O impacto da COVID-19 sobre as infecções relacionadas à assistência à saúde

Meghan A Baker ; Kenneth E Sands ; Susan S Huang ; Ken Kleinman ; Edward J Septimus ; Neha Varma ; Jackie Blanchard
Título original:
The Impact of Coronavirus Disease 2019 (COVID-19) on Healthcare-Associated Infections
Resumo:

Resumo
Contexto: As profundas mudanças causadas pela pandemia de COVID-19 nas operações hospitalares de rotina podem ter influenciado o desempenho em indicadores hospitalares, incluindo as infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS). Procuramos avaliar a associação entre surtos de COVID-19 e as taxas de IRAS e agrupamentos (clusters) de infecções em hospitais.
Métodos: O estudo foi realizado em 148 hospitais afiliados à HCA Healthcare, de 1 de março a 30 de setembro de 2020, e em um subconjunto de hospitais com dados microbiológicos e sobre agrupamentos de infecções até 31 de dezembro de 2020. Avaliamos a associação entre surtos de COVID-19 e IRAS, patógenos hospitalares e taxas de agrupamentos de infecções usando modelos binomiais negativos mistos. Para ter em conta as variações locais no momento de ocorrência dos surtos de COVID-19, consideramos o número de altas com um diagnóstico de COVID-19 confirmado em laboratório por leito e por mês.
Resultados: As infecções da corrente sanguínea associadas a cateteres venosos centrais (IPCS), infecções do trato urinário associadas a cateteres (ITUACs) e casos de bacteremia por Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA) aumentaram com o crescimento da carga de COVID-19. Houve 60% (IC 95%, 23-108%) mais IPCS, 43% (IC 95%, 8-90%) mais ITUACs e 44% (IC 95%, 10-88%) mais casos de bacteremia por MRSA do que o esperado ao longo de 7 meses, com base nas IRAS previstas se não houvesse casos de COVID-19. A infecção por Clostridioides difficile não esteve associada significativamente à carga de COVID-19. Dados microbiológicos de 81 dos hospitais corroboraram as constatações. É importante notar que as taxas de infecções hospitalares da corrente sanguínea e por organismos multirresistentes, incluindo MRSA, enterococos resistentes à vancomicina e organismos Gram-negativos, estiveram significativamente associadas a surtos de COVID-19. Por fim, os agrupamentos de infecções hospitalares aumentaram com o aumento da carga de COVID-19.
Conclusões: A COVID-19 tem um impacto negativo nas taxas de IRAS e nos agrupamentos de infecções dentro dos hospitais, enfatizando a necessidade de equilibrar as demandas relacionadas à COVID com a prevenção de infecções hospitalares de rotina.
 

Resumo Original:

Abstract
Background: The profound changes wrought by coronavirus disease 2019 (COVID-19) on routine hospital operations may have influenced performance on hospital measures, including healthcare-associated infections (HAIs). We aimed to evaluate the association between COVID-19 surges and HAI and cluster rates.
Methods: In 148 HCA Healthcare-affiliated hospitals, from 1 March 2020 to 30 September 2020, and a subset of hospitals with microbiology and cluster data through 31 December 2020, we evaluated the association between COVID-19 surges and HAIs, hospital-onset pathogens, and cluster rates using negative binomial mixed models. To account for local variation in COVID-19 pandemic surge timing, we included the number of discharges with a laboratory-confirmed COVID-19 diagnosis per staffed bed per month.
Results: Central line-associated blood stream infections (CLABSI), catheter-associated urinary tract infections (CAUTI), and methicillin-resistant Staphylococcus aureus (MRSA) bacteremia increased as COVID-19 burden increased. There were 60% (95% confidence interval [CI]: 23-108%) more CLABSI, 43% (95% CI: 8-90%) more CAUTI, and 44% (95% CI: 10-88%) more cases of MRSA bacteremia than expected over 7 months based on predicted HAIs had there not been COVID-19 cases. Clostridioides difficile infection was not significantly associated with COVID-19 burden. Microbiology data from 81 of the hospitals corroborated the findings. Notably, rates of hospital-onset bloodstream infections and multidrug resistant organisms, including MRSA, vancomycin-resistant enterococcus, and Gram-negative organisms, were each significantly associated with COVID-19 surges. Finally, clusters of hospital-onset pathogens increased as the COVID-19 burden increased.
 

Fonte:
Epidemiol do Hospital de Controle de Infecções ; 43(6): 790-793; 2022. DOI: 10.1017/ice.2021.108.