Estratégias informais de avaliação de risco entre profissionais de saúde: uma fonte de resiliência ainda não reconhecida?

ARFANIS, K. ; SMITH, A.
Título original:
Informal risk assessment strategies in health care staff: an unrecognized source of resilience?
Resumo:

Justificativa: Estudos recentes indicam que aproximadamente 10% dos pacientes internados em hospitais do Reino Unido sofrem algum evento adverso (tais estudos também afirmam que 50% desses eventos são evitáveis). Trata-se de uma descoberta realmente preocupante, que indica a necessidade de examinarmos como esses incidentes são enfrentados ou o que é feito para minimizar sua ocorrência. O Department of Health, através da National Patient Safety Agency (NPSA), publicou um protocolo destinado a fomentar a notificação precisa, o aprendizado a partir de eventos passados e mudanças de atitude das principais partes envolvidas (gestores da área da saúde, profissionais da linha de frente etc.) em relação à aceitação e à gestão dos riscos.

Objetivos: Nosso objetivo foi comparar estratégias de avaliação de risco aprendidas e utilizadas de maneira informal e voluntária pelos profissionais com o protocolo "How to do it", publicado pela NPSA. Comparamos cada etapa do protocolo da NPSA com nossos dados empíricos relacionados à atividade.

Métodos: Entrevistamos 48 profissionais de saúde (médicos de diversas especialidades, enfermeiros em diversos ambientes e muitos outros profissionais de saúde). Utilizamos entrevistas semiestruturadas para discutir os pontos de vista dos participantes sobre seu trabalho diário, suas relações de trabalho e a segurança do paciente.

Resultados: Nossos resultados indicam que os profissionais de saúde desenvolvem um modo particular de lidar com a questão dos riscos e da segurança do paciente, baseados em seu treinamento profissional, no tempo de serviço e em sua função no hospital. Os participantes partilharam a convicção de que os profissionais da linha de frente e de apoio precisam ter acesso imediato e fácil às informações sobre eventos adversos passados. Eles enxergam esse acesso como uma ferramenta poderosa para minimizar a recorrência dos mesmos erros/problemas e também como um meio para melhorar o moral dos profissionais, por sentirem que são valorizados e que suas opiniões são ouvidas.

Conclusões: Acreditamos que a segurança e o bem-estar do paciente podem melhorar com a adoção de uma abordagem mais flexível, centrada nas pessoas, para a realização de avaliações de risco. O enriquecimento de protocolos formais, como o documento Risk Assessment Made Easy, com técnicas e estratégias bem-sucedidas desenvolvidas informalmente pelos profissionais de saúde tem o potencial de não apenas melhorar a segurança do paciente (pois ela se baseará na experiência e nos conhecimentos acumulados por esses profissionais), como também promover níveis mais altos de autoestima entre os profissionais de saúde.

Resumo Original:

Rationale: Recent reports indicate that approximately 10% of in-patients in UK hospitals are involved in an adverse event (these reports also state that 50% of these events are preventable). This is indeed a worrying finding, and indicates the need to look at how these incidents are handled or indeed, what is done to minimize their occurrence. The Department of Health, via the National Patient Safety Agency (NPSA) published a guide which is aimed at encouraging accurate reporting, learning from past events and changing the attitudes of key stakeholders (healthcare managers, frontline staf etc) towards risk taking and risk management.

Aims and Objectives: Our aim was to compare informally-learned and used risk assessment strategies volunteered by staff with the 'how to do it' guide published by the NPSA. We have compared each step of the NPSA guide with our empirical data relating to that activity.

Methods:We interviewed forty-eight healthcare professionals (doctors from several specialties; nurses from a variety of settings; and an array of allied healthcare professionals). We used semi-structured interviews in order to discuss participants' views on their everyday working life, working relationships and patient safety.

Results: Our results indicate that healthcare professionals develop their own unique way to approach the issue of patient safety and risk, based on their professional raining, seniority and role within the hospital. They did share the conviction that frontline and support staff need to have immediate and easy access to information about past adverse events. They see this as a powerful tool in minimizing the reoccurrence of the same errors/problems, as well as a vehicle to improve staff morale by feeling valued and having their opinion heard.

Conclusions: We believe that patient safety and welfare can benefit from the adoption of a more flexible and person-centred approach to how risk assessments are carried out. Enriching formal guidelines such as the 'Risk Assessment made easy' document with successful techniques and strategies which healthcare staff have informally developed has the potential to not only improve patient safety (since it will be based on the accumulated experience and knowledge of such staff) but also foster higher levels of self esteem amongst healthcare professionals.

Fonte:
Journal of Evaluation in Clinical Practice ; 18(6): 1140-6; 2012. DOI: 10.1111/j.1365-2753.2011.01759.x.
DECS:
Pessoal de saúde, pacientes internados, Reino Unido, medição de risco