Fatores que influenciam a implementação dos comunicados de risco de medicamentos por profissionais da saúde na prática clínica: uma revisão sistemática

Amal Bandar Alharbi ; Ilhem Berrou ; Nkiruka Umaru ; Abdullah Al Hamid ; Nada Atef Shebl
Título original:
Factors influencing the implementation of medicine risk communications by healthcare professionals in clinical practice: A systematic review
Resumo:

CONTEXTO: Os comunicados de riscos de medicamentos regulamentados visam prevenir danos aos pacientes pela difusão de informações de segurança aos profissionais da saúde, aos pacientes e ao público. As evidências sugerem que, além de implementar as mudanças necessárias, os profissionais da saúde também respondem a essas comunicações por meio de ações e comportamentos não intencionais e injustificados, tais como interromper desnecessariamente um curso terapêutico, bem como ações implementadas de forma generalizada que acabam afetando populações de pacientes não visados pelas intervenções. A má compreensão e a implementação desses comunicados de risco podem comprometer a segurança do paciente e os resultados clínicos. Por isso, é importante compreender os determinantes que afetam as respostas dos profissionais da saúde aos comunicados de risco de medicamentos. Esta revisão sistemática visa identificar os fatores que afetam a implementação dos comunicados de risco pelos profissionais da saúde. MÉTODOS: Fizemos pesquisas em 15 bases de dados, incluindo EMBASE, PubMed, Scopus, Web of Science e CINAHL PLUS, em abril e maio de 2018, com uma atualização da pesquisa em junho de 2021, para identificar estudos que relatassem os fatores que influenciam a aceitação dos alertas de risco de medicamentos pelos profissionais da saúde. Usamos palavras-chave como comunicação de risco, atualização de segurança e regulamentação da segurança. Os estudos foram excluídos se não envolvessem alertas de farmacovigilância ou de segurança do paciente, se enfocassem apenas a medição das práticas dos profissionais após os alertas ou se avaliassem a efetividade das medidas de minimização de riscos sem descrever os fatores que afetam as ações dos profissionais. Estudos relacionados a riscos ocupacionais, relatos de casos, estudos de intervenção e estudos que não envolvessem profissionais da saúde também foram excluídos. Usamos a ferramenta MMAT (Mixed Method Appraisal Tool) para avaliar a qualidade dos estudos incluídos. Realizamos uma síntese narrativa baseada na análise temática e no mapeamento de conceitos, seguida por uma reflexão crítica sobre a síntese. RESULTADOS: Ao todo, 28 estudos preencheram os critérios e foram incluídos na síntese. Identificamos quatro temas que resumem os fatores que influenciam a implementação dos comunicados de riscos pelos profissionais. São eles: conhecimento dos alertas de medicamentos, percepções sobre os alertas, atitudes e preocupações com relação aos alertas e o impacto autorrelatado dos alertas. Nosso exercício de mapeamento de conceitos identificou as principais interações entre os diferentes atores envolvidos, e essas interações determinam a implementação dos comunicados de risco de medicamentos pelos profissionais da saúde. Esses atores envolvem os responsáveis pelo desenvolvimento dos alertas, incluindo os responsáveis pela criação e difusão das informações de segurança, e os receptores dessas informações, incluindo instituições de saúde, profissionais, pacientes e seus cuidadores. CONCLUSÕES: Os profissionais da saúde são cruciais para traduzir as mensagens de comunicados de riscos na prática clínica. Entretanto, se tiverem informações inadequadas sobre o conteúdo dos alertas, bem como percepções imprecisas sobre os alertas, poderão não implementar as mudanças clínicas necessárias da forma pretendida. A comunicação dos alertas de risco de medicamentos nem sempre se traduz em uma melhor atenção ao paciente, devido a uma complexa interação entre os atores envolvidos na criação e implementação dos alertas. Essas interações complexas devem ser o tema de iniciativas de pesquisa futuras voltadas a compreender a trajetória da implementação de alertas e identificar os mediadores para a mudança, bem como intervenções para melhorar a implementação.

Resumo Original:

BACKGROUND: Regulatory medicines risk communications aim to prevent patient harm through the dissemination of safety information to healthcare professionals (HCPs), patients, and the public. Evidence suggests that in addition to implementing the required changes, HCPs also respond to these communications through unintended and unwarranted actions and behaviours such as stopping medicine courses unnecessarily, and blanket actions spilling over to unintended patients' populations. Misunderstanding and mis-implementation of medicines risk communications could jeopardise patients' safety and clinical outcomes. Therefore, it is important to understand the determinants that affect HCPs responses to medicines risk communications. This systematic review aims to identify the factors that affect the implementation of risk communications by healthcare professionals. METHODS: Fifteen databases, including EMBASE, PubMed, Scopus, Web of science, CINAHL PLUS were searched in April-May 2018, and the search was updated again in June 2021 to identify studies reporting on factors influencing HCPs' uptake of medicine risk alerts. We used keywords such as risk communication, safety update, and safety regulation. Studies were excluded if they did not involve pharmacovigilance or patient safety alerts; or if they only focused on measuring HCPs' practice after alerts; or evaluating the effectiveness of risk minimisation measures without reporting on factors affecting HCPs' actions. Studies relating to occupational hazards, case reports, interventional studies, and studies not involving HCPs were also excluded. The Mixed Method Appraisal Tool (MMAT) was used to assess the quality of the included studies. A Narrative synthesis approach was undertaken using thematic analysis and concept mapping, followed by a critical reflection of the synthesis. RESULTS: Twenty-eight studies met our criteria and were included in the synthesis. We identified four themes summarising the factors influencing HCPs' implementation of risk communications. These include HCPs: knowledge of medicine alerts; perceptions of alerts; attitudes, and concerns regarding medicine alerts; and the self-reported impact of these alerts. Our concept mapping exercise identified key interactions between different stakeholders, and these interactions determine HCPs' implementation of medicine risk communications. These stakeholders comprise of alert developers, including the sources and senders of safety information, and the receivers of safety information including health care institutions, HCPs, patients and their carers. CONCLUSIONS: Healthcare professionals are crucial to translating risk communication messages into clinical practice. However, if they have inadequate information about the content of the alert, and have inaccurate perceptions about the alert, they may not implement the required clinical changes as intended. Communication of medicine risk alerts does not always translate into improved patient care, due to a complex interaction between stakeholders involved in the creation and implementation of these alerts. These complex interactions should be the subject of future research efforts to understand the alert-implementation trajectory and identify the mediators for change and interventions to improve implementation.

Fonte:
Research in Social and Administrative Pharmacy ; 19(1): 28-56; 2023. DOI: 10.1016/j.sapharm.2022.07.003..