Nível de danos na atenção primária

Título original:
Levels of harm in primary care
Resumo:

A pesquisa sobre o nível de danos na atenção primária é limitada, mas sugere uma taxa de eventos adversos em torno de 1-2%. Acredita-se que a taxa de erros de prescrição seja de aproximadamente 11%.

Trata-se de um nível de danos mais baixo do que o notificado no cuidado hospitalar. Entretanto, o número de pessoas que utilizam a atenção primária é muito maior, por isso o número absoluto de pessoas que sofrem danos pode ser tão grande quanto na atenção secundária, ou maior.

Cerca de 90% de todas as consultas de saúde ocorrem na atenção primária; assim, se ocorrerem erros em 1% dessas consultas, as implicações poderiam ser consideráveis. Entretanto, a literatura também sugere que a maior parte dos erros não afeta diretamente os pacientes nem causa danos.

É difícil citar números com qualquer grau de certeza, tendo em vista a grande variação nos resultados da pesquisa. Uma das razões para a variação nas estimativas talvez esteja ligada ao fato de que os conceitos de erro e dano podem ser definidos de muitas maneiras, desde os mais graves danos físicos ou a morte até danos psicológicos e níveis mais baixos de estresse ou incômodo, passando ainda por questões ligadas a processos que não afetam diretamente os pacientes. Uma recente revisão sistemática das definições de eventos adversos usadas na atenção primária incluiu 51 artigos, oito relatórios e dois livros. Os autores identificaram oito definições diferentes de erro no cuidado de saúde usadas habitualmente. Outra revisão encontrou 25 definições diferentes de erro no cuidado de saúde.

Também é importante observar que os diagnósticos não encontrados ou encontrados com atraso e os erros de omissão podem ser difíceis de detectar, e poucos estudos enfocam essas áreas. A forma mais comum de medir os danos na atenção primária se dá através da autonotificação pelos profissionais da linha de frente, o que implica diversos vieses em potencial. A revisão de prontuários usando ferramentas de rastreamento ou abordagens automatizadas é menos comum, assim como os estudos que interrogam os pacientes sobre suas experiências. Os métodos de medição adotados provavelmente influenciarão os resultados encontrados.

Embora não exista um consenso sobre o nível exato de danos na atenção primária, há um maior acordo sobre suas origens. A maior parte das pesquisas enfoca as questões sistêmicas, a complexidade clínica e de medicamentos e os fatores humanos. Acredita-se que a má comunicação dentro da atenção primária, e em sua interface com a atenção secundária, seja um importante fator contribuinte. Tendo em vista a quantidade de danos em potencial e a carência de pesquisa nessa área, talvez seja surpreendente que um maior número de estudos não esteja sendo realizado. Embora um pequeno número de estudos experimentais e observacionais esteja sendo conduzido na atualidade, a identificação de danos na atenção primária parece ser menos prioritária quando comparada aos grandes programas nacionais e internacionais de pesquisa sobre o cuidado hospitalar. Organizações pioneiras afirmam que a redução de danos na atenção primária é uma prioridade fundamental; contudo, poucos programas de grande escala estão sendo implementados para abordar essa prioridade.

Resumo Original:

Research about levels of harm in primary care is limited, but suggests an adverse event rate of around 1-2%. The prescribing error rate is thought to be about 11%.

This is a lower level of harm compared with that reported in hospital care. However, the number of people seen in primary care is much greater, so the absolute number of people harmed may be just as large or greater than in secondary care.

Around 90% of all healthcare appointments relate to primary care, so if 1% of these consultations encounters an error, that could have significant implications. However, the literature also suggests that most errors will not directly affect patients or cause harm.

It is difficult to state figures with any certainty given the wide variation in research findings. One of the reasons for varying estimates may be because the concepts of error and harm can be defined in many different ways, from the most severe physical harm or death through to psychological harm and lower-level stress and annoyance, or process issues that do not affect patients directly. A recent systematic review of definitions of adverse events used in primary care included 51 articles, eight reports and two books. The authors identified eight distinct commonly used definitions of medical error. Another review found 25 different definitions of medical error.

It is also important to note that missed or delayed diagnoses and errors of omission may be difficult to spot, and little research focuses on these areas. The most common way of measuring harm in primary care is self-report by clinicians, which has numerous potential biases. Record review using trigger tools or automated approaches is less common, as is asking patients about their experiences. The measurement methods used are likely to influence the varying results gained.

Although there is no consensus about the exact level of harm in primary care, there is more agreement about the sources of such harm. Most research focuses on systems issues, clinical and medication complexity, and human factors. It is thought that poor communication, within primary care and at the interface with secondary care, is a major contributor.

Given the potential quantity of harm and the lack of studies in this area, it is perhaps surprising that more research is not underway. Although a small number of trials and observational studies are currently being implemented, identifying harm in primary care seems to be less of a priority compared with hospital care for large-scale national and international research programmes. Seminal organisations state that reducing harm in primary care is a key priority, but there are few large-scale programmes being implemented to address this priority.

Fonte:
The Health Foundation ; 1-32; 2011.
DECS:
atenção primária a saúde, dano ao paciente, redução de dano
Autor institucional: 
The Health Foundation Inspiring Improvement