Efeitos de um programa nacional de melhoria da qualidade em UTIs na China: um estudo de coorte controlado do tipo pré/pós-intervenção em 586 hospitais

Huaiwu He ; Xudong Ma ; Longxiang Su ; Lu Wang ; Yanhong Guo ; Guangliang Shan ; Hui Jing He
Título original:
Effects of a national quality improvement program on ICUs in China: a controlled pre-post cohort study in 586 hospitals
Resumo:

INTRODUÇÃO: A segurança do paciente e a qualidade da terapia intensiva ainda representam um desafio em UTIs. Entretanto, os efeitos do programa nacional de melhoria da qualidade (MQ) na China ainda não são conhecidos. MÉTODOS: Um programa nacional de MQ em UTIs foi implementado em uma coorte controlada de 586 hospitais de 2016 a 2018. Os efeitos do programa sobre a qualidade da terapia intensiva foram investigados de forma abrangente. RESULTADOS PRINCIPAIS: O estudo envolveu um total de 81.461.554 pacientes em 586 hospitais, e 1.587.724 pacientes foram internados em UTIs ao longo dos 3 anos. Em 2018, houve um número significativamente maior de leitos de UTI (2016 vs. 2018: 10.668 vs. 13.661, p=0,0132), mas observou-se uma diminuição na relação médicos/leito (2016 vs. 2018: 0,64 [0,50, 0,83] vs. 0,60 [0,45, 0,75], p=0,0016) e enfermeiros/leito (2016 vs. 2018: 2,00 [1,64, 2,50] vs. 2,00 [1,50, 2,40], p=0,031) em comparação com 2016. A implementação do programa de MQ esteve associada a melhorias contínuas e significativas na taxa de incidência de pneumonia associada à ventilação mecânica (PAVM), na taxa de detecção microbiológica antes do uso de antibióticos e na taxa de profilaxia da trombose venosa profunda (TVP) (taxa de incidência de PAVM [por 1000 dias em ventilação], 2016 vs. 2017 vs. 2018: 11,06 [4,23, 22,70] vs. 10,20 [4,25, 23,94] vs. 8,05 [3,13, 17,37], p=0,0002; taxa de detecção microbiológica antes do uso de antibióticos [%], 2016 vs. 2017 vs. 2018: 83,91 [49,75, 97,87] vs. 84,14 [60,46, 97,24] vs. 90,00 [69,62, 100], p<0,0001; taxa de profilaxia de TVP, 2016 vs. 2017 vs. 2018: 74,19 [33,47, 96,16] vs. 71,70 [38,05, 96,28] vs. 83,27 [47,36, 97,77], p=0,0093). Além disso, as taxas de adesão ao pacote de intervenções em 6 horas da campanha de combate à sepse (SSC 6h) em 2018 foram significativamente mais altas do que as de 2016 (taxa de adesão ao pacote (SSC 6h), 2016 vs. 2018: 64,93 [33,55, 93,06] vs. 76,19 [46,88, 96,67]). Não foram observadas mudanças significativas na taxa de mortalidade em UTIs de 2016 a 2018 (taxa de mortalidade em UTIs [%], 2016 vs. 2017 vs. 2018: 8,49 [4,42, 14,82] vs. 8,95 [4,89, 15,70] vs. 9,05 [5,12, 15,80], p=0,1075). CONCLUSÕES: Nos últimos 3 anos, observou-se uma disparidade entre a disponibilidade de recursos humanos para o cuidado de saúde e a superexpansão de UTIs. A implementação de um programa nacional de MQ melhorou o desempenho das UTIs, mas não reduziu a mortalidade em UTIs.
 

Resumo Original:

INTRODUCTION: Patient safety and critical care quality remain a challenging issue in the ICU. However, the effects of the national quality improvement (QI) program remain unknown in China. METHODS: A national ICU QI program was implemented in a controlled cohort of 586 hospitals from 2016 to 2018. The effects of the QI program on critical care quality were comprehensively investigated. MAIN RESULTS: A total of 81,461,554 patients were enrolled in 586 hospitals, and 1,587,724 patients were admitted to the ICU over 3 years. In 2018, there was a significantly higher number of ICU beds (2016 vs. 2018: 10668 vs. 13,661, P = 0.0132) but a lower doctor-to-bed ratio (2016 vs. 2018: 0.64 (0.50, 0.83) vs. 0.60 (0.45, 0.75), P = 0.0016) and nurse-to-bed ratio (2016 vs. 2018: 2.00 (1.64, 2.50) vs. 2.00 (1.50, 2.40), P = 0.031) than in 2016. Continuous and significant improvements in the ventilator-associated pneumonia (VAP) incidence rate, microbiology detection rate before antibiotic use and deep vein thrombosis (DVT) prophylaxis rate were associated with the implementation of the QI program (VAP incidence rate (per 1000 ventilator-days), 2016 vs. 2017 vs. 2018: 11.06 (4.23, 22.70) vs. 10.20 (4.25, 23.94) vs. 8.05 (3.13, 17.37), P = 0.0002; microbiology detection rate before antibiotic use (%), 2016 vs. 2017 vs. 2018: 83.91 (49.75, 97.87) vs. 84.14 (60.46, 97.24) vs. 90.00 (69.62, 100), P < 0.0001; DVT prophylaxis rate, 2016 vs. 2017 vs. 2018: 74.19 (33.47, 96.16) vs. 71.70 (38.05, 96.28) vs. 83.27 (47.36, 97.77), P = 0.0093). Moreover, the 6-h SSC bundle compliance rates in 2018 were significantly higher than those in 2016 (6-h SSC bundle compliance rate, 2016 vs. 2018: 64.93 (33.55, 93.06) vs. 76.19 (46.88, 96.67)). A significant change trend was not found in the ICU mortality rate from 2016 to 2018 (ICU mortality rate (%), 2016 vs. 2017 vs. 2018: 8.49 (4.42, 14.82) vs. 8.95 (4.89, 15.70) vs. 9.05 (5.12, 15.80), P = 0.1075). CONCLUSIONS: The relationship between medical human resources and ICU overexpansion was mismatched during the past 3 years. The implementation of a national QI program improved ICU performance but did not reduce ICU mortality.
 

Fonte:
Critical Care : the Official Journal of the Critical Care Forum ; 24(1): 73; 2020. DOI: 10.1186/s13054-020-2790-1.