Lesões evitáveis intra-hospitalares sob o sistema de indenizações "sem culpa" ("no fault") na Nova Zelândia
Objetivos: Descrever o padrão de lesões evitáveis ocorridas em hospitais sob o sistema de indenizações "sem culpa" ("no fault") e avaliar o nível de danos graves evitáveis causados aos pacientes.
Desenho: Estudo transversal baseado na avaliação retrospectiva de prontuários em dois estágios e conduzido através de revisão implícita estruturada.
Ambiente: Hospitais gerais com mais de 100 leitos dedicados ao cuidado de pacientes agudos na Nova Zelândia.
Participantes: Uma amostra de 6.579 pacientes internados, em 1998, em 13 hospitais selecionados por amostragem por lista sistemática estratificada.
Principais medidas de desfecho: Ocorrência, evitabilidade e impacto dos eventos adversos.
Resultados: Mais de 5% das internações estiveram associadas a eventos evitáveis intra-hospitalares, dos quais quase a metade apresentou um elemento de falha de sistema. Idosos, grupos de minorias étnicas e determinadas áreas clínicas apresentaram maior risco. As chances de um paciente sofrer um evento adverso evitável grave após a internação hospitalar estiveram um pouco abaixo de 1%, número próximo dos resultados publicados em estudos comparáveis. Em média, esses eventos provocaram 4 semanas adicionais de internação. Destacaram-se os problemas de sistema ligados ao uso e desenvolvimento de protocolos, comunicação e organização, além de requisitos para consulta e educação.
Conclusões: O risco de lesões médicas intra-hospitalares graves e evitáveis na Nova Zelândia, uma região na qual o sistema de indenizações "sem culpa" está bem estabelecido, encontra-se dentro do intervalo de variação observado em estudos comparáveis.
Objectives: To describe the pattern of preventable in-hospital medical injury under the "no fault" system and to assess the level of serious preventable patient harm.
Design: Cross sectional survey using a two stage retrospective assessment of medical records conducted by structured implicit review.
Setting: General hospitals with over 100 beds providing acute care in New Zealand.
Participants: A sample of 6579 patients admitted in 1998 to 13 hospitals selected by stratified systematic list sample.
Main outcome measures: Occurrence, preventability, and impact of adverse events.
Results: Over 5% of admissions were associated with a preventable in-hospital event, of which nearly half had an element of systems failure. The elderly, ethnic minority groups, and particular clinical areas were at higher risk. The chances of a patient experiencing a serious preventable adverse event subsequent to hospital admission were just under 1%, a figure close to published results from comparable studies under tort. On average, these events required an additional 4 weeks in hospital. System related issues of protocol use and development, communication, and organisation, as well as requirements for consultation and education, were pre-eminent.
Conclusions: The risk of serious preventable in-hospital medical injury for patients in New Zealand, a well established "no fault" jurisdiction, is within the range reported in comparable investigations under tort.