Eventos adversos em um hospital da Tunísia: resultados de um estudo de coorte retrospectivo
Contexto: Apesar da crescente atenção mundial dedicada à segurança do paciente, a Tunísia não possui dados sobre a magnitude e as consequências dos eventos adversos (EAs) hospitalares.
Objetivo: Calcular a incidência, a natureza e as consequências de EAs e EAs evitáveis em um hospital universitário da Tunísia.
Desenho e ambiente: Optamos por fazer uma revisão retrospectiva, dividida em duas etapas, dos prontuários de 620 pacientes internados durante o ano de 2005, utilizando 18 critérios de rastreamento. Os prontuários foram revisados por um estudante de medicina treinado e, depois, por um médico experiente quando um ou mais critérios foram identificados.
Medidas: Determinamos a incidência, a evitabilidade e as consequências dos EAs. Também registramos as características dos pacientes e das internações.
Resultados: Dos 620 pacientes internados, 62 sofreram um EA, com uma incidência de 10% (IC 95%, 7,6-12,3). Os EAs estiveram relacionados predominantemente a procedimentos cirúrgicos/invasivos e a erros terapêuticos (55% e 21%, respectivamente). Dentre os eventos confirmados, 60% foram considerados altamente evitáveis e 21% levaram à morte do paciente. Foram observadas taxas iguais de EAs entre todas as idades e entre os dois gêneros. No entanto, os pacientes que sofreram eventos estiveram significativamente mais expostos a fatores de risco extrínsecos (todas as intervenções cirúrgicas e os procedimentos invasivos que estavam listados no formulário 2 do questionário). Os médicos que revisaram os prontuários calcularam que um total de 570 dias adicionais de internação esteve associado aos EAs.
Conclusão: Este estudo confirma que os EAs evitáveis não são raros em nosso contexto, causando danos aos indivíduos e consumindo uma parcela significativa dos recursos hospitalares, o que gera a necessidade de intervenções focadas na redução destes eventos.
Background: Despite the worldwide growing attention to patient safety, Tunisia has no data on the magnitude and consequences of hospital adverse events (AEs).
Objective: To estimate the incidence, nature and consequences of AEs and preventable AEs in a university hospital in Tunisia.
Design and Setting: We opted for a two-stage retrospective medical record review of 620 inpatients admitted during 2005 based on the use of 18 screening criteria. Records were reviewed by a trained medical student, then by an expert physician when one or more criteria were identified.
Main outcomes measures: We determine the incidence, preventability and consequences of the AEs. Patients and admissions characteristics were also recorded.
Results: Among 620 inpatients, 62 inpatients experienced an AE with an incidence of 10% (95% CI [7.6-12.3]). Surgical/invasive procedures and therapeutic errors were the most common AEs (55 and 21%, respectively). Among the confirmed events 60% were judged to be highly preventable and 21% led to patient death. All ages and both genders experienced equal rates of AEs. However, patients who experienced these events were significantly more exposed to extrinsic risk factors (all surgical interventions and invasive procedures that were listed in the revue form 2 of the questionnaire). Physician reviewers estimated that a total of 570 additional hospital days were associated with AEs.
Conclusion: This study confirms that preventable AEs were not rare in our context. They caused human harm and consumed a significant part of hospital resources. Thus, targeted interventions are needed.