Higienização das mãos em hospitais: anatomia de uma revolução

Vermeil, T ; Peters, A ; Kilpatrick, C ; Pires, D ; Allegranzi, B ; Pittet, D
Título original:
Hand hygiene in hospitals: anatomy of a revolution
Resumo:

As infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS) afetam centenas de milhões de pessoas em todo o mundo. A higienização das mãos é amplamente aceita como uma estratégia-chave para a prevenção e controle de infecções (PCI), uma vez que as mãos contaminadas dos profissionais da saúde são o veículo envolvido com mais frequência na transmissão cruzada de agentes patogênicos no cuidado de saúde. Nos últimos 20 anos ocorreu uma mudança de paradigma em relação à higienização das mãos: a lavagem das mãos com água e sabão foi substituída pelo uso de soluções à base de álcool. Para contextualizar esta revolução e compreender como essa mudança pôde ser implementada em tantas culturas e regiões geográficas diferentes, convém compreender como se desenvolveu a ideia da higiene em geral e, particularmente, a higienização das mãos. Este artigo visa examinar como as ideias sobre higiene e higienização das mãos evoluíram da antiguidade aos tempos modernos, passando de um conjunto de ideias difuso, embora localizado, para um fenômeno global. Fazemos uma revisão dos marcos históricos, desde a primeira receita documentada de sabão pela civilização babilônica até a descoberta do cloro, e das importantes contribuições de pioneiros como Antoine Germain Labarraque, Alexander Gordon, Oliver Wendell Holmes, Ignaz Philip Semmelweis, Louis Pasteur e Joseph Lister. Recordamos que a lavagem das mãos com água e sabão apareceu nas diretrizes para a prevenção de IRAS na década de 1980, descrevemos por que as soluções à base de álcool substituíram o uso de água e sabão como o principal método dentro de uma estratégia de melhoria multimodal e analisamos como a Organização Mundial da Saúde e outros grupos de interesse, governos e profissionais dedicados à PCI promovem a higienização das mãos em todo o mundo.
PALAVRAS-CHAVE:
solução à base de álcool; cloro; higienização das mãos; produto para higienização das mãos; lavagem das mãos; infecção relacionada à assistência à saúde; história; higiene; prevenção e controle de infecções; promoção multimodal; Pasteur; segurança do paciente; Semmelweis; sabão; estratégia; Organização Mundial da Saúde

Resumo Original:

Healthcare-associated infections (HAIs) affect hundreds of millions of individuals worldwide. Performing hand hygiene is widely accepted as a key strategy of infection prevention and control (IPC) to prevent HAIs, as healthcare workers' contaminated hands are the vehicle most often implicated in the cross-transmission of pathogens in health care. Over the last 20 years, a paradigm shift has occurred in hand hygiene: the change from handwashing with soap and water to using alcohol-based hand rubs. In order to put this revolution into context and understand how such a change was able to be implemented across so many different cultures and geographic regions, it is useful to understand how the idea of hygiene in general, and hand hygiene specifically, developed. This paper aims to examine how ideas about hygiene and hand hygiene evolved from ancient to modern times, from a ubiquitous but local set of ideas to a global phenomenon. It reviews historical landmarks from the first known documented recipe for soap by the Babylon civilization to the discovery of chlorine, and significant contributions by pioneers such as Antoine Germain Labarraque, Alexander Gordon, Oliver Wendell Holmes, Ignaz Philip Semmelweis, Louis Pasteur and Joseph Lister. It recalls that handwashing with soap and water appeared in guidelines to prevent HAIs in the 1980s; describes why alcohol-based hand rub replaced this as the central tool for action within a multi-modal improvement strategy; and looks at how the World Health Organization and other committed stakeholders, governments and dedicated IPC staff are championing hand hygiene globally.
KEYWORDS:
Alcohol-based hand rub; Chlorine; Hand hygiene; Hand sanitizer; Handwashing; Healthcare-associated infection; History; Hygiene; Infection prevention and control; Multi-modal promotion; Pasteur; Patient safety; Semmelweis; Soap; Strategy; World Health Organization

Fonte:
The Journal of Hospital Infection ; 101(4): 383-392; 2020. DOI: 10.1016/j.jhin.2018.09.003.