Consultas de emergência motivadas por medicamentos na pediatria: um estudo observacional prospectivo
Introdução e Objetivo: Há poucos dados sobre a taxa e a caracterização das consultas motivadas por medicamentos (CMMs) feitas por pacientes pediátricos à emergência. Buscamos avaliar a frequência, a gravidade, a evitabilidade e a classificação das CMMs à emergência em pacientes pediátricos.
Métodos: Realizamos um estudo observacional prospectivo com pacientes pediátricos atendidos na emergência ao longo de um período de 12 meses. A consulta de emergência motivada por medicamentos foi identificada através de uma avaliação farmacêutica, além da avaliação de um plantonista e de um comitê independente para a adjudicação dos casos.
Resultados: Neste estudo, 2.028 pacientes foram incluídos (idade média de 6,1 ± 5,0 anos; sendo 47,4% meninas). Foram identificadas CMMs em 163 pacientes (8,0%; Intervalo de Confiança [IC] de 95% entre 7,0%-9,3%). Destas consultas, 106 (65,0%; IC de 95% entre 57,2%-72,3%) foram consideradas evitáveis. A gravidade foi classificada como leve em 14 casos (8,6%; IC de 95% entre 4,8%-14,0%), moderada em 140 casos (85,9%; IC de 95% entre 79,6%-90,8%) e severa em 9 casos (5,5%; IC de 95% entre 2,6%-10,2%). Os eventos mais comuns foram relacionados a reações adversas a medicamentos (26,4%; IC de 95% entre 19,8%-33,8%), dosagem subterapêutica (19,0%; IC de 95% entre 13,3%-25,9%) e não aderência (17,2%; IC de 95% entre 11,7%-23,9%). A probabilidade de hospitalização foi significativamente maior entre pacientes com uma CMM comparados com aqueles sem CMM (odds ratio, 6,5; IC de 95% entre 4,3-9,6). Verificou-se que, caso o paciente com CMM fosse hospitalizado, a duração média da internação (faixa interquartil) era mais longa (3,0 [5,0] dias vs 1,5 [2,5] dias, P = .02).
Conclusões: Uma causa motivada por medicamento foi encontrada em ?1 de cada 12 consultas de pacientes pediátricos à emergência. Dois terços destas consultas foram consideradas evitáveis. Os pacientes pediátricos atendidos na emergência com uma CMM têm maiores probabilidades de hospitalização. Além disso, quando internados, o tempo de permanência deles no hospital é maior.
Background and objective: There are few data on the rate and characterization of medication-related visits (MRVs) to the emergency department (ED) in pediatric patients. We sought to evaluate the frequency, severity, preventability, and classification of MRVs to the ED in pediatric patients.
Methods: We performed a prospective observational study of pediatric patients presenting to the ED over a 12-month period. A medication-related ED visit was identified by using pharmacist assessment, emergency physician assessment, and an independent adjudication committee.
Results: In this study, 2028 patients were enrolled (mean age, 6.1 ± 5.0 years; girls, 47.4%). An MRV was found in 163 patients (8.0%; 95% confidence interval [CI]: 7.0%-9.3%) of which 106 (65.0%; 95% CI: 57.2%-72.3%) were deemed preventable. Severity was classified as mild in 14 cases (8.6%; 95% CI: 4.8%-14.0%), moderate in 140 cases (85.9%; 95% CI: 79.6%-90.8%), and severe in 9 cases (5.5%; 95% CI: 2.6%-10.2%). The most common events were related to adverse drug reactions 26.4% (95% CI: 19.8%-33.8%), subtherapeutic dosage 19.0% (95% CI: 13.3%-25.9%), and nonadherence 17.2% (95% CI: 11.7%-23.9%). The probability of hospital admission was significantly higher among patients with an MRV compared with those without an MRV (odds ratio, 6.5; 95% CI: 4.3-9.6) and, if admitted, the median (interquartile range) length of stay was longer (3.0 [5.0] days vs 1.5 [2.5] days, P = .02).
Conclusions: A medication-related cause was found in ?1 of every 12 ED visits by pediatric patients, of which two-thirds were deemed preventable. Pediatric patients who present to the ED with an MRV are more likely to be admitted to hospital and when admitted have a longer length of stay.
