Influências no engajamento dos enfermeiros em comportamentos de gestão de antimicrobianos: uma pesquisa multinacional usando o Referencial de Domínios Teóricos

Chater AM ; Família H ; LM Abraão ; E Burnett ; E Castro-Sánchez ; B Du Toit ; R Gallagher
Título original:
Influences on nurses' engagement in antimicrobial stewardship behaviours: A multi-country survey using the Theoretical Domains Framework
Resumo:

CONTEXTO: A resistência antimicrobiana (RAM) é afetada de forma significativa pelo uso inadequado de antibióticos e é uma das maiores ameaças à saúde humana. A gestão de antimicrobianos (antimicrobial stewardship - AMS) é um programa de ações que promove o uso responsável de antimicrobianos e é essencial para limitar a RAM. Os enfermeiros têm um papel importante a desempenhar neste contexto. OBJETIVO: Este estudo investigou os determinantes dos comportamentos de AMS da enfermagem e o impacto de treinamentos anteriores. MÉTODO: Empregou-se um desenho transversal de inquérito multinacional com métodos mistos. Os participantes eram 262 enfermeiros (223 do sexo feminino; idade média = 44,45; DP = 10,77 anos) de dez nacionalidades, com links individuais de inquérito enviados através de redes profissionais em 5 países, paralelamente ao Twitter. Nove condutas de AMS e 14 determinantes comportamentais foram avaliados quantitativamente usando o Referencial de Domínios Teóricos (TDF) e mapeados para o modelo COM-B (Capability, Opportunity, Motivation - Behaviour / Capacidade, Oportunidade, Motivação - Comportamento). A análise identificou diferenças entre enfermeiros com e sem treinamento em AMS. A influência da COVID-19 no comportamento da AMS foi investigada qualitativamente usando dados de texto livre. ACHADOS: Os enfermeiros realizaram todos os nove comportamentos de AMS, que foram significativamente maiores (t(238) = -4,14, p <0,001), para aqueles que tiveram treinamento (M = 53,15; DP = 7,40) em comparação com aqueles que não tiveram (M = 48,30; DP = 10,75). Aqueles com treinamento em AMS obtiveram pontuação significativamente maior em todos os domínios do TDF. O TDF foi capaz de explicar 27% da variância no comportamento, com 'Habilidades' e 'Regulação Comportamental' (por exemplo, capacidade de auto-monitoramento e planejamento) sendo os mais preditivos das ações de AMS. Ambos os domínios estão situados no conceito Capacitação do COM-B, que pode ser potencializado com as estratégias de intervenção de educação e treinamento. Um aumento nos comportamentos de AMS foi relatado desde a COVID-19, independentemente de treinamento anterior. Seis temas centrais foram ligados a AMS: 1) Prevenção e controle de infecções, 2) Antimicrobianos e resistência antimicrobiana, 3) O diagnóstico de infecção e o uso de antibióticos, 4) Prática de prescrição de antimicrobianos, 5) Cuidados centrados na pessoa e 6) Prática colaborativa interprofissional. CONCLUSÃO: Esta pesquisa identificou o benefício significativo do treinamento dos enfermeiros sobre o comportamento de AMS e seus determinantes. Aqueles que tiveram treinamento pontuaram mais alto em todos os determinantes de comportamento do TDF, em comparação com aqueles que não tiveram, resultando em maior Capacidade, Oportunidade e Motivação para realizar os comportamentos de AMS. A educação e o treinamento em AMS devem ser oferecidos aos enfermeiros para melhorar esses fatores. Pesquisas futuras devem considerar o nível ideal de treinamento para otimizar o comportamento de AMS, com foco no desenvolvimento de habilidades e na regulação comportamental.

Resumo Original:

BACKGROUND: Antimicrobial resistance (AMR) is significantly affected by inappropriate antibiotic use, and is one of the greatest threats to human health. Antimicrobial stewardship (AMS) is a programme of actions promoting responsible antimicrobial use, and is essential for limiting AMR. Nurses have an important role to play in this context. AIM: This study investigated the determinants of nurse AMS behaviours and the impact of past training. METHOD: A cross-sectional multi-country survey design with mixed methods was employed. Participants were 262 nurses (223 female; mean age = 44.45; SD = 10.77 years) from ten nationalities, with individual survey links sent via professional networks in 5 countries, alongside Twitter. Nine AMS behaviours and 14 behavioural determinants were quantitatively assessed using the Theoretical Domains Framework (TDF), and mapped to the COM-B (Capability, Opportunity, Motivation - Behaviour) model. Analysis identified differences between nurses with and without AMS training. The influence of COVID-19 on AMS behaviour was qualitatively investigated using free text data. FINDINGS: Nurses performed all nine AMS behaviours, which were significantly higher (t(238) = -4.14, p < .001), by those who had training (M = 53.15; SD = 7.40) compared to those who had not (M = 48.30; SD = 10.75). Those with AMS training scored significantly higher in all of the TDF domains. The TDF was able to explain 27% of the variance in behaviour, with 'Skills' and 'Behavioural Regulation' (e.g. ability to self-monitor and plan), shown to be the most predictive of AMS actions. Both of these domains are situated in the Capability construct of COM-B, which can be enhanced with the intervention strategies of education and training. An increase in AMS behaviours was reported since COVID-19, regardless of previous training. Six core themes were linked to AMS: 1) Infection prevention and control, 2) Antimicrobials and antimicrobial resistance, 3) The diagnosis of infection and the use of antibiotics, 4) Antimicrobial prescribing practice, 5) Person-centred care, and 6) Interprofessional collaborative practice. CONCLUSION: This research, has identified the significant benefit of nurse training on AMS behaviour, and its determinants. Those who had training, scored higher in all TDF determinants of behaviour, compared to those who had had no training, resulting in higher Capability, Opportunity and Motivation to perform AMS behaviours. AMS education and training should be offered to nurses to enhance these factors. Future research should consider the optimal level of training to optimise AMS behaviour, with a focus on developing skills and behavioural regulation.

Fonte:
Journal of Hospital Infection ; 129: 171-180; 2022. DOI: 10.1016/j.jhin.2022.07.010.