Conciliação medicamentosa na admissão e na alta: uma análise de prevalência e fatores de risco associados

BELDA-RUSTARAZO, S. ; CANTERO-HINOJOSA, J. ; SALMERON-GARCÍA, A. ; GONZÁLEZ-GARCÍA, L. ; CABEZA-BARRERA, J. ; GALVEZ, J.
Título original:
Medication reconciliation at admission and discharge: an analysis of prevalence and associated risk factors
Resumo:

Introdução: Os erros de medicação são frequentes na transição de cuidados e podem ter repercussões graves. Os objetivos deste estudo foram: examinar a frequência/tipo de erros de conciliação na admissão e na alta hospitalar; e relatar quais foram os medicamentos envolvidos, os fatores de risco associados e o potencial que eles tiveram para causar dano no ambiente de cuidado de saúde com prontuários digitais abrangentes.

Material e métodos: Foi conduzido um estudo prospectivo observacional de dois anos no Departamento de Medicina Interna de um hospital regional. O melhor histórico de medicação possível foi obtido por farmacêuticos clínicos a partir de diferentes fontes e comparado com as prescrições na admissão e na alta. Foram estudadas a frequência e o tipo de erro de conciliação na admissão e na alta, os fatores de risco associados a sua ocorrência e seu potencial para causar dano.

Resultados: O estudo incluiu 814 pacientes (idade média: 80,2 anos). Pelo menos um erro de conciliação foi detectado em 525 (64,5%) pacientes na internação, com uma média de 2,2 ± 1,3 erros por paciente e em 235 (32,4%) pacientes na alta. A omissão de medicamentos foi o erro de conciliação mais frequente (73,6% na internação e 71,4% na alta); 39% dos erros na admissão e 51% na alta tinham potencial para causar dano de moderado a grave. O risco de erro na admissão foi maior quando havia mais medicamentos antes da internação (p < 0,001) e, dentre os pacientes com erro de conciliação, o número de erros foi significativamente maior dentre os que recebiam mais medicamentos antes da admissão ou que tinham mais comorbidades. O risco na alta hospitalar foi maior em pacientes com mais medicamentos prescritos na alta e naqueles com hospitalização mais prolongada (p = 0,03).

Conclusões: São necessários procedimentos de conciliação medicamentosa para minimizar as discrepâncias de medicação e melhorar a segurança do paciente. É necessária uma integração entre os prontuários dos pacientes em todos os níveis, porém ela não basta para evitar o erro.

Resumo Original:

Introduction: Medication errors are frequent at care transition points and can have serious repercussions. Study objectives were to examine the frequency/type of reconciliation errors at hospital admission and discharge and to report on the drugs involved, associated risk factors and potential to cause harm in a healthcare setting with comprehensive digital health records.

Material and methods: A prospective observational 2-year study was conducted in the Internal Medicine Department of a regional hospital. The best possible medication history was obtained from different sources by clinical pharmacists and compared with prescriptions at admission and discharge. The frequency and type of reconciliation errors were studied at admission and discharge, evaluating risk factors for their occurrence and their potential to cause harm.

Results: The study included 814 patients (mean age: 80.2 years). At least one reconciliation error was detected in 525 (64.5%) patients at admission, with a mean of 2.2 ± 1.3 errors per patient and in 235 (32.4%) patients at discharge. Drug omission was the most frequent reconciliation error (73.6% at admission and 71.4% at discharge); 39% of errors at admission and 51% at discharge had potential to cause moderate or severe harm. The risk of error at admission was higher with more pre-admission drugs (p < 0.001) and, among patients with reconciliation errors, the number of errors was significantly higher in those receiving more drugs pre-admission or with more comorbidities. The risk at discharge was higher in patients with more drugs prescribed at discharge (p = 0.04) and in those with a longer hospital stay (p = 0.03).

Conclusions: Medication reconciliation procedures are required to minimise medication discrepancies and enhance patient safety. Integration of patient health records across care levels is necessary but not sufficient to prevent errors.

Fonte:
International Journal of Clinical Practice ; 69(11): 1268–1274; 2015. DOI: 10.1111/ijcp.12701.
DECS:
hospitais públicos, erros de medicação, reconciliação de medicamentos, admissão do paciente, alta do paciente, estudos prospectivos, fatores de risco