Erros, estresse e trabalho em equipe na medicina e na aviação: inquéritos transversais

SEXTON, J. B. ; THOMAS, E. J. ; HELMREICH, R. L.
Título original:
Error, stress, and teamwork in medicine and aviation: cross sectional surveys
Resumo:

Objetivos: Realizar um inquérito entre profissionais de centros cirúrgicos e unidades de terapia intensiva sobre suas atitudes em relação aos erros, ao estresse e ao trabalho em equipe e comparar essas atitudes às das tripulações de bordo de companhias aéreas.

Desenho: Inquéritos transversais.

Ambiente: Hospitais universitários e não universitários urbanos nos Estados Unidos, Israel, Alemanha, Suíça e Itália. Grandes companhias aéreas de todo o mundo.

Participantes: Um total de 1033 médicos, enfermeiros, fellows e residentes que trabalham em centros cirúrgicos e unidades de terapia intensiva e mais de 30.000 membros de tripulações de bordo (comandantes, primeiros e segundos oficiais).

Principais medidas de resultado: Percepções sobre erros, estresse e trabalho em equipe.

Resultados: Os pilotos foram os menos propensos a negar os efeitos do cansaço sobre o desempenho (26% vs. 70% dos cirurgiões e 47% dos anestesistas). A maior parte dos pilotos (97%) e dos profissionais intensivistas (94%) rejeitou as hierarquias rígidas (nas quais os superiores não estão abertos às opiniões dos subordinados), mas somente 55% dos cirurgiões rejeitaram tais hierarquias. Um alto nível de trabalho em equipe foi relatado por 73% dos residentes em cirurgia, 64% dos cirurgiões, 39% dos anestesistas, 28% dos enfermeiros cirúrgicos, 25% dos enfermeiros anestésicos e 10% dos residentes em anestesia. Somente um terço dos profissionais considerou que os erros ocorridos em seu hospital eram geridos de forma adequada. Um terço dos profissionais intensivistas não reconheceu cometer erros. Mais da metade dos profissionais intensivistas afirmou ter dificuldade em discutir os erros.

Conclusões: Os profissionais de saúde afirmaram que os erros são importantes, mas difíceis de discutir, e não são geridos de forma adequada em seu hospital. Os obstáculos à discussão dos erros são importantes, pois os profissionais de saúde parecem negar o efeito do estresse e do cansaço sobre o seu desempenho. Outros problemas são as diferentes percepções sobre o trabalho em equipe entre os diferentes profissionais e a relutância, por parte dos líderes de equipes cirúrgicas, em aceitar as opiniões de seus subordinados.

Resumo Original:

Objectives: To survey operating theatre and intensive care unit staff about attitudes concerning error, stress, and teamwork and to compare these attitudes with those of airline cockpit crew.

Design: Cross sectional surveys.

Setting: Urban teaching and non-teaching hospitals in the United States, Israel, Germany, Switzerland, and Italy. Major airlines around the world.

Participants: 1033 doctors, nurses, fellows, and residents working in operating theatres and intensive care units and over 30 000 cockpit crew members (captains, first officers, and second officers).

Main outcome measures: Perceptions of error, stress, and teamwork.

Results: Pilots were least likely to deny the effects of fatigue on performance (26% v70% of consultant surgeons and 47% of consultant anaesthetists). Most pilots (97%) and intensive care staff (94%) rejected steep hierarchies (in which senior team members are not open to input from junior members), but only 55% of consultant surgeons rejected such hierarchies. High levels of teamwork with consultant surgeons were reported by 73% of surgical residents, 64% of consultant surgeons, 39% of anaesthesia consultants, 28% of surgical nurses, 25% of anaesthetic nurses, and 10% of anaesthetic residents. Only a third of staff reported that errors are handled appropriately at their hospital. A third of intensive care staff did not acknowledge that they make errors. Over half of intensive care staff reported that they find it difficult to discuss mistakes.

Conclusions: Medical staff reported that error is important but difficult to discuss and not handled well in their hospital. Barriers to discussing error are more important since medical staff seem to deny the effect of stress and fatigue on performance. Further problems include differing perceptions of teamwork among team members and reluctance of senior theatre staff to accept input from junior members.

Fonte:
BMJ Open ; 320(7237): 745-749; 2000. DOI: 10.1136/bmj.320.7237.745.
DECS:
atitude, aviação, comportamento cooperativo, estudos transversais, cirurgia geral, erros médicos, corpo clínico hospitalar, estresse psicologico, doenças profissionais