Revisão de prontuários para a avaliação da ocorrência de eventos adversos em clientes da atenção domiciliar em três províncias do Canadá

BLAIS, R. ; SEARS, N. A. ; DORAN, D. ; BAKER, G. R. ; MACDONALD, M. ; MITCHELL, L. ; THALÈS, S.
Título original:
Assessing adverse events among home care clients in three Canadian provinces using chart review
Resumo:

Objetivos: Os objetivos deste estudo foram documentar a taxa de incidência e os tipos de eventos adversos (EAs) em clientes da atenção domiciliar (AD) no Canadá, identificar os fatores que contribuíram para esses EAs e determinar em que medida o preenchimento de formulários de notificação de incidentes foi documentado nos prontuários que continham EAs.

Métodos: Realizamos um estudo de coorte retrospectivo baseado na revisão de prontuários por especialistas. Utilizamos uma amostra aleatória de 1200 prontuários de pacientes que receberam alta no ano fiscal de 2009-2010 de programas públicos de AD nas províncias de Manitoba, Quebec e Nova Escócia, no Canadá.

Resultados: Os resultados mostram que 4,2% (IC 95%, 3,0 a 5,4%) dos pacientes em AD que receberam alta num período de 12 meses sofreram EAs. Ajustando os dados para considerar os clientes que ficaram em AD durante menos de um ano, a taxa de incidentes por cliente-ano foi de 10,1% (IC 95%, 8,4 a 11,8%); 56% dos EAs foram considerados evitáveis. Os EAs mais frequentes foram as lesões por quedas, as infecções de ferida, os problemas psicossociais, comportamentais ou de saúde mental e os efeitos adversos causados por erros de medicação. Um maior número de comorbidades (OR, 1,15; IC 95%, 1,05 a 1,26) e um menor escore na avaliação das atividades instrumentais da vida diária (OR, 1,54; IC 95%, 1,16 a 2,04) estiveram associados a um maior risco de sofrer um EA. As decisões ou ações dos clientes contribuíram para a ocorrência de 48,4% dos EAs, as dos cuidadores informais para 20,4% e as dos profissionais de saúde para 46,2%. Somente 17,3% dos prontuários com EAs continham documentos indicando que um formulário de notificação de incidentes havia sido preenchido, enquanto 4,8% dos prontuários sem EAs continham essa documentação.

Conclusões: A segurança dos clientes é uma questão importante na AD, assim como no cuidado institucionalizado. A AD inclui a prestação planejada do autocuidado pelos clientes e a prestação de cuidados pela família, amigos ou outras pessoas, muitas vezes descritas como cuidadores "informais". Como os clientes e esses cuidadores podem contribuir para a ocorrência de EAs, seu envolvimento na prestação de intervenções de saúde em casa deve ser considerado durante o planejamento de estratégias para melhorar a segurança da AD.

Palavras-Chave: Eventos adversos, epidemiologia e detecção, metodologias de revisão de prontuários, segurança do paciente

Resumo Original:

Objectives: The objectives of this study were to document the incidence rate and types of adverse events (AEs) among home care (HC) clients in Canada; identify factors contributing to these AEs; and determine to what extent evidence of completion of incident reports were documented in charts where AEs were found.

Methods: This was a retrospective cohort study based on expert chart review of a random sample of 1200 charts of clients discharged in fiscal year 2009 – 2010 from publicly funded HC programmes in Manitoba, Quebec and Nova Scotia, Canada.

Results: The results show that 4.2% (95% CI 3.0% to 5.4%) of HC patients discharged in a 12-month period experienced an AE. Adjusting to account for clients with lengths of stay in HC of less than 1 year, the AE incidence rate per client-year was 10.1% (95% CI 8.4% to 11.8%); 56% of AEs were judged preventable. The most  frequent AEs were injuries from falls, wound infections, psychosocial, behavioural or mental health problems and adverse outcomes from medication errors. More comorbid conditions (OR 1.15; 95% CI 1.05 to 1.26) and a lower instrumental activities of daily living score (OR 1.54; 95% CI 1.16 to 2.04) were associated with a higher risk of experiencing an AE. Clients’ decisions or actions contributed to 48.4% of AEs, informal caregivers 20.4% of AEs, and healthcare personnel 46.2% of AEs. Only 17.3% of charts with an AE contained documentation that indicated an incident report was completed, while 4.8% of charts without an AE had such documentation.

Conclusions: Client safety is an important issue in HC, as it is in institutionalised care. HC includes the planned delivery of self-care by clients and care provision by family, friends and other individuals often described as ‘informal’ caregivers. As clients and these caregivers can contribute to the occurrence of AEs, their involvement in the delivery of healthcare interventions at home must be considered whenplanning strategies to improve HC safety.

Keywords: Adverse events, epidemiology and detection, Chart review methodologies, Patient safety

Fonte:
BMJ Quality & Safety ; 22(12): 989-997 ; 2013. DOI: 10.1136/bmjqs-2013-002039.