‘Acho que deveríamos simplesmente ouvir e ir embora’: uma avaliação qualitativa das opiniões e experiências com as rondas de segurança do paciente

ROTTEAU, L. ; SHOJANIA, K. G. ; WEBSTER, F.
Título original:
'I think we should just listen and get out': aqualitative exploration of views and experiences of Patient Safety Walkrounds
Resumo:

Objetivo: Este artigo explora as opiniões e as experiências com os as Rondas de Segurança do Paciente (Patient Safety Walkrounds), uma estratégia amplamente recomendada para identificar problemas de segurança do paciente e melhorar a cultura de segurança.

Desenho e Ambiente: Análise qualitativa de entrevistas semiestruturadas e aprofundadas com 11 líderes sêniores e 33 profissionais da linha de frente de dois grandes hospitais universitários que possuem programas maduros de rondas de segurança. Os dados foram coletados como parte de uma avaliação mais ampla, baseada em métodos mistos.

Resultados: Apesar das diferenças na estrutura dos dois programas de rondas de segurança, os líderes das duas instituições relataram atitudes e comportamentos que contradizem os objetivos e princípios declarados das rondas. De modo geral, os líderes consideraram que a visibilidade da alta direção era um fim em si mesmo e não abordaram as preocupações dos profissionais para além do encontro durante a ronda. Alguns dos líderes acreditavam compreender os problemas de segurança do paciente melhor que os profissionais da linha de frente, chegando até a caracterizar as preocupações dos profissionais como 'tolas'. Os líderes reconheceram que muitas vezes controlavam a conversação, delimitando o que podia ser considerado como um problema de segurança do paciente, e, às vezes, até direcionavam o diálogo para temas pré-determinados. Alguns profissionais da linha de frente mencionaram essas contradições em suas entrevistas.

Discussão/Conclusões: Nosso estudo revelou que as rondas de segurança podem inadvertidamente levar a atitudes contraproducentes por parte dos líderes, contradizendo os princípios recomendados das rondas. Os resultados demonstraram atitudes semelhantes por parte dos líderes sêniores de dois hospitais cujas rondas de segurança tinham formatos bastante diferentes, o que sugere que o mesmo padrão pode existir em outras instituições. Uma melhor preparação dos líderes antes das rondas pode ajudar a evitar as atitudes e dinâmicas contraproducentes identificadas neste estudo.

Resumo Original:

Objective: This article is an exploration of views and experiences of Patient Safety Walkrounds, a widely recommended strategy for identifying patient safety problems and improving safety culture.

Design and Setting: Qualitative analysis of semistructured, in-depth interviews with 11 senior leaders and 33 front-line staff at two major teaching hospitals with mature walkrounds programmes, collected as part of a larger mixed-methods evaluation.

Results: Despite differences in the structure of the two walkrounds programmes, senior leaders at both institutions reported attitudes and behaviours that contradict the stated goals and principles of walkrounds. Senior leaders tended to regard executive visibility as an end in itself and generally did not engage with staff concerns beyond the walkrounds encounter. Some senior leaders believed they understood patient safety issues better than front-line staff and even characterised staff concerns as 'stupid'. Senior leaders acknowledged that they often controlled the conversations, delimiting what counted as patient safety problems and sometimes even steered the conversations to predetermined topics. Some front-line staff made note of these contradictions in their interviews.

Discussion/Conclusions: Our study found that walkrounds may inadvertently lead to counter-productive attitudes by senior leaders at odds with the recommended principles of walkrounds. The results demonstrate similar attitudes from senior leaders at two hospitals with quite different formats for walkrounds, suggesting that this pattern may exist elsewhere. Better preparation of senior leaders prior to the walkrounds may help to avoid the counter-productive attitudes and dynamics that we identified.

Fonte:
BMJ Quality & Safety ; 23(10): 823-829; 2014. DOI: 10.1136/bmjqs-2012-001706.