Avaliação da probabilidade de transmissão cruzada de bactérias de mão a mão: um estudo experimental

BELLISSIMO-RODRIGUES, F. ; PIRES, D. ; SOULE, H. ; GAYET-AGERON, A. ; PITTET, D.
Título original:
Assessing the Likelihood of Hand-to-Hand Cross-Transmission of Bacteria: An Experimental Study
Resumo:

Contexto: Embora as mãos dos profissionais da saúde estejam envolvidas na maioria dos episódios de infecções relacionadas à assistência à saúde, a correlação entre a contaminação das mãos e a probabilidade de transmissão cruzada permanece desconhecida.

Métodos: Realizamos um estudo laboratorial que envolveu pares de profissionais da saúde. As mãos de um profissional (transmissor) foram contaminadas com Escherichia coli ATCC 10536 antes de segurar a mão de outro profissional (receptor) por 1 minuto. Enquanto isso, foi colhida uma amostra da outra mão do transmissor. Posteriormente, também foi colhida uma amostra da mão do receptor segurada pelo transmissor. Cada experimento envolveu 4ensaios, com concentrações crescentes de E. coli (103-106 unidades formadoras de colônias [UFCs]/mL). O resultado primário foi a probabilidade de transmissão de pelo menos 1 UFC do transmissor para o receptor. Utilizamos um modelo de regressão logística mista com efeitos aleatórios para avaliar a associação entre a transmissão e a contagem bacteriana nas mãos do transmissor.

Resultados: Ao todo, 6 profissionais da saúde realizaram 30 experimentos e 120 ensaios. As contagens bacterianas observadas nas mãos do receptor estiveram diretamente relacionadas com as contagens nas mãos do transmissor (P1 e ≤3 log10 UFCs, comparada com ≤1 log10). Quando a contaminação do transmissor foi <1 log10 UFCs, não foi detectada transmissão cruzada.

Conclusão: Existe uma relação direta entre a carga bacteriana nas mãos dos profissionais da saúde e a probabilidade de transmissão cruzada. Nas condições descritas, deve estar presente no mínimo 1 log10 UFCs nas mãos do profissional da saúde para que exista potencial de transmissão. São necessários novos estudos para faixa de contaminação baixa.

Resumo Original:

Background: Although the hands of healthcare workers (HCWs) are implicated in most episodes of healthcare-associated infections, the correlation between hand contamination and the likelihood of cross-transmission remains unknown.

Methods: We conducted a laboratory-based study involving pairs of HCWs. The hands of a HCW (transmitter) were contaminated with Escherichia coli ATCC 10536 before holding hands with another HCW (host) for 1 minute. Meanwhile, the unheld hand of the transmitter was sampled. Afterward, the host's held hand was also sampled. Each experiment consisted of 4 trials with increasing concentrations of E. coli (103-106 colony-forming units [cfu]/mL). The primary outcome was the likelihood of transmission of at least 1 cfu from transmitter to host. We used a mixed logistic regression model with a random effect on the subject to assess the association between transmission and bacterial count on the transmitter's hands.

Results: In total, 6 HCWs performed 30 experiments and 120 trials. The bacterial counts recovered from host hands were directly associated with the bacterial counts on transmitter hands (P1 and ≤3 log10 cfu compared to ≤1 log10. When transmitter contamination was <1 log10 cfu, no cross-transmission was detected.

Conclusion: There is a direct relationship between the bacterial burden on HCWs hands and the likelihood of cross-transmission. Under the described conditions, at least 1 log10 cfu must be opresent on HCW hands to be potentially transmitted. Further studies are needed at the low contamination range. 

Fonte:
Infection Control and Hospital Epidemiology ; 38(5): 553-558; 2017. DOI: 10.1017/ice.2017.9.