Declaração especial da Society for Maternal-Fetal Medicine: uma crítica do uso da taxa de reinternação pós-parto como um indicador de qualidade

Society for Maternal-Fetal Medicine (SMFM) ; Electronic address: smfm@smfm.org ; C Andrew Combs, ; Dena Goffman, ; Christian M Pettker, ; Patient Safety and Quality Committee. Electronic address: smfm@smfm.org
Título original:
Society for Maternal-Fetal Medicine Special Statement: A critique of postpartum readmission rate as a quality metric
Resumo:

A reinternação hospitalar é considerada como um indicador essencial de qualidade no cuidado de saúde. A reinternação logo após a alta hospitalar pode resultar de um cuidado abaixo do ideal durante a internação inicial ou de sistemas inadequados de atenção pós-alta. Em muitas situações clínicas, a reinternação está associada a uma alta taxa de morbidade grave e custos potencialmente evitáveis. Em obstetrícia, especificamente na atenção pós-parto, hospitais e agências pagadoras podem rastrear facilmente a taxa de reinternação materna após o parto e procurar incentivar os obstetras, especialistas em medicina materno-fetal ou grupos de profissionais a reduzirem as taxas de reinternação. Entretanto, esta prática não demonstrou melhorar os resultados ou reduzir os danos. Há grandes preocupações relacionadas aos programas que procuram incentivar os prestadores do cuidado a reduzir as reinternações pós-parto, incluindo a falta de um indicador padronizado; uma taxa de base de 1 a 2%, que é muito baixa para discriminar com precisão entre a variação aleatória e fatores controláveis; a necessidade de ajuste com base no risco, que complica muito os cálculos das taxas; o potencial de vieses dependendo da duração do intervalo de acompanhamento; o potencial de “manipular” os resultados dos indicadores; a falta de evidências de que os profissionais obstétricos possam influenciar as taxas e, por fim, o potencial de danos inesperados nesta população vulnerável pós-parto. Até que esses problemas sejam adequadamente abordados, a taxa de reinternação materna após a hospitalização por um parto tem atualmente pouca utilidade como indicador de desempenho para a melhoria da qualidade ou para ajustar os reembolsos aos prestadores.

Resumo Original:

Hospital readmission is considered a core measure of quality in healthcare. Readmission soon after hospital discharge can result from suboptimal care during the index hospitalization or from inadequate systems for postdischarge care. For many conditions, readmission is associated with a high rate of serious morbidity and potentially avoidable costs. In obstetrics, for postpartum care specifically, hospitals and payers can easily track the rate of maternal readmission after childbirth and may seek to incentivize obstetricians, maternal-fetal medicine specialists, or provider groups to reduce the rate of readmission. However, this practice has not been shown to improve outcomes or reduce harm. There are major concerns with incentivizing providers to reduce postpartum readmissions, including the lack of a standardized metric, a baseline rate of 1% to 2% that is too low to accurately discriminate between random variation and controllable factors, the need for risk adjustment that greatly complicates rate calculations, the potential for bias depending on the duration of the follow-up interval, the potential for the "gaming" of the metric, the lack of evidence that obstetrical providers can influence the rate, and the potential for unintended harm in the vulnerable postpartum population. Until these problems are adequately addressed, maternal readmission rate after a childbirth hospitalization currently has limited utility as a metric for quality or performance improvement or as a factor to adjust provider reimbursement.
 

Fonte:
American Journal of Obstetrics and Gynecology ; B2-B9.; 2022. DOI: 10.1016/j.ajog.2021.11.135.