Estudo multi-hospitalar sobre a prevalência pontual de infecções relacionadas à assistência à saúde em 28 unidades de terapia intensiva para adultos no Brasil

BRAGA, I. A. ; CAMPOS, P. A. ; GONTIJO-FILHO, P. P. ; RIBAS, R. M.
Título original:
Multi-hospital point prevalence study of healthcare-associated infections in 28 adult intensive care units in Brazil
Resumo:

Contexto: As infecções relacionadas à assistência à saúde (IRASs) representam um grande problema para a segurança do paciente em todo o mundo.

Objetivo: Apresentar um quadro atualizado da extensão, etiologia, fatores de risco e padrões das infecções em unidades de terapia intensiva (UTIs) de 28 hospitais brasileiros de diferentes tamanhos.

Métodos: Realizamos um estudo da prevalência pontual em um dia no ano 2016, envolvendo as UTIs de hospitais das 12 mesorregiões do estado de Minas Gerais, no sudeste do Brasil. Os hospitais foram classificados como universitários ou não universitários. Foram incluídos todos os pacientes com >48h de internação nas UTIs participantes no momento do estudo.

Resultados: Foram estudados 303 pacientes; destes, 155 (51,2%) estavam infectados e 123 (79,4%) tinham pelo menos uma infecção adquirida na UTI. As infecções adquiridas na UTI mais comuns foram pneumonia (53%) e infecção da corrente sanguínea (27,6%). Ao todo, 119 isolados bacterianos foram submetidos à cultura; os organismos mais comuns foram Acinetobacter baumannii (27,1%), Pseudomonas aeruginosa (27,1%) e Staphylococcus aureus (39%). Considerando-se o tipo de infecção, os patógenos mais comuns foram P. aeruginosa (30,4%) nos casos de pneumonia, estafilococos coagulase-negativos (23,4%) e enterobactérias (23,4%) nas infecções da corrente sanguínea e enterobactérias (47,6%) nas infecções do trato urinário.

Conclusão: Este trabalho constatou que a prevalência geral de infecções adquiridas em UTIs nos hospitais brasileiros estudados foi maior que a relatada na maioria dos países europeus e nos EUA. Uma maior proporção de infecções foi causada por bactérias Gram-negativas não fermentadoras. Estas observações, juntamente com a alta taxa de uso de antibióticos, destacam a necessidade urgente de que as IRASs sejam consideradas uma prioridade na agenda de saúde pública do Brasil.

Resumo Original:

Background: Healthcare-associated infection (HAI) represents a major problem for patient safety worldwide.

Aim: To provide an up-to-date picture of the extent, aetiology, risk factors and patterns of infections in intensive care units (ICUs) in 28 Brazilian hospitals of different sizes.

Methods: A one-day point prevalence survey in 2016 enrolled the ICUs of hospitals from the 12 meso-regions in Minas Gerais state, south-east Brazil. Hospitals were classified as university or non-university hospitals. All patients with >48 h of admission to the study ICUs at the time of the survey were included.

Findings: In total, 303 patients were studied; of these, 155 (51.2%) were infected and 123 (79.4%) had at least one ICU-acquired infection. The most common ICU-acquired infections were pneumonia (53.0%) and bloodstream infection (27.6%). One hundred and nineteen bacterial isolates were cultured; the most common were Acinetobacter baumannii (27.1%), Pseudomonas aeruginosa (27.1%) and Staphylococcus aureus (39.0%). According to type of infection, the most common pathogens were P. aeruginosa (30.4%) in pneumonia, coagulase-negative staphylococci (23.4%) and Enterobacteriaceae (23.4%) in bloodstream infections, and Enterobacteriaceae (47.6%) in urinary tract infections.

Conclusion: This study found that the overall prevalence of ICU-acquired infections in surveyed Brazilian hospitals was higher than that reported in most European countries and the USA. A greater proportion of infections were caused by non-fermenting Gram-negative bacteria. These observations, along with a high rate of antimicrobial use, illustrate the urgent need for HAIs to be a priority in the public health agenda of Brazil.

Fonte:
Journal of Hospital Infection ; 2018. DOI: 10.1016/j.jhin.2018.03.003.
Nota Geral:

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