O importante é a atitude? O impacto da carga de trabalho, do clima de segurança e das ferramentas de segurança sobre os erros no cuidado de saúde: um estudo em unidades de terapia intensiva

STEYRER, J. ; SCHIFFINGER, M. ; HUBER, C. ; VALENTIN, A. ; STRUNK, G.
Título original:
Attitude is everything?: The impact of workload, safety climate, and safety tools on medical errors: A study of intensive care units
Resumo:

Contexto: Os hospitais enfrentam pressões crescentes em relação à eficiência e à redução de custos, ao mesmo tempo em que precisam garantir a segurança do paciente. Isso justifica uma análise mais cuidadosa do equilíbrio, postulado na literatura, entre produção e proteção num ambiente hospitalar de alto risco (a terapia intensiva).

Objetivos: Com base na literatura existente e nos conceitos de gerenciamento da segurança e da cultura de segurança/organizacional, este estudo investiga em que medida as pressões relacionadas à produção (isto é, a uma maior carga de trabalho e a uma maior utilização da capacidade instalada) e à cultura de segurança (que consiste no clima de segurança entre os profissionais e nas ferramentas de segurança implementadas pelos gerentes) influenciam a ocorrência de erros no cuidado de saúde e se/como o clima de segurança e as ferramentas de segurança interagem.

Metodologia/Abordagem: Realizou-se um estudo transversal, prospectivo e observacional de 48 horas em 57 unidades de terapia intensiva. A variável dependente foi a incidência de erros que afetaram os 378 pacientes tratados durante todo o período de observação. A utilização da capacidade e a carga de trabalho foram medidas por indicadores como a ocupação das unidades, as razões enfermeiros/pacientes e médicos/pacientes, os níveis de cuidado e o escore NEMS. As ferramentas de segurança consideradas incluíram os Critical Incidence Reporting Systems (Sistemas de Notificação de Incidentes Críticos), as auditorias, o treinamento, a declaração de missão da organização, os POPs/listas de verificação e o uso de códigos de barras. O clima de segurança foi avaliado por meio de um questionário quadridimensional validado psicometricamente. Utilizamos a regressão linear para identificar os efeitos das variáveis preditoras sobre a taxa de erros e os efeitos de interação entre as ferramentas de segurança e o clima de segurança.

Resultados: A maior carga de trabalho teve um efeito prejudicial sobre a segurança, enquanto o clima de segurança - ao contrário das ferramentas de segurança examinadas - teve um efeito oposto de dimensão praticamente igual. Em sua maior parte, as correlações entre as ferramentas de segurança e o clima de segurança, assim como seus efeitos de interação sobre a taxa de erros, não foram significativas.

Implicações práticas: A maior carga de trabalho e a maior utilização da capacidade instalada aumentam a ocorrência de erros no cuidado de saúde, um efeito que pode ser contrabalançado por um clima de segurança positivo, mas não por procedimentos e políticas de segurança implementados formalmente.

Resumo Original:

Background: Hospitals face an increasing pressure toward efficiency and cost reduction while ensuring patient safety. This warrants a closer examination of the trade-off between production and protection posited in the literature for a high-risk hospital setting (intensive care). Purposes: On the basis of extant literature and concepts on both safety management and organizational/safety culture, this study investigates to which extent production pressure (i.e., increased staff workload and capacity utilization) and safety culture (consisting of safety climate among staff and safety tools implemented by management) influence the occurrence of medical errors and if/how safety climate and safety tools interact.

Methodology/Approach: A prospective, observational, 48-hour cross-sectional study was conducted in 57 intensive care units. The dependent variable is the incidence of errors affecting those 378 patients treated throughout the entire observation period. Capacity utilization and workload were measured by indicators such as unit occupancy, nurse-to-patient/physician-to-patient ratios, levels of care, or NEMS scores. The safety tools considered include Critical Incidence Reporting Systems, audits, training, mission statements, SOPs/checklists, and the use of barcodes. Safety climate was assessed using a psychometrically validated four-dimensional questionnaire. Linear regression was employed to identify the effects of the predictor variables on error rate as well as interaction effects between safety tools and safety climate.

Findings: Higher workload has a detrimental effect on safety, whereas safety climate-unlike the examined safety tools-has a virtually equal opposite effect. Correlations between safety tools and safety climate as well as their interaction effects on error rate are mostly non significant.Findings: Higher workload has a detrimental effect on safety, whereas safety climate—unlike the examined safety tools—has a virtually equal opposite effect. Correlations between safety tools and safety climate as well as their interaction effects on error rate are mostly nonsignificant.

Practice Implications: Increased workload and capacity utilization increase the occurrence of medical error, an effect that can be offset by a positive safety climate but not by formally implemented safety procedures and policies.

Fonte:
Health Care Management Review ; 38(4): 306-16; 2013. DOI: 10.1097/HMR.0b013e318272935a.
DECS:
Carga de trabalho, dano ao paciente, unidades de terapia intensiva, segurança do paciente, redução de custos