Impacto das passagens de casos à beira do leito sobre indicadores clínicos relevantes: um estudo longitudinal multicêntrico controlado por pareamento

Simon Malfait ; Kristof Eeckloo ; Lara Van Opdorp ; Wim Van Biesen ; Ann Van Hecke
Título original:
The impact of bedside handovers on relevant clinical indicators: A matched-controlled multicentre longitudinal study
Resumo:

Objetivo: Investigar os efeitos da passagem de casos à beira do leito em comparação com a passagem de casos tradicional, sobre o tempo de internação, as reinternações não planejadas, as úlceras por pressão adquiridas no hospital, as quedas de pacientes, as reinfusões intravenosas não programadas e a dor. Desenho: Realizamos um estudo longitudinal multicêntrico controlado por pareamento. Métodos: A passagem de casos à beira do leito foi implementada em cinco enfermarias de intervenção de uma amostra de conveniência de quatro hospitais (três enfermarias clínico-cirúrgicas e duas enfermarias para reabilitação clínica). Quatro enfermarias de controle continuaram a usar a passagem de casos tradicional (duas enfermarias clínico-cirúrgicas, uma enfermaria de reabilitação clínica e uma enfermaria de reabilitação clínico-cirúrgica mista; uma para cada hospital). Consultamos os prontuários dos pacientes e relatos de pacientes individuais nos sistemas eletrônicos de notificação de incidentes (N intervenção=509; N controle=265). O estudo foi realizado entre maio de 2016 e fevereiro de 2018, e os dados foram coletados entre março de 2018 e junho de 2018. Analisamos os dados usando a análise generalizada de modelos lineares mistos. Resultados: Não encontramos diferenças significativas no tempo de internação, nas reinternações não planejadas, nas úlceras por pressão adquiridas no hospital, no uso de infusão intravenosa desnecessária, na dor ou nas quedas de pacientes que pudessem ser atribuídas ao uso da passagem de casos à beira do leito, nem ao longo do tempo nem na comparação dos grupos de intervenção e controle. Conclusão: Não encontramos efeitos a longo prazo na segurança do paciente decorrentes da passagem de casos à beira do leito. Esta falta de significância possivelmente indica que: (a) é preciso ter cautela ao generalizar os resultados de estudos anteriores de menor escala e (b) a passagem de casos à beira do leito não cria situações perigosas para os pacientes. Impacto: Os enfermeiros tradicionalmente realizam as transferências de um turno de trabalho a outro sem a presença do paciente. Entretanto, a maior atenção dada à redução da ocorrência de eventos adversos e a demanda por abordagens mais participativas e centradas no paciente sugerem que a passagem de casos à beira do leito poderia ser uma intervenção lógica. Este estudo não confirmou os resultados positivos encontrados na literatura internacional sobre o impacto da passagem de casos à beira do leito sobre a segurança do paciente. Portanto, a passagem de casos à beira do leito deve ser considerada como uma alternativa igualmente segura e mais centrada no paciente quando comparada aos modelos tradicionais de passagem de casos. 
Registro do estudo: ClinicalTrials.gov (NCT02714582).
 

Resumo Original:

Aim: To investigate the effects of bedside handover, as contrasted with traditional handovers, on length of hospital stay, unplanned readmission, hospital-acquired pressure ulcers (HAPUs), patient falls, unscheduled intravenous reinfusion and pain. Design: A multicentre matched-controlled longitudinal design. Method: Bedside handover was implemented at five intervention wards in a convenience sample of four hospitals (three surgical/medical wards and two wards for medical rehabilitation). Four control wards continued to use their traditional handover (two surgical-medical wards, one medical rehabilitation ward and one mixed surgical-medical rehabilitation ward; one for each hospital). Patient records, including reports on individual patients in the electronic incident reporting systems, were consulted (N intervention = 509; N control = 265). The study was carried out between May 2016–February 2018 and data were collected between March 2018–June 2018. The data were analysed using generalized linear mixed-model analysis. Results: No significant differences in length of stay, unplanned readmission, HAPUs, unnecessary intravenous drips, pain or patients falls could be attributed to the use of bedside handovers, whether over time or between the intervention and the control groups. Conclusion: No long-term effects were found on patient safety arising from bedside handover. This lack of significance possibly indicates that: (a) caution is needed when generalizing the results of previous smaller-scale studies; and that (b) bedside handovers do not create hazardous situations for patients. Impact: Nurses traditionally perform change-of-shift handovers without the patient. However, the growth in attention paid to reducing adverse events and the demand for more participative and patient-centred approaches in health care both suggest that bedside handovers might be a logical intervention. This study could not confirm the positive results found in the international literature on the impact of bedside handovers on patient safety. Bedside handover should thus be considered as an equally safe, more patient-centred alternative to traditional handover models. Trial registration: ClinicalTrials.gov (NCT02714582).
 

Fonte:
Journal of Advanced Nursing ; 2020. DOI: 10.1111/jan.14406.