Prevalência do fenômeno da “segunda vítima” em enfermeiros de unidades de terapia intensiva e o apoio fornecido por suas organizações

Maria Kappes MSc ; Pilar Delgado-Hito PhD ; Verónica Riquelme Contreras MSc ; Marta Romero-García PhD
Título original:
Prevalence of the second victim phenomenon among intensive care unit nurses and the support provided by their organizations
Resumo:

CONTEXTO: Os profissionais da saúde podem se tornar as “segundas vítimas” de eventos adversos sofridos pelos pacientes. O fenômeno envolve uma série de sinais e sintomas físicos e psicológicos de gravidade variável, sendo mais prevalente entre enfermeiros e mulheres e em unidades de terapia intensiva (UTIs). Estudos anteriores descreveram estratégias pessoais e organizacionais para lidar com tais situações. OBJETIVO: O objetivo deste estudo foi determinar a prevalência do fenômeno da “segunda vítima”, com foco no sofrimento psicológico, entre enfermeiros chilenos de unidades de terapia intensiva para adultos e sua relação com o apoio fornecido por suas organizações. DESENHO: Realizamos um estudo descritivo, correlacional e transversal em sete unidades de terapia intensiva de hospitais chilenos. RESULTADOS: De uma amostra de 326 enfermeiros, 90,18% relataram ter se envolvido em um evento adverso e 67% relataram sofrimento psicológico resultante do evento. A vergonha foi o sintoma psicológico mais prevalente (69%). Apenas 2,8% afirmaram que sua organização contava com um plano de ação para os profissionais clínicos no caso da ocorrência de um evento adverso grave. Os participantes que trabalharam por mais tempo em uma UTI relataram mais apoio por parte de sua organização em relação aos eventos adversos. CONCLUSÃO: Dois terços dos enfermeiros chilenos de unidades de terapia intensiva para adultos relatam sofrimento psicológico após um evento adverso. Estes resultados devem ser avaliados em nível internacional, pois o fenômeno das segundas vítimas tem implicações significativas para o bem-estar dos profissionais da saúde e, portanto, para a retenção e a qualidade do cuidado. RELEVÂNCIA PARA A PRÁTICA CLÍNICA: Os líderes do cuidado em terapia intensiva devem promover ativamente um ambiente seguro que permita o aprendizado com eventos adversos, e os hospitais devem estabelecer uma cultura de qualidade que inclua programas de apoio para as segundas vítimas.
 

Resumo Original:

BACKGROUND: Health professionals can be 'second victims' of adverse patient events. Second victimhood involves a series of physical and psychological signs and symptoms of varying severity and is most prevalent among nurses and women and in intensive care units (ICUs). Previous research has described personal and organizational coping strategies. AIM: The objective of this research is to determine the prevalence of second victimhood, focusing on psychological distress, among Chilean adult intensive care nurses and its relationship with the support provided by their organizations. STUDY DESIGN: A descriptive, correlational and cross-sectional study was conducted in seven intensive care units of Chilean hospitals. RESULTS: Of a sample of 326 nurses, 90.18% reported having been involved in an adverse event and 67% reported psychological distress resulting from the adverse event. Embarrassment was the most prevalent psychological symptom (69%). Only 2.8% reported that their organization had an action plan for professionals in the event of a serious adverse event. Participants who had spent longer working in an ICU reported more support from their organization around adverse events. CONCLUSION: Two-thirds of Chilean adult intensive care unit nurses report psychological stress following an adverse event. These results should be assessed internationally because second victims have major implications for the well-being of health professionals and, therefore, for retention and the quality of care. RELEVANCE TO CLINICAL PRACTICE: Critical care leaders must actively promote a safe environment for learning from adverse events, and hospitals must establish a culture of quality that includes support programmes for second victims.
 

Fonte:
Nursing in Citical Care ; 2023. DOI: doi.org/10.1111/nicc.12967.