Adaptação transcultural e validação do Hospital Survey on Patient Safety Culture 2.0 – versão brasileira

Claudia Tartaglia Reis ; Josué Laguardia ; Paola Bruno de Araújo Andreoli ; Cassimiro Nogueira Júnior ; Mônica Martins
Título original:
Cross-cultural adaptation and validation of the Hospital Survey on Patient Safety Culture 2.0 – Brazilian version
Resumo:

Contexto
A cultura de segurança do paciente refere-se aos valores, crenças e padrões compartilhados pelos profissionais de saúde e outros profissionais de uma organização que influenciam suas ações e condutas na prestação de cuidados. Vários países priorizaram o fortalecimento da cultura de segurança do paciente para melhorar a qualidade e a segurança dos cuidados de saúde. Nesse sentido, mensurar a cultura de segurança do paciente por meio de instrumentos validados é uma estratégia aplicada em todo o mundo. O objetivo deste estudo foi adaptar transculturalmente e validar a HSOPSC 2.0 para o português brasileiro e o contexto hospitalar no Brasil.
Métodos
Das diversas escalas validadas para mensuração da cultura de segurança, o instrumento mais utilizado internacionalmente é o Hospital Survey on Patient Safety Culture (HSOPSC) desenvolvido pela Agency for Healthcare Research and Quality dos Estados Unidos em 2004 e revisado em 2019, quando foi lançada a versão 2.0. A adaptação foi realizada sob uma abordagem universalista, e o instrumento adaptado foi então aplicado a uma amostra de 2.702 respondentes (56% de taxa de resposta) composta por profissionais de um hospital geral de grande porte na cidade de São Paulo. A validade de construto foi investigada por Modelagem de Equação Estrutural Exploratória em Análise Fatorial Confirmatória (MEEE em AFC), e a confiabilidade foi medida em cada dimensão por meio dos coeficientes alfa de Cronbach.
Resultados
Os índices de ajuste da MEEE apresentaram bom ajuste de dados com o modelo proposto: χ2 = 634,425 df = 221 χ2/df ratio = 2,9 p-valor < 0,0000; RMSEA = 0,045 (90% C.I. = 0,041-0,050) e probabilidade RMSEA < = 0,05 = 0,963; CFI = 0,986; TLI = 0,968. No entanto, dez itens apresentaram cargas inferiores a 0,4. Os valores de alfa de Cronbach foram de 0,6 ou mais para todas as dimensões, exceto Passagens de casos e troca de informações (α = 0,50) e Contingentes de pessoal e ritmo de trabalho (α = 0,41).
Conclusão
As propriedades psicométricas da versão brasileira mostraram-se satisfatórias, demonstrando boa consistência interna e validade de construto expressas por estimativas de confiabilidade e índices de ajuste ao modelo. No entanto, dadas as cargas fatoriais menores que 0,4 observadas em dez itens e considerando que a escala traduzida e adaptada para o português foi testada em uma única amostra durante a pandemia de Covid-19, os autores reconhecem a necessidade de testá-la em outras amostras no Brasil para investigar sua validade.

Resumo Original:

Abstract
Background
Patient safety culture concerns the values, beliefs and standards shared by an organisation’s health staff and other personnel which influence their care provision actions and conduct. Several countries have made a priority of strengthening patient safety culture to improve the quality and safety of health care. In this direction, measuring the patient safety culture through validated instruments is a strategy applied worldwide. The purpose of this study was to adapt transculturally and validate the HSOPSC 2.0 to Brazilian Portuguese and the hospital context in Brazil.
Methods
Of the various validated scales for measuring safety culture, the instrument most used internationally is the Hospital Survey on Patient Safety Culture (HSOPSC) developed by the United States Agency for Healthcare Research and Quality in 2004 and revised in 2019, when version 2.0 was released. Adaptation was conducted on a universalist approach and the adapted instrument was then applied to a sample of 2,702 respondents (56% response rate) comprising staff of a large general hospital in the city of São Paulo. Construct validity was investigated by Exploratory Structural Equation Modelling-within-Confirmatory Factor Analysis (ESEM-within-CFA) and reliability was measured in each dimension by means of Cronbach alpha coefficients.
Results
ESEM fit indexes showed good data fit with the proposed model: χ2 = 634.425 df = 221 χ2/df ratio = 2.9 p-value < 0.0000; RMSEA = 0.045 (90% C.I. = 0.041—0.050) and probability RMSEA <  = .05 = 0.963; CFI = 0.986; TLI = 0.968. However, ten items had loads lower than 0.4. Cronbach alpha values were 0.6 or more for all dimensions, except Handoffs and information exchange (α�= 0.50) and Staffing and work pace (α� = 0.41).
Conclusion
The psychometric properties of the Brazilian version were found to be satisfactory, demonstrating good internal consistency and construct validity as expressed by estimates of reliability and indexes of model fit. However, given factor loadings smaller than 0.4 observed in ten items and considering that the scale translated and adapted to Portuguese was tested on a single sample during the Covid-19 pandemic, the authors recognize the need for it to be tested on other samples in Brazil to investigate its validity.
 

Fonte:
BMC Health Services Research ; 23(1): 32; 2023. DOI: 10.1186/s12913-022-08890-7.