A evolução do papel dos enfermeiros na segurança do paciente

KOWALSKI, S.L. ; ANTHONY, M.
Título original:
CE: Nursing's Evolving Role in Patient Safety
Resumo:

Contexto: Em seu relatório de 1999, “To Err Is Human: Building a Safer Health System”, o Institute of Medicine (IOM) sugeriu que entre 44.000 e 98.000 americanos morrem anualmente em razão de erros no cuidado de saúde. O relatório instou que as instituições de saúde quebrassem o silêncio em torno desses erros e que implementassem mudanças que promovessem uma cultura de segurança. 

Objetivo: O nosso objetivo ao realizar esta análise de conteúdo de artigos do AJN foi explorar o papel histórico e contemporâneo dos enfermeiros na promoção da segurança do paciente. Decidimos nos concentrar no AJN porque, sendo o mais antigo periódico de enfermagem publicado continuamente, oferece-nos uma oportunidade única para observar tendências nas práticas de enfermagem durante mais de 100 anos. 

Métodos: Revisamos todos os índices do AJN de 1900 até 2015, procurando identificar artigos cujos títulos sugerissem um foco em cuidados de enfermagem, segurança do paciente ou conteúdo clínico. A seguir, fizemos a leitura e a análise de todos os 1.086 artigos incluídos durante um período de nove meses. 

Resultados: A nossa análise de conteúdo indica que os artigos mais antigos (de 1900 a 1920) se concentravam em medidas de segurança como a assepsia e a teoria dos germes, que havia sido compreendida recentemente. Na década de 1930, os artigos propunham métodos para prevenir os erros de medicação e encorajavam o desenvolvimento de procedimentos escritos para padronizar o cuidado. Durante a Segunda Guerra Mundial, os autores de artigos de enfermagem identificaram melhores taxas de sobrevida com o uso de enfermarias para pacientes em estado de choque (“shock wards”) e salas de recuperação. Na década de 1950, observou-se o surgimento de iniciativas progressivas para o cuidado de saúde, nas quais os pacientes eram encaminhados a diferentes níveis de cuidado (intensivo, intermediário, autocuidado, longa permanência ou atenção domiciliar) segundo a gravidade do paciente. Na década de 1960 aumentou a utilização de equipamentos e regimes de medicação cada vez mais complexos, o que criou problemas de segurança. Foram reconhecidas as infecções adquiridas no hospital. Os medicamentos em dose unitária foram instituídos na década de 1970. Nas duas décadas seguintes, enfatizou-se a segurança dos medicamentos e dos procedimentos de enfermagem. De 2000 a 2015, os artigos transcenderam a análise do desempenho humano como causa de erros no cuidado de saúde e passaram a examinar fatores sistêmicos, tais como a má comunicação, a razão pacientes/enfermeiro, o conjunto de competências dos prestadores do cuidado de saúde, os comportamentos disruptivos ou inapropriados, os turnos de trabalho e os longos períodos de trabalho. 

Conclusões: A ênfase na segurança do paciente aumentou à medida que o cuidado de saúde se tornou mais complexo. À medida que os enfermeiros desenvolveram uma identidade profissional, muitas vezes puseram o foco em preocupações e soluções de segurança. O relatório do IOM, que encorajou a pesquisa centrada em soluções sistêmicas para os erros, foi importante para promover a mesma cultura de segurança que a profissão da enfermagem já havia defendido.

Resumo Original:

Background: In its 1999 report To Err Is Human: Building a Safer Health System, the Institute of Medicine (IOM) suggested that between 44,000 and 98,000 Americans die annually as a result of medical errors. The report urged health care institutions to break the silence surrounding such errors and to implement changes that would promote a culture of safety. 

Objective: Our aim in conducting this content analysis of AJN articles was to explore the nurse's historical and contemporary role in promoting patient safety. We chose to focus on AJN because, as the oldest continuously published nursing journal, it provided a unique opportunity for us to view trends in nursing practice over more than 100 years. 

Methods: We reviewed all AJN tables of contents from 1900 through 2015, identifying for inclusion articles with titles that suggested a focus on nursing care, patient safety, or clinical content. We then read and analyzed each of the final 1,086 articles over a period of nine months. 

Findings: Our content analysis indicates that the early articles (from 1900 through 1920) focused on such safety measures as asepsis and the newly understood germ theory. In the 1930s, articles proposed methods for preventing medication errors and encouraged the development of written procedures to standardize care. During World War II, nurse authors identified improved patient survival rates with the use of "shock wards" and recovery rooms. The 1950s saw the emergence of progressive patient care initiatives, through which patients were assigned to various levels of care (intensive, intermediate, self, long-term, or home care) based on patient acuity. The 1960s brought increasingly complex equipment and medication regimens, which created safety problems. Hospital-acquired infections were recognized. Unit-dose medication was instituted in the 1970s. In the next two decades, medication and nursing-procedure safety were emphasized. From 2000 to 2015, articles looked beyond human performance as causes of health care errors to systemic factors, such as poor communication, patient-nurse ratios, provider skill mix, disruptive or inappropriate provider behavior, shift work, and long working hours. 

Conclusions: Emphasis on patient safety increased as patient care became more complex. As nurses developed a professional identity, they often put a spotlight on safety concerns and solutions. The IOM report, which encouraged research focused on systemic solutions to errors, was instrumental in furthering the very culture of safety that the nursing profession had championed.

Fonte:
The American Journal of Nursing ; 117(2): 34–48; 2017. DOI: 10.1097/01.NAJ.0000512274.79629.3c.