Fatores que afetam a segurança durante a passagem de casos clínicos: um estudo baseado em entrevistas
Objetivos: Para fazer frente aos desafios enfrentados pela segurança do paciente, é fundamental melhorar a passagem de casos clínicos. O objetivo principal deste estudo baseado em entrevistas é explorar as atitudes e experiências dos profissionais de saúde em episódios críticos de passagem de casos clínicos, de modo a elucidar os fatores que afetam a passagem de casos da ambulância ao hospital e de um hospital a outro. O objetivo secundário é identificar possíveis soluções para otimizar a passagem de casos, definida como "situação na qual a responsabilidade profissional por alguns ou por todos os aspectos do diagnóstico, tratamento ou cuidado do paciente é transferida para outra pessoa de forma temporária ou permanente".
Métodos: Realizamos 47 entrevistas pessoais semiestruturadas num grande hospital universitário na Capital Region da Dinamarca entre 2008 e 2009, a fim de ter uma visão abrangente das percepções dos profissionais sobre episódios críticos por eles vivenciados durante a passagem de casos clínicos. Incluímos diferentes processos de passagem de casos observados em diversas especialidades. Entrevistamos um total de 23 enfermeiros, 3 auxiliares de enfermagem, 13 médicos, 5 paramédicos, 2 maqueiros e 1 técnico em radiologia de diferentes serviços e unidades.
Resultados: Encontramos oito fatores centrais que afetam a segurança do paciente durante a passagem de casos clínicos: comunicação, informação, organização, infraestrutura, profissionalismo, responsabilidade, consciência de equipe e cultura.
Conclusões: Os oito fatores identificados indicam que a passagem de casos clínicos é uma situação complexa. A organização estudada não considerou a passagem de casos como um momento crucial para a segurança da internação, revelando imaturidade na cultura de segurança em relação à passagem de casos. O trabalho foi realizado de forma compartimentalizada e foi observado que muitas das barreiras à passagem de casos estavam relacionadas ao fato de que poucos profissionais tinham uma visão plena de todo o itinerário clínico percorrido pelo paciente.
Aims: Improvement of clinical handover is fundamental to meet the challenges of patient safety. The primary aim of this interview study is to explore healthcare professionals' attitudes and experiences with critical episodes in patient handover in order to elucidate factors that impact on handover from ambulance to hospitals and within and between hospitals. The secondary aim is to identify possible solutions to optimise handovers, defined as "situations where the professional responsibility for some or all aspects of a patient's diagnosis, treatment or care is transferred to another person on a temporary or permanent basis".
Methods: We conducted 47 semi-structured single-person interviews in a large university hospital in the Capital Region in Denmark in 2008 and 2009 to obtain a comprehensive picture of clinicians' perceptions of self-experienced critical episodes in handovers. We included different types of handover processes that take place within several specialties. A total of 23 nurses, three nurse assistants, 13 physicians, five paramedics, two orderlies, and one radiographer from different departments and units were interviewed.
Results: We found eight central factors to have an impact on patient safety in handover situations: communication, information, organisation, infrastructure, professionalism, responsibility, team awareness, and culture.
Conclusions: The eight factors identified indicate that handovers are complex situations. The organisation did not see patient handover as a critical safety point of hospitalisation, revealing that the safety culture in regard to handover was immature. Work was done in silos and many of the handover barriers were seen to be related to the fact that only few had a full picture of a patient's complete pathway.
