Dilemas éticos com o uso da inteligência artificial em medicina
Contexto: A inteligência artificial (IA) é considerada a quarta revolução industrial, que irá transformar a evolução da humanidade em nível técnico e relacional. Embora o termo exista desde 1956, só recentemente ficou claro que a IA pode revolucionar as tecnologias, tendo muitas aplicações no setor da saúde. Áreas de incerteza: Os dilemas éticos gerados pelo uso da IA na medicina giram em torno de questões relacionadas ao consentimento informado, respeito à confidencialidade, proteção de dados pessoais e a precisão das informações utilizadas pela tecnologia. Fontes de dados: Fizemos uma pesquisa nas bases de dados PubMed, MEDLINE, Plus, Scopus e Web of Science (2015-2022) usando combinações das seguintes palavras-chave: IA, futuro da medicina, aprendizado de máquina e dilema ético. Ética e avanços terapêuticos: A análise ética das questões levantadas pelo uso da IA na medicina deve abordar principalmente a não maleficência e a beneficência, ambas em relação com os riscos à segurança do paciente, e a capacidade ou incapacidade de detectar informações corretas a partir de informações inadequadas ou mesmo incorretas. O desenvolvimento de ferramentas de IA capazes de apoiar a prática médica pode aumentar o acesso das pessoas a informações de saúde — por exemplo, para receber uma segunda opinião —, mas também é uma fonte de preocupações entre profissionais da saúde, e sobretudo entre especialistas em bioética, no que diz respeito à manutenção da confidencialidade e da cibersegurança. Um outro risco importante pode estar relacionado à desumanização do ato médico, dado que, pelo menos por enquanto, a empatia e a compaixão são atributos exclusivos dos seres humanos. Conclusões: A IA ainda não conseguiu superar certos limites, por não possuir subjetividade moral e empatia, e por ter um nível ainda insuficiente de pensamento crítico. No entanto, os profissionais que pratiquem a medicina preventiva ou curativa nos próximos tempos não poderão ignorar a IA, que, sob controle humano, poderá representar uma ferramenta importante para a prática médica.
Background: Artificial intelligence (AI) is considered the fourth industrial revolution that will change the evolution of humanity technically and relationally. Although the term has been around since 1956, it has only recently become apparent that AI can revolutionize technologies and has many applications in the medical field.Areas of Uncertainty:The ethical dilemmas posed by the use of AI in medicine revolve around issues related to informed consent, respect for confidentiality, protection of personal data, and last but not least the accuracy of the information it uses.Data Sources:A literature search was conducted through PubMed, MEDLINE, Plus, Scopus, and Web of Science (2015-2022) using combinations of keywords, including: AI, future in medicine, and machine learning plus ethical dilemma.Ethics and Therapeutic Advances:The ethical analysis of the issues raised by AI used in medicine must mainly address nonmaleficence and beneficence, both in correlation with patient safety risks, ability versus inability to detect correct information from inadequate or even incorrect information. The development of AI tools that can support medical practice can increase people's access to medical information, to obtain a second opinion, for example, but it is also a source of concern among health care professionals and especially bioethicists about how confidentiality is maintained and how to maintain cybersecurity. Another major risk may be related to the dehumanization of the medical act, given that, at least for now, empathy and compassion are accessible only to human beings.Conclusions:AI has not yet managed to overcome certain limits, lacking moral subjectivity, empathy, the level of critical thinking is still insufficient, but no matter who will practice preventive or curative medicine in the next period, they will not be able to ignore AI, which under human control can be an important tool in medical practice.