O surto de COVID-19 e mudanças nos comportamentos dos profissionais da saúde em relação às práticas de higienização das mãos
Resumo
Contexto: A pandemia da doença do coronavírus de 2019 (COVID-19) afetou os profissionais da saúde em sua prática clínica. Os profissionais tiveram que lidar com novas diretrizes e práticas para se protegerem dos riscos ocupacionais.
Objetivo: Utilizar a medição em tempo real para determinar se o comportamento de higienização das mãos teve relação com a dinâmica da epidemia e o tipo de paciente a ser tratado na França.
Métodos: Este estudo utilizou um sistema automatizado de registro da higienização das mãos para medir as práticas de higienização pelos profissionais de saúde ao entrarem e saírem dos quartos de pacientes ao longo da pandemia de COVID-19. Analisamos a correlação entre a adesão à higienização das mãos e dados epidemiológicos sobre a COVID-19. Realizamos uma análise de variância para comparar as taxas de adesão durante diferentes períodos da epidemia.
Resultados: As taxas de higienização das mãos por profissionais de saúde ao entrarem no quarto diminuíram com o tempo; ao saírem do quarto, aumentaram 13,73% durante a primeira onda de COVID-19, diminuíram 9,87% durante o período pós-confinamento e depois aumentaram 2,82% durante a segunda onda da epidemia. A higienização das mãos durante o cuidado prestado aos pacientes e ao sair no quarto teve uma relação positiva com a epidemia local de COVID-19; por outro lado, a higienização das mãos ao entrar no quarto não dependeu das tendências da epidemia nem teve relação com o fato de os pacientes terem ou não COVID-19 e diminuiu com o tempo.
Conclusão: Os profissionais de saúde modificaram os seus comportamentos para lidar com a propensão ao risco durante a pandemia. Entretanto, para melhorar a baixa adesão à higienização ao saírem do quarto, pode ser necessário reduzir a confusão entre as recomendações sobre a higienização das mãos e as recomendações sobre o uso de luvas; a desinfecção das mãos ao calçar as luvas pode resolver este problema.
Background: The coronavirus disease (COVID-19) pandemic has affected healthcare workers (HCWs) in their clinical practice. HCWs were challenged with new guidelines and practices to protect themselves from occupational risks.
Aim: To determine whether hand hygiene behaviour by real-time measurement was related to the dynamic of the epidemic, and the type of patient being cared for in France.
Methods: This study used an automated hand hygiene recording system to measure HCW hand hygiene on entry to and exit from patient rooms throughout the COVID-19 pandemic. The correlation between hand hygiene compliance and COVID-19 epidemiological data was analysed. Analysis of variance was performed to compare compliance rate during the different periods of the epidemic.
Findings: HCW hand hygiene rate on room entry decreased over time; on room exit, it increased by 13.73% during the first wave of COVID-19, decreased by 9.87% during the post-lockdown period, then rebounded by 2.82% during the second wave of the epidemic. Hand hygiene during patient care and hand hygiene on room exit had a positive relationship with the local COVID-19 epidemic; conversely, hand hygiene on room entry did not depend on the trend of the epidemic, nor on nursing of COVID-19 patients, and it decreased over time.
Conclusion: HCWs modified their behaviours to face the risk propensity of the pandemic. However, to improve the poor compliance at room entry, reducing confusion between the hand hygiene recommendation and glove recommendation may be necessary; disinfection of gloving hands might solve this issue.