Pesquisar os eventos adversos em óbitos hospitalares seria uma boa maneira de descrever a segurança do paciente nos hospitais? Um estudo retrospectivo de revisão de prontuários

BAINES, R. J. ; LANGELAAN, M ; BRUIJNE, M. C. de ; WAGNER, C.
Título original:
Is researching adverse events in hospital deaths a good way to describe patient safety in hospitals: a retrospective patient record review study
Resumo:

Objetivo: Os estudos sobre eventos adversos frequentemente usam a revisão de prontuários para avaliar a segurança do paciente. Por se tratar de um método que exige tempo, os hospitais costumam estudar os óbitos de pacientes internados. Neste artigo, vamos analisar se essa metodologia oferece uma visão representativa da ocorrência de eventos adversos em comparação aos pacientes que receberam alta.

Desenho: Estudo retrospectivo baseado na revisão dos prontuários dos pacientes.

Ambiente e participantes: Um total de 11.949 internações – 50% de óbitos de pacientes internados; a outra metade (50%) recebeu alta. Os dados foram oriundos de dois estudos nacionais de eventos adversos em 2004 e 2008.

Principais medidas e resultados: Eventos adversos em geral e eventos adversos evitáveis relacionados a óbitos de pacientes internados e ocorridos durante as internações de pacientes que receberam alta. Analisamos abrangência, evitabilidade, processo clínico e tipos de eventos adversos.

Resultados: Os pacientes que foram a óbito no hospital, em média, tinham mais idade e ficaram internados por mais tempo. Muitos foram internados com urgência e poucos foram admitidos numa unidade cirúrgica. Observaram-se duas vezes mais eventos adversos e eventos adversos evitáveis em óbitos de pacientes internados do que em pacientes que receberam alta. Coerentemente com as diferenças nas características dos pacientes, eventos adversos evitáveis nos óbitos foram proporcionalmente menores e, em geral, estiveram relacionados ao processo cirúrgico. A maioria dos tipos de eventos adversos e eventos adversos evitáveis ocorre tanto para pacientes internados que vão a óbito quanto para pacientes que recebem alta; entretanto, ocorrem mais frequentemente em pacientes que vão a óbito e são diferentemente distribuídos.

Conclusões: É mais eficiente fazer a revisão de prontuários de pacientes internados que vão a óbito para identificar os eventos adversos evitáveis do que fazer a revisão de prontuários de pacientes que receberam alta. Embora sejam encontrados muitos eventos adversos do mesmo tipo, essa postura não oferece uma visão que represente a quantidade ou os tipos de eventos adversos.

Resumo Original:

Objective: Adverse event studies often use patient record review as a way to assess patient safety. As this is a time-consuming method, hospitals often study inpatient deaths. In this article we will assess whether this offers a representative view of the occurrence of adverse events in comparison to patients who are discharged while still living.

Desing: Retrospective patient record review study.

Setting and participants: A total of 11,949 hospital admissions; 50% of inpatient deaths; the other half of patients discharged while alive. The data originated from our two national adverse event studies in 2004 and 2008.

Main outcome measures: Overall adverse events and preventable adverse events in inpatient deaths, and in admissions of patients discharged alive. We looked at size, preventability, clinical process and type of adverse events.

Results: Patients who died in hospital were on an average older, had a longer length of stay, were more often urgently admitted and were less often admitted to a surgical unit. We found twice as many adverse events and preventable adverse events in inpatient deaths than in patients discharged alive. Consistent with the differences in patient characteristics, preventable adverse events in inpatient deaths were proportionally less and were often related to the surgical process. Most types of adverse events and preventable adverse events occur in inpatient deaths as well as in patients discharged alive; however, these occur more often in inpatient deaths and are differently distributed.

Conclusions: Reviewing patient records of inpatient deaths is more efficient in identifying preventable AEs than reviewing records of those discharged alive. Although many of the same types of adverse events are found, it does not offer a representative view of the number or type of adverse events.

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Fonte:
BMJ Open ; 5(7): e007380; 2015. DOI: 10.1136/bmjopen-2014-007380.
DECS:
infecção hospitalar, efeitos colaterais e reações adversas relacionados a medicamentos, medicamentos, mortalidade hospitalar, hospitalização, tempo de internação, avaliação de processos e resultados, estudos retrospectivos, segurança do paciente