O etanol é indispensável para a antissepsia virucida das mãos: memorando da Força-Tarefa do uso de gel à base de álcool para mãos (ABHR), Centro Colaborador da OMS sobre Segurança do Paciente e Comissão para Higiene Hospitalar e Prevenção de Infecções (KR

Axel Kramer ; Mardjan Arvand ; Bärbel Christiansen ; Stephanie Dancer ; Maren Eggers ; Martin Exner ; Dieter Müller
Título original:
Ethanol is indispensable for virucidal hand antisepsis: memorandum from the alcohol-based hand rub (ABHR) Task Force, WHO Collaborating Centre on Patient Safety, and the Commission for Hospital Hygiene and Infection Prevention (KRINKO), Robert Koch Instit
Resumo:

Resumo
Contexto: A aprovação do etanol pelo Regulamento de Produtos Biocidas está sendo avaliada desde 2007. Isso se deve à preocupação com a absorção de álcool proveniente de gel à base de etanol para assepsia das mãos (EBHR). Se o etanol for classificado como cancerígeno, mutagênico ou reprotóxico pela Agência Europeia de Produtos Químicos (ECHA), isso afetará as práticas de prevenção e controle de infecções.
Objetivo: Foi realizada uma revisão para provar que o etanol é toxicologicamente acrítico e indispensável para a antissepsia das mãos devido à sua atividade única contra vírus não envelopados e, por isso,  faltam alternativas. Assim, os seguintes pontos principais são analisados: a eficácia do etanol na higienização das mãos, a evidência de níveis de etanol no sangue/tecidos decorrente da higienização das mãos nos cuidados de saúde, a evidência de toxicidade de diferentes níveis sanguíneos/teciduais de etanol, a incomparabilidade com o consumo alcoólico e a exposição industrial.
Resultados: O EBHR é essencial para a prevenção de infecções causadas por vírus não envelopados, especialmente em cuidados de saúde, lares de idosos, indústria alimentícia e outras áreas. Os propanóis são eficazes contra vírus envelopados em contraposição a vírus não envelopados, mas não há outras alternativas para a antissepsia virucida das mãos. A ingestão prolongada de etanol na forma de bebidas alcoólicas pode causar tumores. No entanto, a exposição ao etanol ao longo da vida a partir de exposição ocupacional < 500 ppm não contribui significativamente para o risco de câncer. Efeitos mutagênicos foram observados apenas em doses dentro da faixa tóxica em estudos com animais. Embora a toxicidade reprodutiva esteja ligada ao abuso de bebidas alcoólicas, não há evidências epidemiológicas para isso decorrentes do uso de EBHR em instituições de saúde ou de produtos que contenham etanol em ambientes não relacionados à saúde.
Conclusão: O conjunto de evidências mostra que os EBHRs têm forte eficácia na eliminação de vírus não envelopados, enquanto o 1-propanol e o 2-propanol não eliminam vírus não envelopados, o que representa um risco significativo de infecção. O etanol absorvido através da pele durante a higiene das mãos é semelhante ao do consumo de bebidas com teor oculto de etanol (< 0,5% v/v), como suco de maçã ou kefir. Não há risco de carcinogenicidade, mutagenicidade ou toxicidade reprodutiva resultante do uso repetido de EBHR. Portanto, a Força-Tarefa da OMS recomenda fortemente a manutenção do etanol como um constituinte essencial nos produtos à base de álcool para higiene das mãos nos cuidados de saúde.

Resumo Original:

Abstract
Background: The approval of ethanol by the Biocidal Products Regulation has been under evaluation since 2007. This follows concern over alcohol uptake from ethanol-based hand rubs (EBHR). If ethanol is classified as carcinogenic, mutagenic, or reprotoxic by the European Chemicals Agency (ECHA), then this would affect infection prevention and control practices.
Aim: A review was performed to prove that ethanol is toxicological uncritical and indispensable for hand antisepsis because of its unique activity against non-enveloped viruses and thus the resulting lack of alternatives. Therefore, the following main points are analyzed: The effectiveness of ethanol in hand hygiene, the evidence of ethanol at blood/tissue levels through hand hygiene in healthcare, and the evidence of toxicity of different blood/tissue ethanol levels and the non-comparability with alcoholic consumption and industrial exposure.
Results: EBHR are essential for preventing infections caused by non-enveloped viruses, especially in healthcare, nursing homes, food industry and other areas. Propanols are effective against enveloped viruses as opposed to non-enveloped viruses but there are no other alternatives for virucidal hand antisepsis. Long-term ingestion of ethanol in the form of alcoholic beverages can cause tumours. However, lifetime exposure to ethanol from occupational exposure < 500 ppm does not significantly contribute to the cancer risk. Mutagenic effects were observed only at doses within the toxic range in animal studies. While reprotoxicity is linked with abuse of alcoholic beverages, there is no epidemiological evidence for this from EBHR use in healthcare facilities or from products containing ethanol in non-healthcare settings.
Conclusion: The body of evidence shows EBHRs have strong efficacy in killing non-enveloped viruses, whereas 1-propanol and 2-propanol do not kill non-enveloped viruses, that pose significant risk of infection. Ethanol absorbed through the skin during hand hygiene is similar to consumption of beverages with hidden ethanol content (< 0.5% v/v), such as apple juice or kefir. There is no risk of carcinogenicity, mutagenicity or reprotoxicity from repeated use of EBHR. Hence, the WHO Task Force strongly recommend retaining ethanol as an essential constituent in hand rubs for healthcare.
 

Fonte:
Antimicrobial resistance and infection control ; 93(11): https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/35794648/; 2023. DOI: 10.1186/s13756-022-01134-7.