Como os serviços de saúde podem captar as preocupações de segurança dos pacientes em um ambiente hospitalar? Um estudo piloto exploratório de três mecanismos

O'HARA, J.K. ; ARMITAGE, G. ; REYNOLDS, C. ; COULSON, C. ; THORP, L. ; DIN, I. ; WATT, I.
Título original:
How might health services capture patient-reported safety concerns in a hospital setting? An exploratory pilot study of three mechanisms
Resumo:

Introdução: Novas evidências sugerem que os pacientes são capazes de identificar e notificar problemas de segurança durante a sua internação. No entanto, sabe-se pouco sobre o melhor método para coletar informações junto aos pacientes sobre suas preocupações de segurança. Este estudo apresenta uma avaliação-piloto de três mecanismos para a coleta de dados sobre as preocupações de segurança dos pacientes durante a sua internação hospitalar. 

Métodos: Três mecanismos para captar as preocupações de segurança foram coproduzidos com profissionais da saúde e pacientes, sendo então testados em uma avaliação exploratória que utilizou a randomização por conglomerados ao nível da enfermaria. Nove enfermarias participaram, e cada mecanismo foi testado durante um período de 3 meses. Pedimos aos pacientes que expressassem suas preocupações de segurança utilizando o mecanismo disponível em sua enfermaria (entrevistas à beira do leito, formulários em papel ou uma linha telefônica para comunicar questões de segurança do paciente). As preocupações de segurança foram submetidas a um processo de revisão em duas etapas para identificar aquelas que correspondiam à definição de incidente de segurança do paciente. Analisamos as diferenças entre os mecanismos em uma série de resultados por meio da inferência estatística. Fizemos a análise temática das preocupações de segurança para desenvolver categorias de notificação. 

Resultados: Foram recrutados 178 pacientes. Os pacientes entrevistados face a face expressaram um número significativamente maior de preocupações de segurança por paciente (1,91) que aqueles que preencheram o formulário em papel (0,92) ou que usaram a linha telefônica de segurança do paciente (0,43). Além disso, foram significativamente mais propensos a expressar uma ou mais preocupações: 64% dos pacientes entrevistados face a face expressaram ao menos uma preocupação, em comparação com 41% dos que usaram o formulário em papel e 19% dos que usaram a linha telefônica. Não houve diferenças significativas entre os mecanismos em relação ao número de incidentes de segurança do paciente nem à sua gravidade ou evitabilidade segundo a avaliação de médicos. 

Discussão: As entrevistas de pacientes à beira do leito são provavelmente o meio mais eficaz para coletar as preocupações de segurança de pacientes internados, podendo servir como uma oportunidade para que os serviços de saúde obtenham o feedback dos pacientes sobre a segurança a partir de sua perspectiva.

Resumo Original:

Introduction: Emergent evidence suggests that patients can identify and report safety issues while in hospital. However, little is known about the best method for collecting information from patients about safety concerns. This study presents an exploratory pilot of three mechanisms for collecting data on safety concerns from patients during their hospital stay. 

Methods: Three mechanisms for capturing safety concerns were coproduced with healthcare professionals and patients, before being tested in an exploratory trial using cluster randomisation at the ward level. Nine wards participated, with each mechanism being tested over a 3-month study period. Patients were asked to feed back safety concerns via the mechanism on their ward (interviewing at their bedside, paper-based form or patient safety 'hotline'). Safety concerns were subjected to a two-stage review process to identify those that would meet the definition of a patient safety incident. Differences between mechanisms on a range of outcomes were analysed using inferential statistics. Safety concerns were thematically analysed to develop reporting categories. 

Results: 178 patients were recruited. Patients in the face-to-face interviewing condition provided significantly more safety concerns per patient (1.91) compared with the paper-based form (0.92) and the patient safety hotline (0.43). They were also significantly more likely to report one or more concerns, with 64% reporting via the face-to-face mechanism, compared with 41% via the paper-based form and 19% via the patient safety hotline. No mechanism differed significantly in the number of classified patient safety incidents or physician-rated preventability and severity. 

Discussion: Interviewing at the patient's bedside is likely to be the most effective means of gathering safety concerns from inpatients, potentially providing an opportunity for health services to gather patient feedback about safety from their perspective.

Fonte:
BMJ Quality & Safety ; 26(1): 42-53; 2017. DOI: 10.1136/bmjqs-2015-004260.