Eventos adversos em pacientes com câncer falecidos no hospital como uma medida da qualidade e da segurança no tratamento paliativo do câncer

Ellinor Christin Haukland ; Christian von Plessen ; Carsten Nieder ; Barthold Vonen
Título original:
Adverse events in deceased hospitalised cancer patients as a measure of quality and safety in end-of-life cancer care
Resumo:

CONTEXTO: O tratamento do câncer expõe os pacientes a consequências negativas, como o aumento da toxicidade e a diminuição da qualidade de vida; por isso, existem diretrizes claras recomendando a limitação do uso de tratamentos agressivos contra o câncer para pacientes perto do final da vida. O objetivo deste estudo foi investigar a associação entre o tratamento do câncer nos últimos 30 dias de vida e a ocorrência de eventos adversos que contribuem para a morte, procurando elucidar como os eventos adversos podem ser usados como uma medida da qualidade e da segurança no tratamento paliativo do câncer. MÉTODOS: Fizemos um estudo de coorte retrospectivo com 247 pacientes com câncer falecidos em três hospitais na Noruega em 2012 e 2013. Utilizamos a Ferramenta de Rastreamento Global (Global Trigger Tool) para identificar os eventos adversos. A regressão de Poisson e a regressão logística binária foram usadas para comparar eventos adversos e sua associação com o tratamento do câncer nos últimos 30 dias de vida. RESULTADOS: Ao todo, 30% dos pacientes falecidos com câncer no hospital receberam algum tipo de tratamento contra o câncer nos últimos 30 dias de vida, principalmente tratamento sistêmico. Estes pacientes sofreram 62% mais eventos adversos do que os pacientes que não foram tratados nos últimos 30 dias: 39 vs. 24 eventos adversos por 1000 pacientes-dias (p<0,001, OR 1,62 [1,23-2,15]). Também tiveram o dobro da probabilidade de sofrer um evento adverso que contribuísse para a morte em comparação com os pacientes sem tratamento: 33 vs. 18% (p=0,045, OR 1,85 [1,01-3,36]). A prestação de cuidado paliativo especializado reduziu a taxa de EAs por 1000 pacientes-dias em ambos os grupos em 29% (p=0,02, RRI 0,71, IC 95% 0,53-0,96). CONCLUSÕES: O tratamento do câncer nos últimos 30 dias de vida está associado a um aumento significativo da taxa de eventos adversos e da mortalidade relacionada a esses eventos. Os pacientes que receberam cuidado paliativo especializado apresentaram significativamente menos eventos adversos, o que corrobora as recomendações de integração precoce do cuidado paliativo a partir da perspectiva da segurança do paciente.
 

Resumo Original:

BACKGROUND: Anticancer treatment exposes patients to negative consequences such as increased toxicity and decreased quality of life, and there are clear guidelines recommending limiting use of aggressive anticancer treatments for patients near end of life. The aim of this study is to investigate the association between anticancer treatment given during the last 30 days of life and adverse events contributing to death and elucidate how adverse events can be used as a measure of quality and safety in end-of-life cancer care. METHODS: Retrospective cohort study of 247 deceased hospitalised cancer patients at three hospitals in Norway in 2012 and 2013. The Global Trigger Tool method were used to identify adverse events. We used Poisson regression and binary logistic regression to compare adverse events and association with use of anticancer treatment given during the last 30 days of life. RESULTS: 30% of deceased hospitalised cancer patients received some kind of anticancer treatment during the last 30 days of life, mainly systemic anticancer treatment. These patients had 62% more adverse events compared to patients not being treated last 30 days, 39 vs. 24 adverse events per 1000 patient days (p < 0.001, OR 1.62 (1.23-2.15). They also had twice the odds of an adverse event contributing to death compared to patients without such treatment, 33 vs. 18% (p = 0.045, OR 1.85 (1.01-3.36)). Receiving follow up by specialist palliative care reduced the rate of AEs per 1000 patient days in both groups by 29% (p = 0.02, IRR 0.71, CI 95% 0.53-0.96). CONCLUSIONS: Anticancer treatment given during the last 30 days of life is associated with a significantly increased rate of adverse events and related mortality. Patients receiving specialist palliative care had significantly fewer adverse events, supporting recommendations of early integration of palliative care in a patient safety perspective.

 

Fonte:
BMC Palliat Care ; 19(1): 76; 2021. DOI: 10.1186/s12904-020-00579-0..