De que maneira a Lista de Verificação de Segurança Cirúrgica da OMS se adapta às estratégias de gestão de riscos perioperatórios já existentes? Um estudo etnográfico em diferentes especialidades cirúrgicas

Wæhle HV ; Haugen AS ; Wiig S ; Søfteland E ; Sevdalis N ; Harthug S
Título original:
How does the WHO Surgical Safety Checklist fit with existing perioperative risk management strategies? An ethnographic study across surgical specialties
Resumo:

CONTEXTO:
A Lista de Verificação de Segurança Cirúrgica (LVSC) da Organização Mundial da Saúde (OMS) tem demonstrado efeitos benéficos sobre uma série de resultados ligados aos pacientes e às equipes, embora variações na implementação da LVSC e nas percepções dos profissionais a seu respeito continuem a representar dificuldades. Ainda há poucos estudos que examinem precisamente de que maneira os profissionais da linha de frente do cuidado integram a LVSC aos sistemas pré-existentes de gestão de riscos clínicos perioperatórios — embora este provavelmente seja um fator importante na forma como a LVSC é utilizada e seu potencial para melhorar a segurança clínica. Este estudo procurou explorar como os membros de equipes perioperatórias multidisciplinares integram a LVSC em suas estratégias de gestão de riscos.
MÉTODOS:
Realizamos um estudo de caso etnográfico que incluiu observações (40 horas) em centros cirúrgicos e entrevistas aprofundadas com 17 membros de equipes perioperatórias em dois hospitais, no ano de 2016. Os dados foram examinados através da análise de conteúdo.
RESULTADOS:
Identificamos três temas que refletem a integração da LVSC na prática cirúrgica diária: 1) percepção de utilidade, o que implica uma avaliação intuitiva da utilidade prática da LVSC em relação ao trabalho relevante, 2) modificação da implementação, refletindo a variabilidade no desempenho da LVSC na confirmação de itens devido à precedência de membros da equipe, barreiras de desempenho e a definição da LVSC como um indicador de desempenho e 3) comunicação fora da lista de verificação, incluindo a formação de microequipes formais e informais, onde se revela a comunicação de riscos específica e detalhada.
CONCLUSÃO:
Quando a LVSC não é integrada às estratégias existentes de gestão de riscos, sendo percebida como um "acréscimo" ao trabalho habitual, a sua fidelidade é comprometida, limitando a sua efetividade clínica potencial. Portanto, as estratégias de implementação da LVSC devem integrá-la como uma ferramenta de gestão de riscos e incluí-la como parte da educação e treinamento em gestão de riscos. Isto pode melhorar o aprendizado da equipe em torno da comunicação de riscos, promover o entendimento mútuo das perspectivas de segurança e melhorar a implementação da LVSC.
PALAVRAS-CHAVE: etnografia; pesquisa em serviços de saúde; segurança do paciente; melhoria da qualidade; lista de verificação de segurança cirúrgica
 

Resumo Original:

BACKGROUND:
The World Health Organization (WHO) Surgical Safety Checklist (SSC) has demonstrated beneficial impacts on a range of patient- and team outcomes, though variation in SSC implementation and staff's perception of it remain challenging. Precisely how frontline personnel integrate the SSC with pre-existing perioperative clinical risk management remains underexplored - yet likely an impactful factor on how SSC is being used and its potential to improve clinical safety. This study aimed to explore how members of the multidisciplinary perioperative team integrate the SSC within their risk management strategies.
METHODS:
An ethnographic case study including observations (40 h) in operating theatres and in-depth interviews of 17 perioperative team members was carried out at two hospitals in 2016. Data were analysed using content analysis.
RESULTS:
We identified three themes reflecting the integration of the SSC in daily surgical practice: 1) Perceived usefullness; implying an intuitive advantage assessment of the SSC's practical utility in relation to relevant work; 2) Modification of implementation; reflecting performance variability of SSC on confirmation of items due to precence of team members; barriers of performance; and definition of SSC as performance indicator, and 3) Communication outside of the checklist; including formal- and informal micro-team formations where detailed, specific risk communication unfolded.
CONCLUSION:
When the SSC is not integrated within existing risk management strategies, but perceived as an "add on", its fidelity is compromised, hence limiting its potential clinical effectiveness. Implementation strategies for the SSC should thus integrate it as a risk-management tool and include it as part of risk-management education and training. This can improve team learning around risk comunication, foster mutual understanding of safety perspectives and enhance SSC implementation.
KEYWORDS: Ethnography; Health services research; Patient safety; Quality improvement; Surgical safety checklist
 

Fonte:
BMC Health Services Research ; 20(1): 111; 2020. DOI: 10.1186/s12913-020-4965-5.