Um quarto das transferências não planejadas para um nível de atenção mais elevado está associado a eventos adversos altamente evitáveis: uma revisão de prontuários em seis hospitais belgas
Objetivo: Os objetivos deste estudo foram determinar a prevalência e a evitabilidade dos eventos adversos que exigiram uma transferência não planejada para um nível de atenção mais elevado (definida como uma transferência não planejada para uma UTI ou uma intervenção por parte de uma equipe de emergência médica no hospital) e avaliar o tipo e o nível de dano causado por cada evento adverso.
Desenho: Realizamos um processo de revisão retrospectiva em três etapas: rastreamento, revisão de prontuários e decisão por consenso.
Ambiente: Seis hospitais belgas de cuidado de pacientes agudos.
Pacientes: Selecionamos todos os pacientes que precisaram de uma transferência não planejada para um nível de atenção mais elevado durante um período de 6 meses.
Intervenções: Durante um período de 6 meses, os prontuários de todos os pacientes que precisaram de uma transferência não planejada para um nível de atenção mais elevado foram avaliados por uma equipe clínica treinada, formada por um enfermeiro pesquisador, um médico e um farmacêutico clínico.
Resultados principais: Encontramos eventos adversos em 465 dos 830 prontuários revistos (56%). Dentre eles, 215 (46%) eram altamente evitáveis. A taxa geral de incidência de transferências para um nível de atenção mais elevado associada a um evento adverso foi de 117,6 (IC 95%, 106,9 a 128,3) por 100.000 pacientes-dia em risco, dos quais 54,4 (IC 95%, 47,15 a 61,65) envolveram um evento adverso altamente evitável. Isso significa que 25,9% de todas as transferências não planejadas para um nível de atenção mais elevado estiveram associadas a eventos adversos altamente evitáveis. Os eventos adversos estiveram associados principalmente à terapia medicamentosa (25,6%), cirurgia (23,7%), diagnóstico (12,4%) e problemas sistêmicos (12,4%). O nível de dano variou entre danos temporários (55,7%), incapacidades de longo prazo ou permanentes (19,1%) e óbitos (25,2%). Embora muitas vezes seja difícil demonstrar o nexo causal direto, é razoável considerar que tais eventos adversos foram fatores contribuintes.
Conclusão: Encontramos eventos adversos em 56% dos prontuários examinados, dos quais quase a metade foi considerada altamente evitável. Isso significa que um quarto de todas as transferências não planejadas para um nível de atenção mais elevado esteve associado a eventos adversos altamente evitáveis.
Palavras-chave: eventos adversos, unidade de terapia intensiva, equipe de emergência médica, segurança do paciente, revisão de prontuários, internação não planejada em terapia intensiva
Objective: The objectives of this study are to determine the prevalence and preventability of adverse events requiring an unplanned higher level of care, defined as an unplanned transfer to the ICU or an in-hospital medical emergency team intervention, and to assess the type and the level of harm of each adverse event.
Design: A three-stage retrospective review process of screening, record review, and consensus judgment was performed.
Setting: Six Belgian acute hospitals.
Patients: During a 6-month period, all patients with an unplanned need for a higher level of care were selected.
Interventions: The records 6-month period, the records of all patients with an unplanned need for a higher level of care were assessed by a trained clinical team consisting of a research nurse, a physician, and a clinical pharmacist.
Measurements and Main Results: Adverse events were found in 465 of the 830 reviewed patient records (56%). Of these, 215 (46%) were highly preventable. The overall incidence rate of patients being transferred to a higher level of care involving an adverse event was 117.6 (95% CI, 106.9–128.3) per 100,000 patient days at risk, of which 54.4 (95% CI, 47.15–61.65) per 100,000 patient days at risk involving a highly preventable adverse event. This means that 25.9% of all unplanned transfers to a higher level of care were associated with a highly preventable adverse event. The adverse events were mainly associated with drug therapy (25.6%), surgery (23.7%), diagnosis (12.4%), and system issues (12.4%). The level of harm varied from temporary harm (55.7%) to long-term or permanent impairment (19.1%) and death (25.2%). Although the direct causality is often hard to prove, it is reasonable to consider these adverse events as a contributing factor.
Conclusion: Adverse events were found in 56% of the reviewed records, of which almost half were considered highly preventable. This means that one fourth of all unplanned transfers to a higher level of care were associated with a highly preventable adverse event.
Keywords: adverse events, intensive care unit, medical emergency team, patient safety, record review, unplanned intensive care admission