Empatia no cuidado ao paciente: da “empatia clínica” à “preocupação empática”

Como a empatia tem ganhado importância no meio acadêmico, propomos esta revisão como uma tentativa de trazer clareza sobre as diversas e amplamente debatidas definições e concepções de empatia no meio médico. Neste artigo, primeiro avaliamos os limites da cultura médica ocidental dominante e discutimos as origens de fenômenos como a desumanização e a preocupação desapegada, bem como seus impactos no cuidado do paciente. Em seguida, passamos para uma visão estruturada do debate em torno da noção de empatia clínica e sua taxonomia no ambiente médico. Em particular, apresentamos a concepção dicotômica de empatia clínica que se articula no debate em torno da empatia cognitiva e da empatia afetiva. Consideramos, assim, os impactos negativos que essa categorização acarreta. Por fim, defendemos uma concepção mais abrangente e holística da empatia clínica, que valorize um interesse genuíno em acolher, reconhecer e responder às emoções daqueles que sofrem. Seguindo essa linha de raciocínio, propomos a noção de “preocupação empática”, uma reconceituação da empatia clínica que encontra sua fonte em Halpern em Med Health Care Philos (2014) 17:301–311 e desperta curiosidade. Em última análise, apresentamos a Medicina Narrativa como uma abordagem para introduzir, ensinar e promover tal atitude entre estagiários e profissionais médicos.
 

As empathy gains importance within academia, we propose this review as an attempt to bring clarity upon the diverse and widely debated definitions and conceptions of empathy within the medical field. In this paper, we first evaluate the limits of the Western mainstream medical culture and discuss the origins of phenomena such as dehumanization and detached concern as well as their impacts on patient care. We then pass on to a structured overview of the debate surrounding the notion of clinical empathy and its taxonomy in the medical setting. In particular, we present the dichotomous conception of clinical empathy that is articulated in the debate around cognitive empathy and affective empathy. We thus consider the negative impacts that this categorization brings about. Finally, we advocate for a more encompassing, holistic conception of clinical empathy; one that gives value to a genuine interest in welcoming, acknowledging and responding to the emotions of those suffering. Following this line of reasoning, we advance the notion of ‘empathic concern’, a re-conceptualization of clinical empathy that finds its source in Halpern in Med Health Care Philos (2014) 17:301–311 engaged curiosity. We ultimately advance Narrative Medicine as an approach to introduce, teach and promote such an attitude among medical trainees and practitioners.