduzam o risco de transmissão. Entretanto, não há consenso sobre a taxa ideal de adesão à higienização das mãos pelos profissionais da saúde.
Objetivo: Fazer uma revisão sistemática da literatura publicada para determinar um limiar ideal para a taxa de adesão à HM por profissionais da saúde associada à menor taxa de incidência de IAHs.
Métodos: Esta revisão sistemática foi realizada de acordo com as diretrizes PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Review e Meta-Analysis). Fizemos pesquisas em bases de dados usando critérios abrangentes, em busca de estudos controlados randomizados e não randomizados que investigassem o impacto da taxa de adesão à HM nas taxas de incidência de IAHs em pacientes de todas as idades em instalações de saúde de países de alta renda.
Resultados: Dos 8.093 títulos de artigos e resumos identificados, 35 artigos foram incluídos na revisão. A maioria dos estudos relatou taxas gerais de IAHs por 1.000 pacientes-dias e de IAHs associadas a dispositivos por 1.000 dispositivos-dias. A maioria dos estudos relatou taxas de adesão à HM entre 60 e 70%. As taxas mais baixas de incidência de IAHs pareceram ser alcançadas com taxas de adesão de aproximadamente 60%. Os estudos incluídos nesta revisão não foram originalmente desenhados para avaliar o impacto da adesão à HM nas taxas de incidência de IAHs; no entanto, avaliamos o risco de vieses de acordo com critérios predeterminados de exposição e desfecho. Ao todo, considerou-se que 11 (31%) estudos apresentavam um baixo risco de vieses.
Conclusões: Embora adesão à HM faça parte do código de conduta dos profissionais da saúde, é difícil alcançar taxas de adesão muito elevadas. Em estudos observacionais, a adesão à HM e a ocorrência de IAHs apresentaram uma relação negativa até que fosse alcançada uma taxa de adesão de aproximadamente 60%. Devido a falhas nos desenhos de estudo, não foi possível inferir um nexo causal; só é possível discutir tendências gerais. Dadas estas limitações, é necessário obter evidências de alta qualidade para apoiar a implementação de metas específicas para as taxas de adesão à HM.
 

Resumo Original:

Abstract
Background: The hands of healthcare workers (HCWs) are known to be a primary source of transmission of hospital-acquired infections (HAIs). Thus, both practising hand hygiene (HH) and adhering to HH guidelines are expected to decrease the risk of transmission. However, there is no consensus on the optimal hand hygiene compliance (HHC) rate for HCWs.
Aim: To systematically review the published literature to determine an optimal threshold for the HCW HHC rate associated with the lowest HAI incidence rate.
Methods: This systematic review was performed in accordance with the Preferred Reporting Items for Systematic Review and Meta-Analysis guidelines. Online databases were searched using comprehensive search criteria for randomized controlled trials and non-randomized controlled studies, investigating the impact of the HCW HHC rate on HAI incidence rates in patients of all ages within healthcare facilities in high-income countries.
Findings: Of the 8093 article titles and abstracts screened, 35 articles were included in the review. Most studies reported overall HAIs per 1000 patient-days and device-associated HAIs per 1000 device-days. Most studies reported HHC rates between 60% and 70%. Lower HAI incidence rates seemed to be achieved with HHC rates of approximately 60%. The studies included in this review were not originally designed to assess the impact of HHC on HAI incidence rates, but risk of bias was assessed in accordance with the predetermined exposure and outcome criteria. Eleven (31%) studies were deemed to have low risk of bias.
Conclusions: Although HHC is part of the HCW code of conduct, very high HHC rates are difficult to reach. In observational studies, HHC and HAIs had a negative relationship up to approximately 60% HHC. Due to flaws in the study design, causality could not be inferred; only general trends could be discussed. Given the limitations, there is a need for high-quality evidence to support the implementation of specified targets for HHC rates.

Fonte:
The Journal of Hospital Infection ; 33-48.; 2022. DOI: 10.1016/j.jhin.2021.09.016..