Eventos adversos e óbito em pacientes com AVE admitidos no serviço de emergência de um hospital universitário terciário
Objetivos: Identificar a ocorrência de eventos adversos em pacientes com acidente vascular encefálico (AVE) trazidos ao serviço de emergência de um hospital universitário terciário e revelar as categorias de eventos adversos associados ao óbito.
Métodos: Este estudo de caso-controle pareado incluiu 468 pacientes internados com AVE num serviço de emergência entre março de 1996 e setembro de 1999. Entre os casos houve 234 mortes consecutivas e, no grupo controle, 234 pacientes que receberam alta hospitalar, pareados por diagnóstico primário e período de internação. Os eventos adversos, detectados pela revisão de prontuários, foram classificados de acordo com o grau de gravidade, causas imediatas e categoria profissional. A associação com o óbito foi analisada por regressão logística condicional.
Resultados: Houve um total de 1.218 eventos adversos em 295 pacientes: 932 eventos (76,5%) em 170 casos e 286 (23,5%) em 125 controles. Os eventos adversos graves representaram 54,1% de todos os eventos (659 episódios): 538 eventos em 143 casos e 121 em 65 controles. Os procedimentos diagnósticos ou terapêuticos e as atividades de enfermagem foram responsáveis por 55,2% dos eventos. Os eventos adversos de enfermagem (38,4%) e médicos (31%) representaram as categorias profissionais relatadas com mais freqüência. Foi encontrada uma associação significativa com o óbito nos eventos adversos graves, eventos adversos médicos e infecções hospitalares, com o odds ratio ajustado estimado de 3,74 (intervalo de confiança de 95% [IC] 1,64-8,54), 3,71 (IC 95% 1,61-8,53) e 3,22 (IC 95% 1,21-8,59), respectivamente.
Conclusão: Os eventos adversos, sobretudo os graves, predominaram entre os casos de óbitos de pacientes, resultando principalmente de procedimentos diagnósticos e terapêuticos e de atividades de enfermagem. Apesar das limitações impostas pela natureza retrospectiva e observacional do estudo, revelou-se que os eventos adversos graves, os eventos adversos médicos e as infecções hospitalares estiveram associados significativamente com o óbito em pacientes com AVE.
Objectives: To identify the occurrence of adverse events in stroke patients presenting to the emergency department of a tertiary university facility, and to disclose the categories of adverse events associated with death.
Methods: This matched case-control study enrolled 468 patients admitted with stroke to the emergency department from March 1996 to September 1999. The cases comprised 234 consecutive deaths and the controls 234 discharged patients, matched for primary diagnosis and admission period. Adverse events, detected by chart review, were classified according to the degree of severity, immediate causes, and professional category. The association with death was analysed by conditional logistic regression.
Results: Adverse events totaled 1.218 and occurred in 295 patients: 932 events (76.5%) in 170 cases and 286 (23.5%) in 125 controls. Major adverse events equaled 54.1% of all events (659 episodes): 538 events in 143 cases and 121 in 65 controls. Diagnostic or therapeutic procedures and nursing activities accounted for 55.2% of events. Nursing (38.4%) and medical (31%) adverse events represented the most common related professional categories. A significant association with death was found for major adverse events, medical adverse events, and nosocomial infections, with adjusted odds ratio estimates of 3.74 [95% confidence interval (CI) 1.64-8.54], 3.71 (95% CI 1.61-8.53), and 3.22 (95% CI 1.21-8.59), respectively.
Conclusion: Adverse events, mostly severe, predominated among deceased patients, resulting mainly from diagnostic or therapeutic procedures and nursing activities. In spite of limitations concerning the observational retrospective nature of this study, we found that severe adverse events, medical adverse events, and nosocomial infections were significantly associated with death in stroke patients.
