Corrigir e esquecer ou corrigir e notificar: um estudo qualitativo sobre as tensões na linha de frente da notificação de incidentes

HEWITT, T. A. ; CHREIM, S.
Título original:
Fix and forget or fix and report: a qualitative study of tensions at the front line of incident reporting
Resumo:

Introdução: Os profissionais de saúde frequentemente se deparam com problemas de segurança que eles próprios podem resolver imediatamente. A nossa pergunta foi: quando se deparam com esse tipo de problema, os profissionais de saúde o corrigem no mesmo instante e o esquecem em seguida, ou o corrigem e o notificam? Consideramos os fatores subjacentes a essas duas abordagens.

Métodos: Realizamos um estudo de casos qualitativo baseado em entrevistas aprofundadas com 40 profissionais de saúde num hospital terciário de Ontário, no Canadá. Realizamos uma análise temática e comparamos os resultados com a literatura.

Resultados: "Consertar e esquecer" foi a escolha feita pela maioria dos profissionais de saúde em situações nas quais se depararam com problemas que eles próprios podiam resolver. Essas situações incluíram: (a) near misses, nos quais a notificação foi considerada desnecessária, pois os incidentes não resultaram em danos concretos ao paciente; (b) a priorização da resolução de problemas de segurança de pacientes individuais, que foram vistos como eventos únicos que só ocorrem uma vez; e (c) os problemas de segurança recorrentes, que foram encarados como eventos rotineiros inevitáveis. Em pouquíssimos casos a estratégia de "corrigir e notificar" foi mencionada como a forma utilizada pelos profissionais de saúde para lidar com problemas que eles próprios podiam resolver.

Conclusões: Este estudo revelou que, em geral, os profissionais de saúde não priorizam a notificação nos casos em que um problema de segurança é corrigido. Argumentamos que a estratégia de "corrigir e esquecer" os problemas de segurança encontrados talvez não seja tão favorável à segurança do paciente quanto a estratégia de "corrigir e notificar". Esta última abordagem está alinhada com recentes recomendações para que a segurança do paciente seja mais preventiva. Consideramos as implicações deste estudo para a prática clínica.

Resumo Original:

Introduction: Practitioners frequently encounter safety problems that they themselves can resolve on the spot. We ask: when faced with such a problem, do practitioners fix it in the moment and forget about it, or do they fix it in the moment and report it? We consider factors underlying these two approaches.

Methods: We used a qualitative case study design employing in-depth interviews with 40 healthcare practitioners in a tertiary care hospital in Ontario, Canada. We conducted a thematic analysis, and compared the findings with the literature.

Results: ‘Fixing and forgetting’ was the main choice that most practitioners made in situations where they faced problems that they themselves could resolve. These situations included (A) handling near misses, which were seen as unworthy of reporting since they did not result in actual harm to the patient, (B) prioritising solving individual patients’ safety problems, which were viewed as unique or one-time events and (C) encountering re-occurring safety problems, which were framed as inevitable, routine events. In only a few instances was ‘fixing and reporting’ mentioned as a way that the providers dealt with problems that they could resolve.

Conclusions: We found that generally healthcare providers do not prioritise reporting if a safety problem is fixed. We argue that fixing and forgetting patient safety problems encountered may not serve patient safety as well as fixing and reporting. The latter approach aligns with recent calls for patient safety to be more preventive. We consider implications for practice.

Fonte:
BMJ Quality & Safety ; 24(5): 303-310; 2015. DOI: 10.1136/bmjqs-2014-003279 .
DECS:
pessoal de saúde, entrevistas como assunto, erros médicos, pesquisa qualitativa, qualidade da assistência à saúde, gestão de riscos, centros de atenção terciária
Nota Geral:

Imagem de destaque: Johns Hopkins Nursing Magazine