O que os Casos de Segurança podem oferecer à segurança do paciente? Um estudo multicêntrico

Elisa Giulia Liberati ; Graham P Martin ; Guillaume Lamé ; Justin Waring ; Carolyn Tarrant ; Janet Willars ; Mary Dixon-Woods
Título original:
What can Safety Cases offer for patient safety? A multisite case study
Resumo:

Contexto: O método dos Casos de Segurança é uma técnica regulatória que requer que as organizações demonstrem às agências reguladoras que identificaram sistematicamente os perigos em seus sistemas e reduziram os riscos, mantendo-os no nível mais baixo possível, dentro do que é viável. É usado em vários setores de alto risco, mas de forma muito limitada no setor da saúde. Examinamos a primeira tentativa documentada de aplicar a metodologia dos Casos de Segurança aos itinerários clínicos. Métodos: Obtivemos dados a partir de uma avaliação de métodos mistos do programa Safer Clinical Systems. O desenvolvimento de um Caso de Segurança para um itinerário clínico definido foi o ponto central do programa. Baseamos a nossa análise em 143 entrevistas que cobriram todos os aspectos do programa, bem como na análise de 13 Casos de Segurança produzidos por equipes clínicas. Resultados: Os princípios por trás de uma abordagem proativa e sistemática para identificar e controlar os riscos e sintetizá-los em um único documento foram amplamente bem recebidos pelos participantes, mas não foram fáceis de aplicar. A compilação dos Casos de Segurança ajudou as equipes a identificar os perigos existentes nos itinerários clínicos, alguns dos quais haviam sido previamente negligenciados. No entanto, o trabalho de compilação dos Casos de Segurança exigiu habilidades e recursos que eram escassos nas organizações. Nem todos os problemas identificados por métodos proativos podiam ser remediados pelos esforços dos profissionais da linha de frente do cuidado. Alguns perigos persistentes, oriundos de vulnerabilidades institucionais e organizacionais, pareciam também estar fora do controle até mesmo dos conselhos administrativos das organizações. Um dilema particular para os altos diretores das organizações estava ligado à decisão de priorizar a resolução dos riscos identificados proativamente nos Casos de Segurança ou outras questões prementes, incluindo aquelas que já haviam resultado em danos. Conclusões: A abordagem dos Casos de Segurança foi reconhecida pelos participantes do programa Safer Clinical Systems como uma metodologia potencialmente valiosa. No entanto, também está repleta de desafios, que destacam as limitações existentes nas iniciativas para transferir as práticas da gestão de segurança de outras indústrias para o setor da saúde. 
 

Resumo Original:

Background: The Safety Case is a regulatory technique that requires organisations to demonstrate to regulators that they have systematically identified hazards in their systems and reduced risks to being as low as reasonably practicable. It is used in several high-risk sectors, but only in a very limited way in healthcare. We examined the first documented attempt to apply the Safety Case methodology to clinical pathways. Methods: Data are drawn from a mixed-methods evaluation of the Safer Clinical Systems programme. The development of a Safety Case for a defined clinical pathway was a centrepiece of the programme. We base our analysis on 143 interviews covering all aspects of the programme and on analysis of 13 Safety Cases produced by clinical teams. Results: The principles behind a proactive, systematic approach to identifying and controlling risk that could be curated in a single document were broadly welcomed by participants, but was not straightforward to deliver. Compiling Safety Cases helped teams to identify safety hazards in clinical pathways, some of which had been previously occluded. However, the work of compiling Safety Cases was demanding of scarce skill and resource. Not all problems identified through proactive methods were tractable to the efforts of front-line staff. Some persistent hazards, originating from institutional and organisational vulnerabilities, appeared also to be out of the scope of control of even the board level of organisations. A particular dilemma for organisational senior leadership was whether to prioritise fixing the risks proactively identified in Safety Cases over other pressing issues, including those that had already resulted in harm. Conclusions: The Safety Case approach was recognised by those involved in the Safer Clinical Systems programme as having potential value. However, it is also fraught with challenge, highlighting the limitations of efforts to transfer safety management practices to healthcare from other sectors. 
 

Fonte:
BMJ Quality & Safety ; 016042; 2024. DOI: 10.1136/bmjqs-2023-016042..