O que a “cultura justa” não entende sobre a punição justa

Reis-Dennis, S.
Título original:
What 'Just Culture' doesn't understand about just punishment
Resumo:

Nos últimos anos, a ideia da “cultura justa” tem se tornado um ideal no movimento de segurança do paciente, tendo sido adotada por muitos hospitais e organizações profissionais para dar resposta a incidentes que vão desde erros humanos a más condutas intencionais. Este artigo argumenta que o modelo da Cultura Justa apresenta problemas profundos que resultam de uma compreensão limitada do valor das práticas punitivas, fundamentalmente centradas em eventos passados, utilizadas para responsabilizar as pessoas pelas suas ações. Demonstro aqui que o tipo de “responsabilização” e “punição” defendido pela Cultura Justa contemporânea desrespeita tanto os pacientes como os profissionais da saúde. Afirmo, em primeiro lugar, que a punição é boa porque respeita os participantes do sistema de saúde ao restabelecer o equilíbrio do status social e moral perturbado pelo delito e, em segundo, que isso só ocorre quando a punição comunica uma mensagem retrospectiva de culpa e arrependimento.

Resumo Original:

Recent years have seen the rise of 'Just Culture' as an ideal in the patient safety movement, with numerous hospitals and professional organisations adopting a Just Culture response to incidents ranging from non-culpable human error to intentional misconduct. This paper argues that there is a deep problem with the Just Culture model, resulting from its impoverished understanding of the value of punitive, fundamentally backward-looking, practices of holding people accountable. I show that the kind of 'accountability' and 'punishment' contemporary Just Culture advocates endorse disrespects both patients and providers. I claim, first, that punishment is good because it respects participants in the healthcare system by restoring an equilibrium of social and moral status that wrongdoing disturbs, and, second, that it only does so when it communicates a backward-looking message of resentful blame.

Fonte:
Journal of Medical Ethics ; 739-742; 2018. DOI: 10.1136/medethics-2018-104911.