Exploração das barreiras e fatores facilitadores da segurança psicológica em equipes de atenção primária: um estudo qualitativo

Remtulla, R. ; Hagana, A. ; Houbby, N. ; Ruparell, K. ; Aojula, N. ; Menon, A. ; Thavarajasingam, S.G.
Título original:
Exploring the barriers and facilitators of psychological safety in primary care teams: a qualitative study
Resumo:

Contexto: A segurança psicológica é o estado no qual as pessoas se sentem confortáveis para expressar o que pensam em um ambiente de trabalho, sem medo de constrangimento ou críticas de terceiros. A segurança psicológica no cuidado de saúde está associada a melhores resultados de segurança do paciente, maior envolvimento dos médicos e promoção de um ambiente de aprendizado criativo. Portanto, é importante estabelecer quais são as principais barreiras ou fatores facilitadores para o estabelecimento da segurança psicológica. A literatura existente sobre a segurança psicológica em equipes de saúde tem se concentrado na atenção secundária, principalmente a partir da perspectiva dos profissionais individuais. Tendo em vista a crescente atenção dada ao trabalho multidisciplinar na atenção primária e a necessidade de estudos baseados em equipes, uma vez que a segurança psicológica é um construto elaborado em equipe, este estudo procurou investigar as barreiras e os fatores facilitadores para a segurança psicológica em equipes multidisciplinares de atenção primária. Métodos: Utilizamos um desenho de pesquisa qualitativa baseada em um único método. Os profissionais da saúde de quatro equipes de atenção primária (n=20) foram recrutados usando o método de amostragem em bola de neve. A coleta de dados foi feita por meio de entrevistas semiestruturadas. Utilizamos a análise temática para gerar os resultados. Resultados: A análise destacou três temas: crenças comuns, barreiras e fatores facilitadores para a segurança psicológica. As crenças comuns ofereceram insights sobre o funcionamento das equipes, apresentando um contexto importante para as barreiras e fatores facilitadores específicos de cada equipe. Identificamos quatro barreiras para a segurança psicológica: hierarquia, percepção de falta de conhecimento, personalidade e lideranças autoritárias. Também identificamos oito fatores facilitadores: lideranças inclusivas, cultura aberta, personalidade expressiva, apoio em ambientes compartimentalizados, pessoas que transitam entre diferentes ambientes, presidência das reuniões, fortes relações interpessoais e grupos pequenos. Conclusão: Este estudo enfatiza que os fatores que influenciam a segurança psicológica podem estar ligados às pessoas, às equipes ou à organização como um todo. Embora a literatura anterior tenha se concentrado no papel dos líderes na promoção da segurança psicológica, todos os membros da equipe podem contribuir para a criação de um ambiente seguro. Os membros podem facilitar a segurança psicológica nos casos em que faltam comportamentos positivos de liderança — por exemplo, fortalecendo as relações interpessoais, encontrando apoio em ambientes compartimentalizados ou promovendo a rotatividade da presidência das reuniões em equipe. Esperamos que estes resultados encorajem as equipes a refletir sobre a dinâmica de seu trabalho e a adotar estratégias para garantir que a voz de cada membro seja ouvida. 
 

Resumo Original:

Background: Psychological safety is the concept by which individuals feel comfortable expressing themselves in a work environment, without fear of embarrassment or criticism from others. Psychological safety in healthcare is associated with improved patient safety outcomes, enhanced physician engagement and fostering a creative learning environment. Therefore, it is important to establish the key levers which can act as facilitators or barriers to establishing psychological safety. Existing literature on psychological safety in healthcare teams has focused on secondary care, primarily from an individual profession perspective. In light of the increased focus on multidisciplinary work in primary care and the need for team-based studies, given that psychological safety is a team-based construct, this study sought to investigate the facilitators and barriers to psychological safety in primary care multidisciplinary teams. Methods: A mono-method qualitative research design was chosen for this study. Healthcare professionals from four primary care teams (n = 20) were recruited using snowball sampling. Data collection was through semi-structured interviews. Thematic analysis was used to generate findings. Results: Three meta themes surfaced: shared beliefs, facilitators and barriers to psychological safety. The shared beliefs offered insights into the teams’ background functioning, providing important context to the facilitators and barriers of psychological safety specific to each team. Four barriers to psychological safety were identified: hierarchy, perceived lack of knowledge, personality and authoritarian leadership. Eight facilitators surfaced: leader and leader inclusiveness, open culture, vocal personality, support in silos, boundary spanner, chairing meetings, strong interpersonal relationships and small groups. Conclusion: This study emphasises that factors influencing psychological safety can be individualistic, team-based or organisational. Although previous literature has largely focused on the role of leaders in promoting psychological safety, safe environments can be created by all team members. Members can facilitate psychological safety in instances where positive leadership behaviours are lacking - for example, strengthening interpersonal relationships, finding support in silos or rotating the chairperson in team meetings. It is anticipated that these findings will encourage practices to reflect on their team dynamics and adopt strategies to ensure every member’s voice is heard. 
 

Fonte:
BMC Health Services Research ; 21(1): 269; 2021. DOI: 10.1186/s12913-021-06232-7.