Mortes inesperadas até 72 horas após a internação pelo pronto-socorro: evitáveis ou não?

GOULET, H. ; GUERAND, V. ; BLOOM, B. ; MARTEL, P. ; AEGERTER, P. ; CASALINO, E. ; RIOU, B.
Título original:
Unexpected death within 72 hours of emergency department visit: were those deaths preventable?
Resumo:

Introdução: Procuramos determinar a taxa de mortes evitáveis em pacientes que morreram rápida e inesperadamente após a internação hospitalar via pronto-socorro (PS).

Métodos: Realizamos um estudo multicêntrico retrospectivo em quatro unidades da região metropolitana de Paris. Os critérios de inclusão foram: pacientes clínicos que morreram no hospital até 72 horas após serem atendidos no PS e que não foram internados numa unidade de terapia intensiva (morte inesperada). Os critérios de exclusão foram as limitações ao cuidado determinadas pelos médicos responsáveis. A decisão sobre a existência de limitações ao cuidado foi tomada por dois revisores independentes dos prontuários dos pacientes. Morte evitável foi definida como morte ocorrida como resultado de um erro no cuidado de saúde. Examinamos o prontuário de cada paciente selecionado que sofreu uma morte inesperada em busca de erros no cuidado de saúde. A evitabilidade da morte foi classificada numa escala de 1 a 5 (de muito improvável a muito provável). O desfecho primário foi a morte evitável provável, classificada como 4 ou 5 na escala de evitabilidade. 

Resultados: Examinamos 555 prontuários e analisamos 47 mortes inesperadas. Destas, 24 (51%) foram consideradas evitáveis. O número mediano de erros no cuidado de saúde foi igual a dois. As falhas de processo mais comuns foram: escolher o tratamento incorreto (47% dos pacientes) e deixar de solicitar exames diagnósticos adequados (38% dos pacientes). O erro mais comum foi o grande atraso ou a ausência de tratamento recomendado para sepse grave, que ocorreu em 10 (42%) pacientes. 

Conclusões: Na nossa amostra, mais de 50% das mortes inesperadas estiveram relacionadas a erros no cuidado de saúde e poderiam ter sido evitadas. 

Resumo Original:

Introduction: We aimed to determine the rate of preventable death in patients who died early and unexpectedly following hospital admission from the emergency department (ED).

Methods: We conducted a retrospective multicenter study in four centers from the Paris metropolitan area. Inclusion criteria were medical patients who died in hospital within 72 hours of ED attendance and were not admitted to the intensive care unit (unexpected death). Exclusion criteria were limitations of care determined by treating physicians. The existence of a limitation of care decision was adjudicated by two independent chart abstractors. Preventable death was defined as death occurring as a result of medical error. For each selected patient with unexpected death, charts were examined for medical errors and rated on a 1 to 5 preventability scale (from very unlikely to very likely) for the preventability of the death. The primary endpoint was the likely preventable death, rated as 4 or 5 on the preventability scale.

Results: We retrieved 555 charts; 47 unexpected deaths were analysed; 24 (51%) were considered as preventable. There was a median number of medical errors of two. The most common process breakdowns were incorrect choice of treatment (47% of patients) and failure to order appropriate diagnostic tests (38% of patients). The most common medical error was a severe delay or absence of recommended treatment for severe sepsis, which occurred in 10 (42%) patients.

Conclusions: In our sample, more than half of unexpected deaths are related to a medical error, and could have been prevented.

Fonte:
Critical Care : the Official Journal of the Critical Care Forum ; 19(154): 2-7; 2015. DOI: 10.1186/s13054-015-0877-x.
DECS:
auditoria clínica, serviço hospitalar de emergência, mortalidade hospitalar, qualidade da assistência à saúde, erros médicos, admissão do paciente, sepse, tempo para o tratamento