Associação entre infecção pelo SARS-CoV-2 e parto prematuro: um estudo prospectivo com análise multivariada

Oscar Martinez-Perez ; Pilar Prats Rodriguez ; Spanish Obstetric Emergency Group
Título original:
The association between SARS-CoV-2 infection and preterm delivery: a prospective study with a multivariable analysis
Resumo:

Resumo
Contexto: Realizamos este estudo para determinar se a exposição ao coronavírus 2 da síndrome respiratória aguda grave (SARS-CoV-2, a causa da doença COVID-19) durante a gravidez está associada a uma maior morbidade obstétrica.
Métodos: Este foi um estudo prospectivo multicêntrico baseado no rastreamento universal pré-natal da infecção pelo SARS-CoV-2 em mulheres grávidas. Um conjunto de 45 hospitais de toda a Espanha testou todas as mulheres no momento da internação na maternidade usando o exame de reação em cadeia da polimerase (PCR) para o SARS-CoV-2 a partir do final de março de 2020. A coorte de mães positivas e a amostra simultânea de mães negativas foram acompanhadas até 6 semanas após o parto. Usamos a análise de regressão logística multivariada, com ajuste para variáveis de confusão conhecidas, para determinar o odds ratio ajustado (aOR) com intervalos de confiança de 95% (IC 95%) da associação entre a infecção pelo SARS-CoV-2 e os resultados obstétricos.
Desfechos principais: Parto prematuro (primário), ruptura prematura de membranas e internação em unidade de terapia intensiva neonatal.
Resultados: Entre as 1.009 gestações examinadas, 246 foram positivas para o SARS-CoV-2. Em comparação com as mães negativas (763 casos), a infecção pelo SARS-CoV-2 aumentou a probabilidade de nascimento pré-termo (34 vs. 51, 13,8% vs. 6,7%, aOR 2,12, IC 95% 1,32-3,36, p=0,002); o parto pré-termo iatrogênico foi mais frequente em mulheres infectadas (4,9% vs. 1,3%, p=0,001), enquanto a ocorrência de parto pré-termo espontâneo foi estatisticamente semelhante (6,1% vs. 4,7%). Um maior risco de ruptura prematura de membranas a termo (39 vs. 75, 15,8% vs. 9,8%, aOR 1,70, IC 95% 1,11-2,57, p=0,013) e internação em unidade de terapia intensiva neonatal (23 vs. 18, 9,3% vs. 2,4%, aOR 4,62, IC 95% 2,43-8,94, p<0,001) também foi observado em mães positivas.
Conclusão: Este estudo multicêntrico prospectivo demonstrou que mulheres grávidas infectadas pelo SARS-CoV-2 apresentam maior morbidade obstétrica relacionada à infecção. Estudos futuros devem avaliar a existência de uma associação causal.

Resumo Original:

Abstract
Background: To determine whether severe acute respiratory syndrome coronavirus 2 (SARS-CoV-2, the cause of COVID-19 disease) exposure in pregnancy, compared to non-exposure, is associated with infection-related obstetric morbidity.
Methods: We conducted a multicentre prospective study in pregnancy based on a universal antenatal screening program for SARS-CoV-2 infection. Throughout Spain 45 hospitals tested all women at admission on delivery ward using polymerase-chain-reaction (PCR) for COVID-19 since late March 2020. The cohort of positive mothers and the concurrent sample of negative mothers was followed up until 6-weeks post-partum. Multivariable logistic regression analysis, adjusting for known confounding variables, determined the adjusted odds ratio (aOR) with 95% confidence intervals (95% CI) of the association of SARS-CoV-2 infection and obstetric outcomes.
Main outcome measures: Preterm delivery (primary), premature rupture of membranes and neonatal intensive care unit admissions.
Results: Among 1009 screened pregnancies, 246 were SARS-CoV-2 positive. Compared to negative mothers (763 cases), SARS-CoV-2 infection increased the odds of preterm birth (34 vs 51, 13.8% vs 6.7%, aOR 2.12, 95% CI 1.32-3.36, p = 0.002); iatrogenic preterm delivery was more frequent in infected women (4.9% vs 1.3%, p = 0.001), while the occurrence of spontaneous preterm deliveries was statistically similar (6.1% vs 4.7%). An increased risk of premature rupture of membranes at term (39 vs 75, 15.8% vs 9.8%, aOR 1.70, 95% CI 1.11-2.57, p = 0.013) and neonatal intensive care unit admissions (23 vs 18, 9.3% vs 2.4%, aOR 4.62, 95% CI 2.43-8.94, p < 0.001) was also observed in positive mothers.
Conclusion: This prospective multicentre study demonstrated that pregnant women infected with SARS-CoV-2 have more infection-related obstetric morbidity. This hypothesis merits evaluation of a causal association in further research.
 

Fonte:
BMC Pregnancy and Childbirth ; 273; 2021. DOI: doi.org/10.1186/s12884-021-03742-4.