Gestão da segurança em tempos de crise: lições aprendidas de uma análise de status nacional em unidades de terapia intensiva alemãs durante a pandemia de COVID-19
Resumo
Contexto: O status da Gestão de Segurança é altamente relevante para avaliar a capacidade de uma organização de lidar com eventos inesperados ou erros, especialmente em tempos de crise. No entanto, ainda não está bem claro até que ponto a Gestão da Segurança foi desenvolvida e suficientemente implementada no sistema de saúde durante a pandemia da COVID-19. Espera-se que o fornecimento de insights sobre o potencial de melhoria seja direcionado para os esforços contínuos de Gestão da Segurança, em tempos de crise e além dela.
Método: Um estudo de pesquisa nacional foi realizado entre profissionais de saúde e profissionais auxiliares em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) alemãs para avaliar suas experiências durante a primeira onda da pandemia de COVID-19. As medidas de Gestão de Erros e Cultura de Segurança do Paciente (CSP) serviram para operacionalizar a Gestão da Segurança. Os dados foram analisados de forma descritiva e por meio de análise de conteúdo quantitativa (ACQ).
Resultados: Resultados para n = 588 participantes de 53 hospitais mostram que há uma lacuna entre erros ocorridos, relatados, documentados e resolvidos. A ACQ revelou que a baixa qualidade da cultura de segurança (27,8%) foi o motivo mais citado para os erros não terem sido abordados. No geral, as classificações da CSP variaram de 26,7 a 57,9% de resposta positiva, com Contigentes de pessoal sendo a pior dimensão e Trabalho em equipe nas unidades, a dimensão mais bem avaliada. Apesar de as avaliações mostrarem um padrão semelhante, a equipe médica classificou a CSP nas UTIs de forma mais positiva do que a equipe de enfermagem.
Conclusão: A análise do status da Gestão de Segurança em tempos de crise revelou um potencial de melhoria relevante. O Fator Humano desempenha um papel crucial na ocorrência e na forma como os erros são tratados nas UTIs, mas os fatores sistêmicos não devem ser subestimados. São necessários esforços adicionais, especificamente nos domínios dos contingentes de pessoal e de relato, documentação e comunicação de erros, para melhorar a gestão da segurança nas UTIs. Esses achados também podem se aplicar a todas as nações e setores além da área médica.
Abstract
Background: The status of Safety Management is highly relevant to evaluate an organization's ability to deal with unexpected events or errors, especially in times of crisis. However, it remains unclear to what extent Safety Management was developed and sufficiently implemented within the healthcare system during the COVID-19 pandemic. Providing insights of potential for improvement is expected to be directional for ongoing Safety Management efforts, in times of crisis and beyond.
Method: A nationwide survey study was conducted among healthcare professionals and auxiliary staff on German Intensive Care Units (ICUs) evaluating their experiences during the first wave of the COVID-19 pandemic. Error Management and Patient Safety Culture (PSC) measures served to operationalize Safety Management. Data were analyzed descriptively and by using quantitative content analysis (QCA).
Results: Results for n = 588 participants from 53 hospitals show that there is a gap between errors occurred, reported, documented, and addressed. QCA revealed that low quality of safety culture (27.8%) was the most mentioned reason for errors not being addressed. Overall, ratings of PSC ranged from 26.7 to 57.9% positive response with Staffing being the worst and Teamwork Within Units being the best rated dimension. While assessments showed a similar pattern, medical staff rated PSC on ICUs more positively in comparison to nursing staff.
Conclusion: The status-analysis of Safety Management in times of crisis revealed relevant potential for improvement. Human Factor plays a crucial role in the occurrence and the way errors are dealt with on ICUs, but systemic factors should not be underestimated. Further intensified efforts specifically in the fields of staffing and error reporting, documentation and communication are needed to improve Safety Management on ICUs. These findings might also be applicable across nations and sectors beyond the medical field.