Liderança cirúrgica em uma cultura de segurança: um estudo interprofissional de indicadores e ferramentas para melhorar a prática clínica
CONTEXTO: A liderança em um ambiente de cultura de segurança é essencial para evitar danos aos pacientes. No entanto, os processos de liderança em cirurgia não são rotineiramente ensinados ou avaliados. Este estudo procurou identificar um referencial, indicadores e ferramentas para melhorar a liderança cirúrgica e os resultados de segurança. MÉTODOS: Fizemos entrevistas qualitativas com especialistas em liderança de profissões nas quais a segurança é um elemento crítico. Utilizamos a amostragem não probabilística em grandes companhias aéreas internacionais. Os dados foram submetidos a uma análise temática e à adaptação clínica por vários cirurgiões-analistas, com base em um referencial. RESULTADOS: Ao todo, 583 códigos foram sintetizados em 10 temas. Os líderes foram identificados como “gestores de ameaças e erros” que colocam a segurança em primeiro lugar. Seu principal atributo foi a confiança humilde. Isso lhes permitiu estabelecer altos padrões de prática, ao mesmo tempo em que empoderam os membros da equipe para levantarem as suas preocupações de segurança. Os líderes orientados pela segurança foram capazes de assumir uma total responsabilidade e aplicaram sua autoridade com discernimento para obter resultados ideais. Por fim, os líderes eficazes mobilizaram apoio para sua missão, instigaram confiança, formaram parcerias e geriram os conflitos. CONCLUSÕES: A liderança cirúrgica requer a capacidade de gerenciar riscos, oportunidades e pessoas. Este estudo apresenta uma matriz de avaliação e ferramentas práticas para melhorar a segurança cirúrgica.
BACKGROUND: Leadership in a safety culture environment is essential in avoiding patient harm. However, leadership in surgery is not routinely taught or assessed. This study aims to identify a framework, metrics and tools to improve surgical leadership and safety outcomes. METHODS: Qualitative interviews were performed with leadership experts from safety-critical professions. Non-probability-based sampling was undertaken in major international airlines. Data underwent thematic analysis and clinical adaptation by multiple surgeon-analysts using the framework method. RESULTS: 583 codes were synthesised into 10 themes. Leaders were identified as 'threat and error managers' who placed safety first. Their core attribute was humble confidence. This allowed them to set the tone for high standards of practice, whilst empowering individuals to speak up about safety issues. Safety-oriented leaders assumed complete responsibility and applied their authority discerningly to obtain optimal outcomes. Finally, effective leaders rallied support for their mission by instilling confidence, building collaborations and managing conflict. CONCLUSIONS: Surgical leadership requires the ability to manage risk, opportunity and people. The study provides an assessment matrix and deliverable tools for improving surgical safety.