Ondas de calor e a resiliência dos hospitais e do sistema de saúde na Inglaterra: uma avaliação qualitativa das perspectivas de profissionais da linha de frente sobre o verão quente de 2019

OBJETIVO: Avaliar criticamente os impactos do clima muito quente (i) em profissionais da linha de frente do cuidado em hospitais da Inglaterra e (ii) na prestação de serviços de saúde e na segurança do paciente. DESENHO DE ESTUDO: Realizamos um estudo qualitativo usando entrevistas semiestruturadas com participantes-chave, um questionário pré-entrevista e uma análise temática. AMBIENTE: Inglaterra. PARTICIPANTES: Um total de 14 profissionais da saúde do National Health Service (clínicos e não clínicos, incluindo gerentes de instalações de saúde e profissionais responsáveis pela preparação, resiliência e resposta a emergências). RESULTADOS: O clima quente de 2019 causou interrupções significativas nos serviços, instalações e equipamentos de saúde, desconforto para os profissionais e pacientes e um grande aumento nas internações hospitalares. Os níveis de conscientização sobre o Plano para Ondas de Calor da Inglaterra, os Alertas de Saúde relacionados ao Calor e orientações associadas variaram entre os profissionais clínicos e não clínicos. A resposta às ondas de calor foi afetada por prioridades e tensões concorrentes, incluindo o controle de infecções, o uso de ventiladores elétricos e a segurança do paciente. CONCLUSÕES: Os profissionais da saúde têm dificuldades em gerir os riscos associados ao calor em hospitais. Deve-se priorizar o desenvolvimento da força de trabalho e o planejamento estratégico de longo prazo, a prevenção e o investimento para permitir que os profissionais se preparem e respondam, bem como para melhorar a resiliência do sistema de saúde em relação aos riscos à saúde atuais e futuros causados pelo calor. São necessários mais estudos, com uma coorte maior e mais ampla, para desenvolver a base de evidências sobre os impactos, incluindo os custos desses impactos, e para avaliar a efetividade e a viabilidade das intervenções. A formação de um quadro nacional de resiliência do sistema de saúde às ondas de calor facilitará o planejamento nacional de adaptação para o setor da saúde e servirá como base para a prevenção estratégica e a resposta eficaz a emergências.
 

OBJECTIVE: To critically assess the impacts of very hot weather on (i) frontline staff in hospitals in England and (ii) on healthcare delivery and patient safety. STUDY DESIGN: A qualitative study design using key informant semi-structured interviews, preinterview survey and thematic analysis. SETTING: England. PARTICIPANTS: 14 health professionals in the National Health Service (clinicians and non-clinicians, including facilities managers and emergency preparedness, resilience and response professionals). RESULTS: Hot weather in 2019 caused significant disruption to health services, facilities and equipment, staff and patient discomfort, and an acute increase in hospital admissions. Levels of awareness varied between clinical and non-clinical staff of the Heatwave Plan for England, Heat-Health Alerts and associated guidance. Response to heatwaves was affected by competing priorities and tensions including infection control, electric fan usage and patient safety. CONCLUSIONS: Healthcare delivery staff experience difficulty in managing heat risks in hospitals. Priority should be given to workforce development and strategic, long-term planning, prevention and investment to enable staff to prepare and respond, as well as to improve health system resilience to current and future heat-health risks. Further research with a wider, larger cohort is required to develop the evidence base on the impacts, including the costs of those impacts, and to assess the effectiveness and feasibility of interventions. Forming a national picture of health system resilience to heatwaves will support national adaptation planning for health, in addition to informing strategic prevention and effective emergency response.