Passagem de casos da UTI para as enfermarias gerais: um estudo etnográfico centrado nas práticas de comunicação de enfermeiros
Objetivo: Explorar as práticas e percepções de enfermeiros em relação à participação em interações comunicativas na passagem de casos de pacientes com múltiplas morbidades da UTI para as enfermarias clínicas ou cirúrgicas gerais.
Contexto: Falhas na comunicação representam riscos para a segurança do paciente. Enfermeiros de UTIs e enfermarias gerais se comunicam por escrito e oralmente ao transferir pacientes de um ambiente para outro. Uma melhor compreensão da interação comunicativa entre os enfermeiros e de suas percepções sobre as suas interações é crucial para facilitar intervenções clínicas centradas em melhorar a segurança do paciente.
Desenho: Estudo exploratório de desenho qualitativo que utilizou a etnografia focalizada.
Métodos: Realizamos a observação participante de 22 passagens de casos clínicos da UTI para enfermarias gerais em novembro e dezembro de 2015, seguida de cinco entrevistas em grupos focais, três entrevistas com enfermeiros de enfermarias gerais e duas com enfermeiros da UTI em janeiro e fevereiro de 2016. As notas das observações e transcrições de entrevistas foram examinadas usando a análise de conteúdo.
Resultados: O tema “Interação comunicativa como um processo de compartilhamento e apropriação” e o subtema “Interação comunicativa influenciada pelas expectativas individuais dos enfermeiros em relação ao estado do paciente e ao processo de passagem de casos” emergiram das notas das observações. A partir das transcrições das entrevistas em grupos focais, foi identificado o tema “Equilíbrio e negociação ao transmitir, consumir e adaptar conhecimentos”.
Conclusão: A falta de objetivos comuns em relação às passagens de casos de uma unidade de monitoramento intensivo para enfermarias gerais gera dificuldades de comunicação e colaboração, a perda de informações e possíveis riscos para os pacientes. A atenção organizacional em relação à alta da UTI é fundamental para melhorar a colaboração, a comunicação e a segurança do paciente.
Aim: To explore nursing practice and perception of engaging in communicative interaction when handing over multi-morbid patients from the ICU to general medical or surgical wards.
Background: Communication failures impose risks to patient safety. ICU and general ward nurses communicate in writing and verbally when handing over patients from one setting to another. A deeper understanding of nurses' communicative interaction and of nurses' perception of their interaction is crucial to facilitate clinical interventions focusing to improve patient safety.
Design: An explorative, qualitative design using focused ethnography was applied to the study.
Methods: Participant observation of 22 clinical situations of handing over patients from the ICU to general wards was conducted in November and December 2015, followed by five focus group interviews, three interviews with general ward nurses and two with ICU nurses in January-February 2016. Observation notes and interview transcripts were analysed using content analysis.
Findings: The theme "Communicative interaction as a process of sharing and adopting ownership" and the subtheme "Communicative interaction influenced by nurses individual expectations towards patient status and the handing over process" emerged from observation notes. From transcribed focus group interviews, the theme "Balancing and negotiating when passing on, consuming and adapting knowledge" was identified.
Conclusion: A lack of shared goals regarding handing over patients from a high monitoring unit to general wards causes communicative and collaborative difficulties, loss of information and potential risks to patients. Organizational attention in relation to ICU discharge is crucial to improve collaboration, communication and patient safety.
Keywords: clinical handover; communication; documentation; intensive care unit; nursing; patient safety
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