Banho de gluconato de clorexidina em pacientes adultos em unidades de terapia intensiva em São Paulo: impacto sobre a incidência de infecções relacionadas à assistência à saúde

Mariana Andrade Oliveira Reis ; Maria Claudia Stockler de Almeida ; Daniela Escudero ; Eduardo A Medeiros
Título original:
Chlorhexidine gluconate bathing of adult patients in intensive care units in São Paulo, Brazil: Impact on the incidence of healthcare-associated infection
Resumo:

Resumo
Contexto: Os banhos diários de gluconato de clorexidina (GC) são cada vez mais usados para reduzir a ocorrência de infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS). O banho diário de pacientes com GC tem sido usado com sucesso para prevenir IRAS por organismos multirresistentes (OMRs) em unidades de terapia intensiva (UTIs).
Métodos: Realizamos um estudo randomizado por conglomerados, aberto, em um único centro, com duração de 12 meses, em quatro UTIs do Hospital Universitário da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), Brasil. As UTIs foram randomizadas para realizar banhos diários dos pacientes com água e sabão de pH neutro (unidades de controle) ou banhos diários com solução detergente de GC a 2% (unidades de intervenção). Avaliamos a densidade de incidência de infecções primárias da corrente sanguínea (IPCS) associadas a cateteres venosos centrais, pneumonia associada à ventilação mecânica (PAVM), infecções do trato urinário associadas a cateteres (ITUACs), IRAS por enterobactérias produtoras de carbapenemase de Klebsiella pneumoniae (KPC) e morte nas unidades de intervenção e controle.
Resultados: Ocorreram 1640 internações de 1487 pacientes durante o período de estudo (41,2% no grupo controle, 58,8% no grupo de intervenção). A densidade de incidência de IRAS por enterobactérias produtoras de KPC foi de 5,01 e 2,25 infecções/1000 pacientes-dias nas unidades de controle e intervenção (p=0,013), e as taxas de mortalidade foram de 28,7% e 18,7% nas unidades de controle e intervenção (p<0,001), respectivamente. Não foram observadas diferenças entre os grupos na incidência de IPCS (p=0,125), PAVM (p=0,247) e ITUAC (p=0,435). Não foram observadas reações cutâneas graves em nenhum dos grupos de estudo. Os banhos diários com solução detergente de GC a 2% são uma opção viável e de baixo custo para a prevenção de IRAS em UTIs.
 

Resumo Original:

Abstract
Background: There is an increasing use of daily chlorhexidine gluconate (CHG) bathing to decrease healthcare associated infections (HAI). Daily bathing of patients with CHG has been successfully used to prevent multidrug-resistant organisms (MDROs) HAI in intensive care units (ICU).
Methods: This was a 12-month, single-center, open, cluster randomized trial, conducted at four ICUs of the University Hospital of Universidade Federal de São Paulo, Unifesp, Brazil. ICUs were randomized to either perform daily bathing of the patients with pH neutral soap and water - control units, or daily bathing with 2% CHG detergent solution - intervention units. We evaluated the incidence density rate of central line-associated bloodstream infection (CLABSI), ventilator-associated pneumonia (VAP), catheter associated urinary tract infection (CAUTI), Klebsiella pneumoniae carbapenemase (KPC)-producing enterobacteria HAI, and death in the intervention and control units.
Results: A total of 1,640 admissions of 1,487 patients occurred during the study period (41.2% control group, and 58.8% intervention group). Incidence density rates of KPC-producing enterobacteria HAI were 5.01 and 2.25 infections/1000 patient-days in the control units and in the intervention units (p = 0.013) and mortality rates were 28.7% and 18.7% in the control units and in the intervention units (p<0.001), respectively. No difference between groups was observed in CLABSI incidence (p = 0.125), VAP incidence (p = 0.247) and CAUTI incidence (p = 0.435). No serious skin reactions were noted in either study group. Daily 2% CHG detergent solution bathing is a feasible, low cost option for HAI prevention in ICU.

 

Fonte:
Braz J Infect Dis ; 26(1): 101666; 2022. DOI: 10.1016/j.bjid.2021.101666.