Habilidades para a segurança do paciente na atenção primária: um inquérito nacional entre educadores de médicos generalistas

AHMED, M. ; ARORA, S. ; MCKAY, J. ; LONG, S. ; VINCENT, C. ; KELLY, M. ; SEVDALIS, N.
Título original:
Patient safety skills in primary care: a national survey of GP educators
Resumo:

Contexto: Os profissionais de saúde têm um papel vital na promoção da segurança do paciente — um papel que vai além de suas competências técnicas. As qualidades e os atributos de um médico que atua de forma segura no ambiente hospitalar têm sido estudadas, mas ainda é preciso realizar um trabalho semelhante na atenção primária. Um exame das habilidades e dos atributos de um médico generalista que atua de forma segura pode ajudar a embasar o desenvolvimento de programas de formação para promover a segurança do paciente na atenção primária.

Objetivo: Examinar tanto o ponto de vista dos Supervisores Educacionais de Médicos Generalistas (GPES, na sigla em inglês) sobre as qualidades e os atributos de um médico generalista que atua de forma segura quanto suas percepções sobre a possibilidade de treinar essas habilidades para a segurança, comparando resultados selecionados com os resultados de um estudo anterior realizado com médicos de hospitais.

Métodos: Estudo em duas etapas que envolveram a validação do conteúdo de um questionário sobre habilidades para a segurança (desenvolvido originalmente para médicos de hospitais) (fase 1) e um inquérito prospectivo com todos os GPES da Escócia (n = 691) (Fase 2). 

Resultados: Fase 1: O questionário, cujo conteúdo foi validado, continha 66 habilidades/atributos para a segurança, divididos em 17 categorias amplas. O índice de validade de conteúdo global foi de 0.92. Fase 2: 348 (50%) GPES responderam ao inquérito. Os GPES consideraram que as habilidades/atributos mais importantes para um médico generalista que  atua de forma segura são: a sinceridade (93%), as habilidades técnicas na prática clínica (89%) e a conscienciosidade (89%). A habilidade considerada menos importante/relevante para um médico generalista que atua de forma segura foi a capacidade de liderança (36%). Estes resultados são bastante diferentes dos que foram obtidos entre médicos de hospitais em estudo anterior. Os GPES consideraram que as habilidades/atributos para a segurança mais treináveis eram: as habilidades técnicas (93%), a consciência situacional (75%) e a antecipação/preparação (71%). As menos treináveis eram: a sinceridade (35%), a humildade (33%) e a sensibilização/empatia em relação ao paciente (30%). Outras habilidades para a segurança identificadas como relevantes para a atenção primária foram: a defesa dos interesses do paciente, as habilidades de negociação, a responsabilização/apropriação e a intuição clínica ("ouvir aquela preocupante vozinha interna").

Conclusões: Os GPES acreditam que uma ampla gama de habilidades e atributos contribui para que um médico generalista atue de forma segura. Existem diferenças importantes, porém sutis, entre o que os médicos da atenção primária e secundária percebem como atributos fundamentais para a segurança. Os educadores, médicos generalistas e especialistas em segurança do paciente devem colaborar para desenvolver e implementar programas de treinamento dessas habilidades, a fim de assegurar que os médicos generalistas atuais e futuros possuam as competências necessárias para envolver-se nas iniciativas de melhoria da segurança e liderá-las.

Resumo Original:

Background: Clinicians have a vital role in promoting patient safety that goes beyond their technical competence. The qualities and attributes of the safe hospital doctor have been explored but similar work within primary care is lacking. Exploring the skills and attributes of a safe GP may help to inform the development of training programmes to promote patient safety within primary care.

Purpose: To determine the views of General Practice Educational Supervisors (GPES) regarding the qualities and attributes of a safe General Practitioner (GP) and the perceived trainability of these `safety skills inverted question mark and to compare selected results with those generated by a previous study of hospital doctors.

Methods: This was a two-stage study comprising content validation of a safety skills questionnaire (originally developed for hospital doctors)(Stage 1) and a prospective survey of all GPES in Scotland (n inverted question mark= inverted question mark691)(Stage 2).

Results: Stage 1: The content-validated questionnaire comprised 66 safety skills/attributes across 17 broad categories with an overall content validation index of 0.92.Stage 2: 348(50%) GPES completed the survey. GPES felt the skills/attributes most important to being a safe GP were honesty (93%), technical clinical skills (89%) and conscientiousness(89%). That deemed least important/relevant to being a safe GP was leadership (36%). This contrasts sharply with the views of hospital doctors in the previous study. GPES felt the most trainable safety skills/attributes were technical skills (93%), situation awareness (75%) and anticipation/preparedness (71%). The least trainable were honesty (35%), humility( 33%) and patient awareness/empathy(30%). Additional safety skills identified as relevant to primary care included patient advocacy, negotiation skills, accountability/ownership and clinical intuition (`listening to that worrying little inner voice inverted question mark).

Conclusions: GPES believe a broad range of skills and attributes contribute to being a safe GP. Important but subtle differences exist between what primary care and secondary care doctors perceive as core safety attributes. Educationalists, GPs and patient safety experts should collaborate to develop and implement training in these skills to ensure that current and future GPs possess the necessary competencies to engage and lead in safety improvement efforts.

Fonte:
BMC Family Practice ; 15(1): 1-8; 2014. DOI: 10.1186/s12875-014-0206-5.
DECS:
docentes de medicina, competência clínica, medicina geral, segurança do paciente, atenção primária à saúde, estudos prospectivos, reprodutibilidade dos testes, inquéritos e questionários