Diferenciando as interrupções de trabalho prejudiciais das benéficas: um estudo de métodos mistos

MYERS, R. A. ; McCARTHY, M. C. ; WHITLATCH, A. ; PARIKH, P. J.
Título original:
Differentiating between detrimental and beneficial interruptions: a mixed-methods study
Resumo:

Introdução: Ao longo da última década e meia esforços têm sido feitos para entender as interrupções de trabalho. Embora muitas vezes se considere que elas afetam negativamente a segurança do paciente, alguns autores reconhecem atualmente que as interrupções podem ser benéficas e, na verdade, necessárias para a segurança e a alta qualidade do cuidado. Este estudo busca um referencial para diferenciar as interrupções prejudiciais das benéficas.

Métodos: Utilizamos uma abordagem de métodos mistos num Centro de Trauma Nível 1 nos EUA, que incluiu a observação direta de 13 enfermeiros, inquéritos com 47 enfermeiros, a observação retrospectiva de dispositivos que permitem a comunicação sem o uso das mãos e a modelagem de interrupções observadas com base em indicadores-chave de desempenho.

Resultados: Em média, os enfermeiros foram interrompidos a cada 11 minutos e 20,3% de sua carga de trabalho foi provocada pelas interrupções. Enquanto 85% dos enfermeiros concordaram que as interrupções geram riscos aos seus pacientes, apenas 21% concordaram que todas deveriam ser eliminadas. Durante um período de 90 minutos, 18 eventos originais provocaram 68 interrupções, 50 delas sendo mensagens repetidas. Um modelo estatístico, com medidas de tempo e conforto relacionadas aos pacientes, revelou que os alarmes e luzes de alerta situados fora do quarto do paciente, e que chamam a atenção dos enfermeiros de volta para o paciente, são benéficos, enquanto as interrupções que ocorrem dentro do quarto do paciente costumam ser prejudiciais. Triangulando os resultados, apresentamos um novo referencial para diferenciar as interrupções de trabalho benéficas das prejudiciais com base no impacto das interrupções sobre a capacidade do enfermeiro de oferecer tratamento e atenção contínuos ao paciente.

Conclusões: Uma abordagem de métodos mistos pode ajudar a diferenciar as interrupções prejudiciais das benéficas. Enquanto as interrupções que impedem o enfermeiro de oferecer tratamento e atenção contínuos ao paciente são prejudiciais, aquelas que fazem com que o foco do enfermeiro volte para o paciente, bem como aquelas que promovem a comunicação interprofissional e entre o paciente e o profissional, são benéficas. Estes resultados podem ser úteis para as equipes de prestação do cuidado de saúde que têm a função de melhorar processos repletos de interrupções de trabalho.

Resumo Original:

Introduction: Efforts to understand interruptions now span much of the last decade and a half. Often thought to negatively impact patient safety, some now acknowledge that interruptions may be beneficial and actually necessary for safety and high quality care. This study seeks a framework for differentiating between interruptions that are detrimental and those that are beneficial.

Methods: A mixed-methods approach at a US Level 1 trauma centre included direct observation of 13 registered nurses (RNs), survey of 47 RNs, retrospective observation of hands-free communication devices, and modelling of observed interruptions to key performance measures.

Resuts: On average, RNs were interrupted every 11 min, with 20.3% of their workload triggered by interruptions. While 85% of RNs agreed that interruptions place their patients at risk, only 21% agreed that all should be eliminated. During one 90-min period, 18 original events spawned 68 interruptions, 50 of these repeat messages. A statistical model, with patient measures of time and comfort, revealed that alarms and call lights returning RN's attention to the patient outside the patient room are beneficial, while interruptions in the patient room are generally detrimental. Triangulating the results, we present an emerging framework for differentiating between beneficial and detrimental interruptions based on the impact of interruptions on the RN's steady treatment and attention to the patient.

Conclusions: A mixed-methods approach can help distinguish between detrimental and beneficial interruptions. While interruptions breaking the delivery of steady treatment and attention to the patient are detrimental, those returning the RN's focus to the patient, as well as those supporting patient-clinician and clinician-clinician communications are beneficial. This insight may be helpful to healthcare delivery teams tasked with improving interruption-laden processes.

Fonte:
BMJ Quality & Safety ; 25(11): 881-888; 2016. DOI: 10.1136/bmjqs-2015-004401 .