Eventos adversos no serviço de emergência pediátrico: um estudo de coorte prospectivo
CONTEXTO: A compreensão dos eventos adversos em crianças tratadas no serviço de emergência (SE) oferece uma oportunidade para melhorar a segurança do paciente, gerando evidências para orientar a concentração dos esforços em um ambiente com recursos limitados. OBJETIVO: Estimar o risco de eventos adversos, seu tipo, evitabilidade e gravidade em crianças atendidas em um SE pediátrico. MÉTODOS: Este estudo de coorte prospectivo examinou os resultados de saúde de pacientes que se apresentaram a um SE pediátrico durante o período de 1 ano. O desfecho primário foi a proporção de pacientes com um evento adverso (danos ao paciente causados pelo cuidado de saúde recebido) relacionado ao tratamento no SE, até 3 semanas após o atendimento. Realizamos entrevistas telefônicas estruturadas com todos os pacientes e familiares durante um período de 3 semanas após o atendimento para verificar os desfechos identificados (tais como visitas repetidas ao SE, piora dos sintomas) e rastreamos os prontuários médicos dos pacientes internados usando uma ferramenta de rastreamento validada. Nos pacientes nos quais foram identificados desfechos ou indicadores, três médicos emergencistas determinaram independentemente se ocorreu um evento adverso. RESULTADOS: De 1567 pacientes elegíveis, 1367 (87,2%) foram incluídos no estudo e 1319 (96,5%) foram acompanhados. A idade mediana dos pacientes foi de 4,34 anos (intervalo interquartis, 1,5 a 10,57 anos), e a maioria (n=1281; 93,7%) recebeu alta. Entre os pacientes acompanhados, 33 (2,5%, IC 95% 1,8% a 3,5%) sofreram um evento adverso relacionado ao tratamento no SE. Nenhum paciente sofreu mais de um evento. Ao todo, 29 eventos adversos (87,9%, IC 95% 72,7% a 95,2%) foram considerados evitáveis. Os tipos mais comuns de eventos adversos (não mutuamente exclusivos) foram problemas ligados ao tratamento (51,5%), problemas ligados ao diagnóstico (45,5%) e acompanhamento inadequado (15,2%). CONCLUSÃO: Uma de cada 40 crianças sofreu um evento adverso relacionado com o cuidado no SE. Uma alta proporção dos eventos foi considerada evitável. Os problemas ligados ao tratamento e ao diagnóstico precisam ser estudados de forma mais aprofundada.
Resumo:
BACKGROUND: Understanding adverse events among children treated in the emergency department (ED) offers an opportunity to improve patient safety by providing evidence of where to focus efforts in a resource-restricted environment. OBJECTIVE: To estimate the risk of adverse events, their type, preventability and severity, for children seen in a paediatric ED. METHODS: This prospective cohort study examined outcomes of patients presenting to a paediatric ED over a 1-year period. The primary outcome was the proportion of patients with an adverse event (harm to patient related to healthcare received) related to ED care within 3 weeks of their visit. We conducted structured telephone interviews with all patients and families over a 3-week period following their visit to identify flagged outcomes (such as repeat ED visits, worsening symptoms) and screened admitted patients' health records with a validated trigger tool. For patients with flagged outcomes or triggers, three ED physicians independently determined whether an adverse event occurred. RESULTS: Of 1567 eligible patients, 1367 (87.2%) were enrolled and 1319 (96.5%) reached in follow-up. Median patient age was 4.34 years (IQR 1.5 to 10.57 years) and most (n=1281; 93.7%) were discharged. Among those with follow-up, 33 (2.5%, 95% CI 1.8% to 3.5%) suffered an adverse event related to ED care. None experienced more than one event. Twenty-nine adverse events (87.9%, 95% CI 72.7% to 95.2%) were deemed preventable. The most common types of adverse events (not mutually exclusive) were management issues (51.5%), diagnostic issues (45.5%) and suboptimal follow-up (15.2%). CONCLUSION: One in 40 children suffered adverse events related to ED care. A high proportion of events were preventable. Management and diagnostic issues warrant further study.
