Medidas de equilíbrio ou uma contabilização equilibrada do impacto de intervenções de melhoria: uma análise qualitativa de entrevistas individuais e em grupos focais com especialistas em melhoria na Escócia

Toma, M. ; Dreischulte, T. ; Gray, N. M. ; Campbell, D. ; Guthrie, B.
Título original:
Balancing measures or a balanced accounting of improvement impact: a qualitative analysis of individual and focus group interviews with improvement experts in Scotland
Resumo:

CONTEXTO: À medida que os programas de melhoria de qualidade (MQ) adquirem maiores dimensões, os riscos de consequências inesperadas após a implementação são cada vez mais reconhecidos. Já foi proposto o uso mais rotineiro de medidas de equilíbrio para monitorar as consequências inesperadas, a fim de avaliar a efetividade geral dos programas; porém, na prática, as intervenções de melhoria publicadas raramente descrevem a identificação ou a medição de consequências que não estejam entre os objetivos pretendidos das intervenções de melhoria. MÉTODOS: Realizamos 15 entrevistas semiestruturadas e dois grupos focais com 24 especialistas em melhoria para explorar o seu entendimento atual das medidas de equilíbrio na MQ e procurar contabilizar de forma mais equilibrada o impacto global das intervenções de melhoria. Os dados foram analisados de forma iterativa utilizando a abordagem conhecida como Framework Approach. RESULTADOS: Os participantes descreveram as consequências das intervenções de melhoria em termos de resultados desejáveis/indesejáveis e até que ponto eram esperados/inesperados no planejamento das melhorias. Foram definidos quatro tipos de consequências: consequências desejáveis esperadas (objetivos), consequências indesejáveis esperadas (contrapartidas), consequências indesejáveis inesperadas (surpresas desagradáveis) e consequências inesperadas desejáveis (surpresas agradáveis). As consequências inesperadas foram consideradas importantes, mas raramente são medidas nos programas existentes, e a realização de “pausas de melhoria” para fazer um balanço da situação após a implementação permitiria a sua identificação e gestão de forma mais ativa. Uma contabilização equilibrada de todas as consequências das intervenções de melhoria pode facilitar o engajamento dos profissionais e reduzir a resistência às mudanças, mas deve ser compensada em função do custo com a coleta de dados adicionais. CONCLUSÃO: A medição da melhoria geralmente se concentra em medir os objetivos pretendidos, sendo raramente utilizadas medidas de equilíbrio que, quando utilizadas, medem as contrapartidas esperadas antes da implementação. Este artigo propõe que os líderes e responsáveis pela implementação de intervenções de melhoria procurem contabilizar de forma equilibrada todas as consequências das intervenções ao longo do ciclo de vida de um programa, o que deve incluir a realização de uma pausa deliberada após a implementação para identificar e avaliar, de forma quantitativa ou qualitativa, quaisquer surpresas agradáveis ou desagradáveis.

Resumo Original:

BACKGROUND: As quality improvement (QI) programmes have become progressively larger scale, the risks of implementation having unintended consequences are increasingly recognised. More routine use of balancing measures to monitor unintended consequences has been proposed to evaluate overall effectiveness, but in practice published improvement interventions hardly ever report identification or measurement of consequences other than intended goals of improvement. METHODS: We conducted 15 semistructured interviews and two focus groups with 24 improvement experts to explore the current understanding of balancing measures in QI and inform a more balanced accounting of the overall impact of improvement interventions. Data were analysed iteratively using the framework approach. RESULTS: Participants described the consequences of improvement in terms of desirability/undesirability and the extent to which they were expected/unexpected when planning improvement. Four types of consequences were defined: expected desirable consequences (goals); expected undesirable consequences (trade-offs); unexpected undesirable consequences (unpleasant surprises); and unexpected desirable consequences (pleasant surprises). Unexpected consequences were considered important but rarely measured in existing programmes, and an improvement pause to take stock after implementation would allow these to be more actively identified and managed. A balanced accounting of all consequences of improvement interventions can facilitate staff engagement and reduce resistance to change, but has to be offset against the cost of additional data collection. CONCLUSION: Improvement measurement is usually focused on measuring intended goals, with minimal use of balancing measures which when used, typically monitor trade-offs expected before implementation. This paper proposes that improvers and leaders should seek a balanced accounting of all consequences of improvement across the life of an improvement programme, including deliberately pausing after implementation to identify and quantitatively or qualitatively evaluate any pleasant or unpleasant surprises.

Fonte:
BMJ Quality & Safety ; 27(7): 547-556; 2017. DOI: 10.1136/bmjqs-2017-006554.