Expectativas dos pacientes sobre os benefícios e danos causados por tratamentos, testes de rastreamento e exames: uma revisão sistemática

HOFFMAN, T. C. ; DEL MAR, C.
Título original:
Patients' expectations of the benefits and harms of treatments, screening, and tests: a systematic review
Resumo:

Importância: Quando os pacientes têm expectativas pouco realistas sobre os benefícios e os riscos de certas intervenções, isto pode influenciar suas decisões, contribuindo para aumentar a utilização das intervenções e os custos do cuidado de saúde.

Objetivo: Rever sistematicamente todos os estudos que tenham avaliado quantitativamente as expectativas dos pacientes sobre os benefícios e/ou danos de qualquer tratamento, exame ou teste de rastreamento.

Revisão das Evidências: Utilizamos uma estratégia de pesquisa abrangente em quatro bases de dados (MEDLINE, Embase, Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature, PsycINFO) até junho de 2013, sem restrições quanto ao idioma ou ao tipo de estudo. Também fizemos pesquisas entre a bibliografia citada em cada estudo e entramos em contato com especialistas e com os autores dos estudos. Dois pesquisadores avaliaram independentemente a qualidade metodológica dos estudos e extraíram as estimativas dos pacientes sobre os benefícios e os danos e as estimativas atuais dos autores.

Resultados: Dentre os 15.343 trabalhos identificados, 36 artigos (de 35 estudos), envolvendo um total de 27.323 pacientes, foram considerados elegíveis. Dentre os estudos incluídos, 14 avaliaram um rastreamento, 15 um tratamento, 3 um exame e 3 um tratamento e um rastreamento. Em sua maioria, os estudos avaliaram apenas as expectativas sobre os benefícios (22 [63%]). Os que avaliaram os benefícios e os danos ou apenas os danos corresponderam, respectivamente, a 29% (10) e 8% (3) do total de estudos analisados. No total, 54 desfechos (de 32 estudos) avaliaram as expectativas de benefícios: dentre os 34 desfechos que permitiram avaliar a superestimação, em 22 (65%) deles os benefícios foram superestimados pela maioria dos participantes. Em 17 desfechos sobre as expectativas de benefícios, não foi possível calcular a proporção de participantes que os super ou subestimou; porém, em 15 (88%) desses desfechos, os autores dos estudos concluíram que os participantes superestimaram os benefícios. As expectativas de danos foram avaliadas por 27 desfechos (de 13 estudos): 15 desfechos apresentaram dados sobre a subestimação. Em 10 (67%) deles, os danos foram subestimados pela maioria dos participantes. Uma estimativa correta por parte de, no mínimo, 50% dos participantes só foi observada em 2 desfechos sobre as expectativas de benefícios e em 2 desfechos sobre as expectativas de danos.

Conclusões e Relevância: A maioria dos participantes superestimou os benefícios das intervenções e subestimou seus danos. Os profissionais de saúde devem discutir informações precisas e equilibradas sobre os benefícios e os danos de uma intervenção com seus pacientes, dando-lhes a oportunidade de adotar expectativas realistas e tomar decisões bem embasadas.

Resumo Original:

Importance: Unrealistic patient expectations of the benefits and harms of interventions can influence decision making and may be contributing to increasing intervention uptake and health care costs.

Objective: To systematically review all studies that have quantitatively assessed patients' expectations of the benefits and/or harms of any treatment, test, or screening test.

Evidence Review: A comprehensive search strategy was used in 4 databases (MEDLINE, Embase, Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature, PsycINFO) up to June 2013, with no language or study type restriction. We also ran cited reference searches of included studies and contacted experts and study authors. Two researchers independently evaluated methodological quality and extracted participants' estimates of benefit and harms and authors' contemporaneous estimates.

Findings: Of the 15 343 records screened, 36 articles (from 35 studies) involving a total of 27 323 patients were eligible. Fourteen studies focused on a screen, 15 on treatment, 3 a test, and 3 on treatment and screening. More studies assessed only benefit expectations (22 [63%]) than benefit and harm expectations (10 [29%]) or only harm (3 [8%]). Fifty-four outcomes (across 32 studies) assessed benefit expectations: of the 34 outcomes with overestimation data available, the majority of participants overestimated benefit for 22 (65%) of them. For 17 benefit expectation outcomes, we could not calculate the proportion of participants who overestimated or underestimated, although for 15 (88%) of these, study authors concluded that participants overestimated benefits. Expectations of harm were assessed by 27 outcomes (across 13 studies): underestimation data were available for 15 outcomes and the majority of participants underestimated harm for 10 (67%) of these. A correct estimation by at least 50% of participants only occurred for 2 outcomes about benefit expectations and 2 outcomes about harm expectations.

Conclusions and Relevance: The majority of participants overestimated intervention benefit and underestimated harm. Clinicians should discuss accurate and balanced information about intervention benefits and harms with patients, providing the opportunity to develop realistic expectations and make informed decisions. 2168-6114

Fonte:
JAMA Internal Medicine ; 175(2): 274-286; 2015. DOI: 10.1001/jamainternmed.2014.6016.
DECS:
mau uso de serviços de saúde, programas de rastreamento , psicologia, aceitação pelo paciente de cuidados de saúde
Nota Geral:

Crédito da imagem: Orange.PT